Só Taylor Swift poderia fazer seu melhor álbum enquanto estivesse em casa, no meio de uma pandemia. Em seu primeiro lançamento surpresa, Folklore (que já está disponível), a vencedora do Grammy prova que tudo o que ela precisa para fazer uma íncrivel mágica é caneta, papel e piano.

Em seu oitavo álbum de estúdio, Swift (30 anos) abandonou o lançamento tradicional e seus vídeos como prévias repletos de easter-eggs e decidiu simplesmente deixar a música falar por si. folklore, que ela anunciou em menos de 24 horas antes do lançamento nos serviços de streaming, é a marcante partida da Antiga Taylor – e até da Nova Taylor. Em vez de batom vermelho, confete e, sim, cobras, ela opta pelo minimalismo, trabalhando com seu amigo íntimo Jack Antonoff e um de seus ídolos musicais, Aaron Dessner, da banda de rock indie The National, para criar seu trabalho mais coeso e experimental até o momento.

Para alguns, o folklore pode não parecer um álbum de Taylor Swift de primeira, segunda ou até terceira ouvida, mas sua marca registrada, que é a composição, está sempre presente. E ela também está no auge; músicas como “The Last Great American Dynasty” (que conta a história de Rebekah Harkness, a herdeira de espírito livre que anteriormente possuía a mansão de Swift em Rhode Island) e “My Tears Ricochet” são liricamente excepcionais.

Diferente dos álbuns anteriores de Swift, principalmente do Lover de 2019, o folklore não é totalmente autobiográfico. Várias músicas falam sobre personagens que são fruto de sua imaginação. A rústica balada de gaita “Betty”, por exemplo, tem uma abordagem feminista, mas é contada da perspectiva de um garoto chamado James, que teve um caso de verão e passou o resto do ano escolar tentando fazer as pazes com a namorada. “A pior coisa que eu já fiz / foi o que eu fiz com você”, canta Swift como James.

Em alguns momentos, a cantora faz com que fique difícil adivinhar quais das 16 faixas são inspiradas em sua vida real e quais são ficcionais. Os dias de “Dear John” e “Style” se foram e são substituídos por “The 1”, que abre o folklore e reflete sobre o amor perdido. “Invisible String”, no entanto, é certamente sobre o namorado de Swift, Joe Alwyn (29 anos); uma rápida pesquisa no Google confirmará que o ator vendeu iogurte congelado em Londres e, portanto, influenciou o verso sobre um garoto de 16 anos trabalhando “na loja de iogurte” e ganhando “pouco dinheiro”.

Com uma produção básica, o folklore é silencioso, mas rico, misterioso e introspectivo. A evolução de Swift é extremamente clara, especialmente em “Cardigan”, na qual ela assume a forma do cardigã “favorito” de seu parceiro (oito anos depois de deixar um cachecol com memórias tóxicas em “All Too Well”). Sua voz se destaca como nunca na angelical “Epiphany” e na faixa estilo Cranberries “Mirrorball”.

O álbum só tem uma parceria, com Bon Iver, na sombria faixa no piano “Exile”, em que Swift e o vocalista da banda folk, Justin Vernon, se destacam durante a ponte argumentativa (“eu dei tantos sinais”, ela protesta depois que ele afirma o contrário). E enquanto a faixa é um destaque, Swift poderia facilmente ter negado ajuda e permanecido sozinha na canção. Afinal, ela é uma força, como evidenciado em “Mad Woman”, uma espécie de sequência de “The Man” de 2019 com uma letra sobre ser atiçada “até que suas garras saiam”.

A qualidade do folklore indica que Swift está prosperando no isolamento, algo que nem todos podem dizer. Em certo momento, o álbum era um baú afundado, cheio de pedras preciosas, mas bem guardado dentro das paredes da casa da artista. Mas agora, flutuou para a costa e, caramba, está salvando 2020.

Nota: 4 estrelas de 4

Resenha publicada pela US Magazine e traduzida pela Equipe TSBR.





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