Agosto de 2017. Taylor Swift exclui todo o feed do seu Instagram para anunciar seu próximo álbum, reputation, com um vídeo de uma cobra. Em seguida, sai a arte do álbum. Essa é uma nova Taylor Swift. Ela mostra compostura e está sem expressão, com um fundo de recortes de jornais que levam seu nome repetidamente. Seis dias depois, ela lança o primeiro single, “Look What You Made Me Do”. A mensagem é clara: Swift quer que você saiba que ela não vai mais tolerar a forma como a mídia a trata. Ela não gosta do fato de ter perdido o controle de sua própria narrativa, de como o drama com Kanye cresceu e chegou ao auge depois de “Famous” em 2016, e ela está com raiva. Ainda estamos em 2017. Quase um ano depois das eleições e no meio de uma desconfiança sem precedentes da mídia, causadas pelas constantes reclamações do presidente Donald Trump. O momento não poderia ser pior; a opinião pública está ruim. Esse álbum de Taylor Swift parece estar se alinhando com a narrativa trumpiana e, portanto, reputation é percebido por alguns como uma declaração política. Na internet, ela é considerada mesquinha, exaustiva e fingida de vítima.

Portanto, reputation realmente não vendeu (é o segundo álbum menos vendido dela, se você quiser tornar isso capitalista). E, ainda assim, suas críticas estavam brilhando em todos os sentidos. Jon Caramanica, do New York Times, chamou-o de “bombástico, inesperado, sigilosamente potente”. Rob Sheffield, da Rolling Stone, chamou-o de “seu álbum mais íntimo” e a Variety de “talvez o melhor”. O álbum não é frágil ou fofo como o sucessor Lover, e é mais maduro do que o Speak Now. É mais ousado do que o 1989. É muito mais difícil do que o folklore. Red, Fearless e o debut são retratos jovens e mais suaves de uma Taylor do passado (a Variety chama de “Taylor da era insegura”). Hoje é o aniversário de três anos do reputation de Taylor Swift e é hora de revisitar, apreciar e aclamar pelo que ele é, seu maior álbum de todos os tempos, porque agora podemos ouvi-lo divorciado de seu contexto de 2017, com a perspectiva da mulher que sabemos que Taylor Swift é agora.

Quando reputation foi lançado, em 2017, Taylor Swift tinha, até então, permanecido grande parte do tempo apolítica, até durante o (talvez)  período mais politizado da história americana moderna. Durante a eleição de 2016 e depois, ela manteve sua opinião política apenas para ela mesma, não apoiando nenhum candidato, possivelmente para não alienar nenhum de seus fãs. Mas seu silêncio foi realmente muito alto. Algumas pessoas da mídia viram isso como complacência e uma falha ao não usar sua plataforma para denunciar o mal da retórica de Trump (o The Guardian chamou Swift de “um enviado musical para os valores do presidente” em 2017). Pior ainda, seu silêncio foi interpretado por alguns nas redes sociais como um apoio para ele, ao ponto em que os supremacistas brancos de extrema direita a coroaram como sua deusa ariana.

Mas em vez de denunciar Trump ou os neo-nazistas de extrema direita, Swift liberou esse álbum- com uma capa que poderia estar ligada com a aversão do Presidente pela mídia. No álbum, ela dobrou sua frustração com a mídia falando que “ Quando esse álbum sair, blogs de fofoca vão vasculhar as letras para ver a que homens eles podem atribuir cada música, como se inspiração para música fosse simples e básica como um teste de paternidade”. E foi, de todas as maneiras, uma aparência obscura. 

Naquele tempo, no auge dos tempos obscuros para o discurso norte americano, era fácil ligar Taylor Swift a direita. Nos tempos de alto risco, cheios de divisões e rupturas como foram os últimos 4 anos, é importante responsabilizar as celebridades e que elas usem suas plataformas com convicção. Silêncio é cumplicidade. Mas foi a confiança que a Swift descobriu em reputation que permitiu que ela se libertasse da imagem de menininha neutra que calou sua voz política pela primeira década de sua carreira. Taylor, talvez, precisasse de uma reputação e críticas para estabelecer sua mobilização política pública. Um ano depois do reputation, Swift endossou seus primeiros candidatos-ambos democratas do Tennessee- e desde então ela tem lutado com orgulho pelos direitos LGBTQ e denunciado as crueldades do governo Trump. Taylor agora é abertamente política e não se importa com o que os cunhados do marido da Karlie Kloss ou qualquer outra pessoa pensa. E dando uma olhada em retrospectiva para três anos atrás, separando o reputation da polarização dos  primeiros anos do Trump, é mais fácil de apreciar o álbum pelo o que é: um disco poderoso e ousado de uma artista que não tem medo de se desafiar. 

O que deveria ter sido claro naquela época é que nenhuma das músicas é política ou especificamente tendo uma mídia como alvo, de verdade.

Depois de anos sendo humilhada, reputation é a Taylor assumindo sua própria narrativa. É sexy, íntimo e poderoso de uma maneira que nenhum de seus antecessores ou predecessores são, e ela mesma diz isso na frase “Desculpa, a antiga Taylor não pode atender o telefone agora. Por que? porque ela está morta!” O álbum é um retrato de uma Taylor livre, representando um novo começo. Uma nova era de ativismo e opiniões públicas. É o primeiro álbum que Swift usa palavrões, faz referências à bebidas alcoólicas, ou relações físicas íntimas. Musicalmente, reputation é completamente música pop com inspiração em EDM e hip hop que nunca tinha-se escutado de Taylor até esse dia (um salve para o Rei do Meu Coração Jack Antonoff). reputation foi um risco, uma revolução, mas foi uma que ela controlou. Não só por ela. A Rolling Stone afirma que “ Se Ariana, Billie, Halsey e outras são tão fiéis a si mesmas, é em parte porque Swift trabalhou duro falando sua verdade e forjando seus inimigos”.

É também, sem dúvida, o álbum mais versátil da obra de Swift. Não musicalmente, talvez, mas todos nós sabemos que um álbum de Taylor Swift é primeiro para sentir seus sentimentos e em segundo para realmente ouvir. Tente se emocionar com o ”Lover” depois de ter sido traído, ou com o “folklore” enquanto estiver entusiasmado depois de um ótimo terceiro encontro, e me diga como foi. Mas “reputation”? Esse álbum pode fazer tudo. Coloque “King of My Heart” quando estiver se apaixonando ou “Look What You Made Me Do” quando estiver com raiva de seu companheiro. Qualquer emoção que seu coração possa sentir pode ser sentida pela obra-prima multifacetada de Taylor Swift, “reputation”. E ser subestimado também faz parte do apelo. Ainda temos a emblemática fórmula da música pop perfeita de Swift e a vulnerabilidade crua e estonteante em sucessos como “Gorgeous,” “Dress”, “Delicate” e “Getaway Car”, mas essas músicas são clássicos subestimados no modelo de Taylor Swift. Eles não têm o reconhecimento generalizado de “Love Story” (Fearless) ou “Welcome to New York” (1989), mas eles são tão bons, tão classicamente Taylor quanto podem ser, se não um pouco mais carnais, um pouco mais picantes do que estamos acostumados. “reputation” está repleto desses sucessos inativos.

É preciso dizer, sem apontar o dedo a nenhum dos nossos 15 filhos que amamos igualmente, que existem pontos fracos. Você disse algo sobre um verso de rap e Ed Sheeran? A perfeição completa é um mito. Afinal, a Srta. Swift é apenas humana.

Se você ainda não está convencido, vamos começar aqui: escute  “Look What You Made Me Do” hoje, mesmo que seja para comemorar a perda da eleição presidencial do nêmesis de Swift, Kanye West (e a vitória de Joe Biden apoiada por Swift! ) Se você estiver balançando a cabeça, mesmo que levemente, comece o álbum do início. Apenas olhe a capa do “reputation” a toda troca de musica, em homenagem ao aniversário do disco! Tome seu tempo com isso.

Vou ligar para a Billboard para ver o que posso fazer para reorganizar alguns gráficos.

Matéria publicada pela Esquire e traduzida pela Equipe TSBR.





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