Num dia nesse outono, Taylor Swift foi para a casa de Aaron Dessner desejar feliz aniversário para a filha dele de 9 anos- mas não foi a única razão para Swift estar lá. 

Swift estava lá principalmente por causa do documentário especial para o Disney+, folklore: the long pond studio sessions, no qual ela se reuniu pela primeira vez com os colaboradores do folklore- Dessner do The National e Jack Antonoff. Todos eles se reuniram pela primeira vez no estúdio de Dessner, no interior de Nova York, para tocar o álbum de Swift ao vivo. 

O projeto indie-folk foi criado remotamente com Dessner, que consegue desempenhar várias funções e juntou as peças em Long Pond. Se tornou o único álbum de Swift a passar 6 semanas no topo da Billboard 200. Rendeu a Dessner duas nomeações nas principais categorias do Grammy: em álbum do ano e música do ano (com “cardigan”). Também foi responsável por iniciar um estilo novo de composição para Swift: ficcional, na primeira pessoa. 

Na última noite de filmagem do especial (que seguiu vários protocolos de segurança, com uma equipe limitada e testes de COVID-19), Dessner lembra como ele, Antonoff e Swift ficaram acordados até 4 ou 5 da manhã, bebendo e celebrando a recepção mais que calorosa que o folklore recebeu. Mas nos dias seguintes, Swift continuou acordada, e ela e Dessner, inesperadamente, continuaram trabalhando. Eventualmente, eles criaram mais 17 músicas, que se tornaram o álbum irmã de folklore, evermore, lançado no dia 11 de dezembro. 

“folklore quase que imediatamente foi tratado como um clássico ou uma obra prima”, disse Dessner. “Ele foi exaltado muito rápido e foi muito bem comercialmente, então obviamente foi difícil seguir depois de algo assim. Mas uma das coisas que eu amo sobre [evermore] é a forma que [Taylor] estava pulando em penhascos diferentes. A habilidade que ela tem em contar histórias, mas também o que ela faz musicalmente, é realmente surpreendente. Foi como se eu tivesse feito algum curso intensivo, algum programa de mestrado, por 6 meses”.  

Abaixo, Dessner contou para a Billboard sobre o trabalho que ele teve fazendo esse segundo álbum com uma das maiores estrelas pop do mundo. 

Com o folklore, muitas das produções e arranjos vieram de arquivos que você enviou para a Taylor. Vocês continuaram com isso ou o evermore foi feito do zero? 

Muito foi feito do zero. Depois do folklore ser lançado, acho que Taylor escreveu duas músicas logo depois e nós dois pensamos que seriam para o Big Red Machine, “closure” e “dorothea”. Mas quanto a mais a gente as ouvia, elas não poderiam ser músicas do Big Red Machine, mas elas pareciam músicas animadas e interessantes de Taylor. “closure” é muito experimental e tem essa marca de tempo diferente mas liricamente parece uma evolução do folklore, e “dorothea” definitivamente parecia refletir um personagem. 

E como uma espécie de celebração do folklore, eu escrevi uns pedaços de música que chamei de “Westerly”, que é onde Taylor tem uma casa e escreveu sobre em “the last great american dysnasty”. Eu faço isso algumas vezes, fazer coisas para os meus amigos ou escrever por escrever, mas eu não pensava que virariam músicas. E ela, tipo, uma hora depois, me enviou de volta “willow”, que ela escreveu para aquele instrumental, e as coisas meio que andaram e nós começamos a preencher o Dropbox de novo. Foi tipo “O que está acontecendo”?

E foi indo. Ela escreveu “gold rush” com o Jack [Antonoff] e no final tinham 17 músicas e isso foi poucos meses depois do folklore ser lançado, então foi bem doido. A gente não conseguia acreditar, foi tipo “Como isso é possível?”, especialmente porque não conversávamos muito sobre estrutura, ideias e outras coisas, foi como uma avalanche estranha. 

Considerando como o folklore movimentou a indústria, que tipo de pressão isso causou?

Eu acho que por causa da forma que fizemos, não parecia que estávamos produzindo um álbum gigantesco ou algo assim, continuou com uma sensação muito caseira. Houve um ou dois momentos em que Taylor estava se questionando quando e como lançaria o evermore, mas acho que conforme ia ficando mais forte e as músicas foram se juntando, começou a ser tipo “Esse é um álbum irmã, faz parte da mesma criatividade e colaboração e as histórias estão interligadas”. 

E esteticamente, para mim, evermore é mais feroz e tem mais dinâmica de banda em alguns momentos. Você consegue sentir sua composição ainda mais afiada aqui, na questão de narrativa, e também é mais libertador fazer esse tipo de música. Quando ela começou a escrever de uma maneira que fosse menos um diário e a contar essas histórias, eu acho que ela descobriu que tinha essa vasta experiência e profundidade para fazer essas narrativas, que são naturais. Ela facilmente poderia fazer dessas músicas mais reflexivas ou confundir com o que é autobiográfico e o que não é, de maneira interessante. Parecia a coisa mais natural do mundo. 

folklore foi feito inteiramente de forma remota, como esse processo mudou em evermore?

Dessa vez foi os dois. Um pouco foi remoto, mas depois do folklore: the long pond studio sessions, [Taylor] ficou mais um tempinho e gravamos bastante. Inclusive, ela escreveu “‘tis the damn season” quando ela chegou para o primeiro dia de ensaio. Tocamos a noite toda e tomamos bastante vinho após a conversa na fogueira — estávamos bastante bêbados, pra falar a verdade — e aí pensei que ela tivesse ido dormir. Mas na manhã seguinte, umas 9 da manhã ou algo assim, ela apareceu e ficou tipo, “Tenho que cantar uma música pra você”, e ela tinha escrito durante a noite. Esse definitivamente foi mais um dos momentos onde meu cérebro explodiu, porque ela cantou pra mim na minha cozinha e foi apenas surreal.

Aquela melodia na verdade é antiga — é algo que escrevi muitos anos atrás e escondi porque a amei muito. Significava algo para mim, e senti que a composição perfeita tivesse finalmente a encontrado. Havia um sentimento ali, e ela o identificou: Aquele sentimento de… “A dor em você foi colocada aí pela dor em mim”. Acho que todo mundo pode se identificar com isso. É uma das minhas favoritas.

Você assistiu ao especial do Disney+?

Eu não sou um grande fã de assistir a mim mesmo — mas eu assisti sim, e achei muito bonito. É engraçado porque foi algo muito “Faça Você Mesmo” de certa forma; uma pequena equipe que estava lá pra fazer isso, ninguém estava escolhendo nossas roupas ou arrumando nosso cabelo nem nada do tipo, foi bem autêntico. Eu ensaiei um pouco antes, mas nós dois — Jack e eu — estávamos praticamente descobrindo como fazer enquanto fazíamos. 

E acho que o mais legal é que todas as músicas poderiam funcionar assim, e parte disso é um testamento à força do álbum. Sem grandes truques de produção ou backing vocals ou nada do tipo, as músicas se destacam, e Taylor apenas cantou pra caramba em todas elas. E estar com eles foi tão divertido. Eles são quase como irmãos; se conhecem há tanto tempo, há esse humor rápido entre eles.

Você gostaria de fazer algo assim outra vez com o evermore?

Eu não acho que seja possível recriar exatamente o que fizemos com folklore. Eu não conversei com ninguém sobre isso. Mas pra mim, as músicas do evermore seriam ainda mais divertidas de tocar porque ali, a maioria delas parece música “de banda”. Mas dito isso, eu não ficaria desapontado se não fizéssemos isso — não há qualquer plano agora para fazer.

Durante uma entrevista no Jimmy Kimmel Live!, o Jimmy perguntou à Taylor sobre os rumores por trás de Woodvale e se há um terceiro álbum chegando, e ela respondeu que estava exausta. Como você está se sentindo em termos de energia

Acho que nós dois sentimos que era tipo “Missão Impossível” — mas conseguimos. Eu imagino que faremos música juntos de certa forma pra sempre, porque foi esse o tipo de química que tivemos e sou muito grato por tudo que aconteceu, mas acho que há muito ali. Não são apenas dois álbuns, tem também as faixas bônus, e duas das minhas músicas favoritas nem estão nesse álbum. Não iremos nos dedicar a outro agora.

Vou terminar o álbum da Big Red Machine — eu estava realmente muito perto de terminá-lo quando, de repente, o portal do folklore e evermore se abriu, e na verdade, Taylor está bastante envolvida nisso também, sendo de grande ajuda — e o the National está começando a falar sobre fazer música e acho que ela provavelmente fará uma pausa. Mas estou muito empolgado para qualquer coisa que possamos fazer no futuro — é sem dúvidas um relacionamento para o resto da vida. E eu diria o mesmo para todas as pessoas que trabalharam nesse disco, incluindo meu irmão e todo mundo que contribuiu. É realmente um legado muito especial.

Entrevista publicada pela Billboard e traduzida pela Equipe TSBR.





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