Depois de deixar a Big Machine Records e assinar com a Republic Records em 2018, Taylor Swift teve os masters de seus seis primeiros álbuns vendidos ao empresário Scooter Braun. Numa carta aberta postada no Tumblr em junho de 2019, a cantora compartilhou que, mesmo tendo pedido “durante anos por uma oportunidade de ter posse do meu trabalho”, sequer teve a oportunidade de comprá-los. Posteriormente, em outubro de 2020, os direitos foram comercializados para a Shamrock Holdings, uma empresa de capital privado, sem que a artista novamente soubesse.
Diante do cenário, a loirinha resolveu regravar todo seu catálogo. Entre 2021 e 2023, relançou quatro dos antigos discos sob o título “Taylor’s Version” e com novas sessões de fotos, parcerias inéditas, músicas descartadas apelidadas de “From the Vault” e, em alguns dos casos, até clipes. Foram eles, na seguinte sequência: “Fearless (Taylor’s Version)” (2021), “Red (Taylor’s Version)” (2021), “Speak Now” (Taylor’s Version)” (2023) e “1989 (Taylor’s Version)” (2023).
Recentemente, após inúmeras tentativas, Swift conseguiu os masters como sempre desejou. Assim como da primeira vez, contou aos fãs a novidade numa carta postada em todas as redes sociais no último dia 30 de maio. E ao participar do mais recente episódio do podcast New Heights, apresentado pelo seu namorado e jogador Travis Kelce ao lado do irmão Jason Kelce, a artista revelou em detalhes como as negociações aconteceram.
Primeiramente, Taylor fez questão de explicar a importância de possuir os masters. Na visão da cantora, é mais do que simplesmente poder fazer decisões quanto ao licenciamento e distribuição das canções: é uma questão de ter controle total de seu próprio legado, como pontuou:
“Para atualizar quem não conhece a história: eu assinei um contrato com uma gravadora quando tinha 15 anos. Venho dizendo que recuperei minha música neste verão, mas, na verdade, eu nunca fui dona da minha música. Tradicionalmente, muitos contratos de gravação são feitos de uma forma que os artistas não são donos do que chamamos de masters (que são as gravações originais). Ser dono dos seus masters significa ter controle e poder total sobre distribuição, licenciamento e, essencialmente, sobre como o seu legado é moldado. É muito significativo. Sempre foi muito significativo para mim.”
Apesar da felicidade com a repercussão das regravações, Swift continuava pensando no fato de que não era a dona da própria música. Por isso, com o fim da “The Eras Tour” em dezembro de 2024, resolveu tentar novamente adquirir os direitos:
“Eu pensava no fato de que não era dona da minha música todos os dias. Era meio que um pensamento intrusivo que me acompanhava diariamente. Depois da ‘The Eras Tour’, tive uma reunião com minha equipe e decidimos que talvez fosse um bom momento para abordar os atuais proprietários sobre o assunto. Os donos eram uma empresa de capital privado chamada Shamrock Capital. Eu sabia que eles eram pessoas corretas e confiáveis.
[Vender os masters] era uma decisão enorme para eles tomarem, isso para qualquer pessoa que fossem vender, inclusive para mim. Eu decidi que, em vez de tratar isso como uma conversa de negócios, eu lidaria pelo lado humano. Eu prefiro muito mais conduzir algo assim com o coração. Porque, para mim, não se trata de ‘ah, quero ser dona dos masters pelos lucros que vou receber ao longo dos anos’. É porque meus álbuns são como o meu diário de toda a minha vida escrito à mão. São as músicas que compus sobre cada fase da minha vida. São as sessões de fotos que eu fiz, meus videoclipes, a maioria dos quais eu mesma financiei. Tudo o que já criei, a minha arte, está no meu catálogo.”
Em vez de Swift mandar advogados que tornassem a negociação “impessoal”, Andrea Swift, sua mãe, e Austin Swift, seu irmão, foram representando a artista em uma conversa com a Shamrock Holdings. Quase às lágrimas e visivelmente emocionada, Taylor relembrou o momento em que recebeu a notícia de que a transação havia dado certo, poucos meses depois do Super Bowl em fevereiro:
“Foi alguns meses depois do Super Bowl. Nós estávamos em Kansas City e recebi uma ligação da minha mãe onde ela disse: ‘Você recuperou sua música’. E simplesmente, de forma bem dramática mesmo, caí no chão de verdade e, honestamente, comecei a chorar compulsivamente. E eu pensei depois: ‘Se controla, só vai lá e conta pro Travis de um jeito normal.’ Bati na porta e ele estava jogando videogame. [E ele viu meu estado] e acho que ele pensou que algo ruim tinha acontecido. Ele se aproximou e eu disse: ‘Eu recuperei toda a minha música.’ E aí voltei a chorar incontrolavelmente, desabei de vez.”
Nas palavras da loirinha, que juntava dinheiro desde a adolescência especialmente para isso, ter a posse dos masters “mudou” a sua vida para sempre:
“Sempre foi algo muito importante para mim. Desde a adolescência, venho juntando dinheiro ativamente para comprar minhas músicas de volta e para possuí-las […]. Isso mudou a minha vida. Ainda não consigo acreditar. Isso vai impactar o resto da minha vida, já que agora penso nisso todos os dias. Mas, em vez de ser um pensamento intrusivo que me machuca, é: ‘Não acredito que isso aconteceu’. Tipo, quão sortuda eu sou? Quão grata eu sou? Eu sou muito grata.”
Taylor então destacou como o apoio de outros artistas acabou sendo fundamental durante todo o processo de regravação. Não só dos cantores que colaboraram ativamente com os discos, mas também quem passou a levantar o debate a respeito da aquisição de masters:
“Sou muito grata aos artistas que me ajudaram nas minhas regravações, porque comecei a fazê-las em 2021. E maioria das pessoas da indústria diziam: ‘Isso é uma má ideia. Ela está, de certa forma, prejudicando a própria carreira. Ninguém está interessado em ver você fazer o mesmo álbum duas vezes. Os fãs não vão engajar. Isso não vai acabar bem para ela.’ Mas entrei em contato com amigos meus, como a Phoebe Bridgers, Keith Urban, Maren Morris, Chris Stapleton, Hayley Williams do Paramore, Fall Out Boy… todos esses artistas absolutamente incríveis que moldaram quem eu sou como artista toparam participar das regravações […]. Esse é um assunto que não era realmente discutido entre as comunidades de artistas, muito menos com os fãs. Era tudo muito voltado para a indústria e cheio de coisas chatas de contrato, que os fãs não falavam. Uma coisa que eu acho realmente boa que surgiu disso é que muitos artistas novos agora vêm até mim e dizem: ‘Eu nem sabia que isso existia.’ E, quando foram negociar seus contratos com gravadoras, conseguiram incluir que seus masters voltassem para eles depois de alguns anos ou que fossem donos deles desde o início. E isso não é para todo mundo. Nem todo artista se importa com isso. As prioridades mudam de artista para artista. O que eu queria era que, ao compartilhar o que eu passei, os artistas passassem a conversar sobre o assunto para decidirem se isso é ou não uma prioridade para eles.”
Por fim, a artista fez questão de estender o agradecimento aos fãs e à sua banda de apoio, que a acompanha desde o início da carreira e que participou das “Taylor’s Version”:
“Os fãs são a razão pela qual as regravações deram certo. São a razão pela qual consegui comprar minha música de volta, porque eles foram à ‘The Eras Tour’. Basicamente, eles são o motivo de tudo isso ter funcionado. E também quero destacar as outras pessoas que estavam lá comigo desde o início: minha banda. Eles tocaram em todas as regravações. Eu fico muito impressionada com a habilidade deles como músicos, de conseguirem fazer isso de forma tão convincente.”
Assista ao episódio completo em inglês abaixo:
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