18 de junho de 20 Autor: Maria Eloisa
Saiba como foi o Making-of de “The Man”

Um homem está de costas para a câmera, olhando para a vista que tem da cidade no seu próprio escritório. A câmera se aproxima até o homem preencher toda a tela. Ele se vira, revelando seu rosto barbudo e sai de onde trabalha, espaço cheio de mesas, e grita ordens para seus adorados funcionários, que o aplaudem. Ele se vira para a câmera e pisca. Na verdade, ele é o artista musical multi-premiado Taylor Swift, transformada, por meio de próteses, em seu alter ego masculino, Tyler Swift.

Em seu último single, “The Man”, Swift desafia o público a imaginar como sua vida seria diferente se as mulheres tivessem os mesmos privilégios que os homens. No videoclipe, sua estreia como diretora solo, ela realmente mergulha nesse conceito. Para dar vida à sua visão, Swift contratou o diretor de fotografia Rodrigo Prieto.

“Rodrigo estava no topo da minha lista de diretores dos sonhos que eu havia feito para este vídeo, mas nunca imaginei que ele estivesse disponível ou interessado”, disse Swift sobre o diretor de fotografia americano. “Eu usei como referência seu estilo, sua versatilidade e sua abordagem como um exemplo do que eu estava procurando. Sou uma grande fã do trabalho que ele fez e ainda não acredito como sou sortuda por ter trabalhado com ele”.

Prieto ficou imediatamente interessado quando a produtora Superprime o explicou sobre o projeto, mas “foi uma época complicada para mim porque eu estava no meio de várias premiações, o que pode ser intenso”, disse ele, referindo-se aos seus prêmios ASC e BAFTA, indicações pelo filme O Irlandês. Ele finalmente percebeu que teria tempo para filmar “The Man” entre as cerimônias do BAFTA e do Oscar. “Foi bom focar no trabalho criativo durante esse tempo!”, ele diz.

“The Man” possui várias cenas que mostram o tamanho dos privilégios masculinos: ser aplaudido no local de trabalho mesmo sendo arrogante; sentar de pernas abertas em um metrô lotado enquanto as mulheres próximas mal conseguem sentar; urinar em público; festejar em um iate com várias mulheres de biquíni; deixar um caso de uma noite sozinho e ser cumprimentado por isso; ser elogiado como o “melhor pai do mundo” por dar uma mínima atenção ao filho; tomar shots em uma mulher num bar; fazer birra durante uma partida de tênis; e, num flash do futuro, com 58 anos, casar com uma mulher muito mais nova – novamente, recebendo muitos aplausos.

Alguns momentos no vídeo, incluindo a cena inicial no escritório, lembram O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, filmado por Pietro. “Eu acho que pode ser por isso que eles me contrataram”, ele brinca. Jordan Belfort, protagonista do filme, “é o homem”, continua Prieto. “Ele usou seu privilégio masculino e carisma para [roubar] todas essas pessoas”.


Prieto gravou “The Man” com uma Sony Venice, acompanhada com uma série de lentes Panavision H. (Panavision Primo 24-275mm [T2.8] e 17.5-75mm [T2.3] lentes de zoom foram usadas para algumas cenas). “Chris Cunningham operou o estabilizador de câmera”, ele nota. “Eu fiz vários clipes e comerciais com ele e ele sempre apresenta movimentos suaves e tem ótimos instintos”.

Capturando em 6K, “nós estruturamos para 2.40 mas usando o sensor completo para permitir máxima flexibilidade para reposicionar”, Prieto continua. “ Eu tenho usado bastante as lentes da série H com a Venice porque elas cobrem o frame total de 6K e permitem bastante. Elas acabam com aquela sensação agressiva de digital que você pode ter ao ver alta definição”.

Ele também acha que a “qualidade gentil” das lentes encaixou com o projeto devido à grande prótese que Swift usou. “ Eu não queria usar outros recursos para suavizar ou esconder as imperfeições da máscara, mas tenho que dizer, o desenvolvimento dela [feito por Bill Corso] foi excelente”.

Iluminar a variedade de cenas foi desafiador porque “ os sets tinham que fazer caber duas mesas de som e requeriam diversos tipos de iluminação”, disse Prieto. “ Tudo tinha que estar pré preparado e pronto para ação pois pulávamos de um set para o outro”.


Três cenas são durante o dia do lado exterior mas foram todas gravadas do lado de dentro. Para luz solar direta, ele e a equipe de iluminação geralmente usavam uma 50K Softsun gelificado com 14 CTO, e para a luz do dia ambiente, eles dirigiram unidades 18K Arrimax e Arri HMI Fresnel em armações 20’x20′ e 20’X40′ de musselina branqueada montada acima do set. Para preencher as lacunas, eles usaram Arri M40 4K Hmis. “Nós diminuímos todo o teto, em parte para que o Softsun fosse a luz mais brilhante no set – era geralmente 2 1/2 paradas sobre a luz de preenchimento de ambiente -também porque diminuir os Hmis esfria a luz, trazendo a temperatura de cor de 5,600 para cerca de 6,200 Kelvin que funciona bem para luz do céu. Luz do dia indireta é uma combinação de muitas temperaturas de cores mas principalmente é a luz de um céu azul”.

Prieto também usou painéis para simular a luz do dia nas cenas do perímetro do parque e da quadra de tênis. Para a cena do iate em particular, em que aparece água, ele usou um Arrimax 18k em um scissor lift (um veículo motorizado com uma plataforma com trilhos que pode ser levantado para cima) para criar luz natural do sol e obter uma sombra nítida. “Eu tinha esse elevador movendo cerca de 30 a 60cm em qualquer direção para dar a sensação de variação de luz”, diz Prieto.


Já para a cena do bar, a luz principal foi um SkyPanel de luz difusa através de rebatedor octogonal sobre a mesa principal; mais dois painéis foram instalados com tripés para as outras duas mesas. “Nós também tínhamos painéis refletindo de 8×8 nas laterais para criar efeitos de uma pista de dança por perto”, Prieto acrescenta.

Para criar a aparência de um trem em movimento para a sequência dentro do metrô, Taylor e outros atores sentaram em frente de uma janela de trem, onde atrás tinha uma tela verde. Além disso, um aparelho de 40 polegadas cheio de Leds foi colocado fora de cena, no topo da janela, para criar essa textura de luzes coloridas nos atores. “Os artistas dos efeitos visuais combinaram a nossa luz interativa com o fundo verde, diz Prieto. Josh Davis propôs um efeito de cintilação às lâmpadas fluorescentes, e isso foi feito com algumas lâmpadas brancas conectadas a um dimmer board.

Para a “grande caminhada” no corredor estilizado enquanto cumprimenta as pessoas, Prieto solicitou que o set não tivesse teto. O corredor apresenta várias arcos, que foram dispostos separados um pouco um dos outros, permitindo que ele colocasse um spot de luz sobre tudo isso, criando esses feixes de luz atrás de cada arco que o personagem passasse.

A iluminação de Prieto para a sequência do casamento também foi super detalhada. Sua sugestão para Taylor foi que a cena parecesse um filme caseiro, e então foi filmado com alguém segurando na mão mesmo a câmera, enquanto duas treliças equipadas com vários painéis forneciam uma luz de fundo bem suave.

“Foi bem interessante e legal de criar diferentes cenas para apenas um vídeo”, o cinematográfico diz. “Havia um estilo único para o vídeo, mas ao mesmo tempo os sets eram todos bem diferentes”.
Prieto trabalhou com Jason Bauer para criar um modelo para a cena final, que foi completada pelo colorista Dave Hussey.

Sobre colaborar com Swift, Prieto diz: “Ela pediu nossa opinião sobre várias coisas, mas ela foi muito clara sobre o que gostava e o que não. Ela estava bastante aberta a sugestões e acho que isso diz muito sobre a segurança que ela tem. Às vezes, ditadores são ditadores porque, na verdade, são inseguros. Como diretor, você quer alguém que esteja aberto à sugestões e ideias mas que também tenha sua própria perspectiva muito clara. Então você desenvolve a partir daquilo e ajuda no que precisam. Taylor foi assim, e foi muito divertido trabalhar com ela”.

“Assim que o Rodrigo entrou na sala, todo mundo na nossa equipe sentiu imediatamente como se ele fosse um amigo e colaborador entusiasmado”, Swift diz. “Ele estava tão animado, gentil, caloroso e atencioso. Eu adoro colaborar com pessoas que amam criar tanto quanto eu, e ter essa energia trazida à mesa pelo Rodrigo elevou o nível da equipe inteira”.

O vídeo de Swift termina com o rompimento da quarta parede — com a câmera se afastando para revelar o set, com Swift ocupando a cadeira do diretor. Ela pergunta a seu alter ego se ele pode ser mais “sexy e gostável”, o que leva o telespectador de volta à mensagem principal de Swift.

Em uma entrevista para a Billboard sobre “The Man”, Swift disse: “Quanto mais falarmos sobre isso, melhor. E eu quis que fosse uma música “chiclete” por uma razão — para que ela ficasse presa na cabeça das pessoas e elas terminassem o dia com uma música sobre igualdade de gênero na cabeça. E pra mim, isso é um ótima dia”.

Prieto diz: “Eu admiro muito a mensagem que ela está passando para o mundo e o fato de que milhões de pessoas estão escutando essa música e vendo nosso vídeo. Eu acredito que isso ajuda a mover essa agulha no palheiro um pouquinho”. Com respeito à indústria cinematográfica, ele acrescenta. “Eu acho que a gente precisa fazer um esforço consciente para ter mais mulheres, pessoas negras e minorias nas nossas equipes. Geralmente você contrata pessoas que já conhece mais uma equipe adicional baseada em recomendações. Nós precisamos de mais mulheres e minorias nas equipes para representar melhor nossa sociedade. E a única maneira de mudar isso é se houverem mais mulheres e minorias em posições de liderança na equipe. E a única maneira de fazer isso a essa altura é pressionando. Eu realmente acredito que é a nossa responsabilidade e estou tentando. Não tenho sido o melhor nisso, admito, mas espero conseguir pressionar ainda mais”.

Até o momento, “The Man” tem mais de 43 milhões de visualizações no Youtube.

Matéria publicada pela American Cinematographer e traduzida pela Equipe TSBR.





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