Todo mundo já está cansado de saber que Taylor Swift é a indústria da música, certo? Mas já pararam para refletir o que isso realmente significa? O impacto que a loirinha tem é real. A revista Rolling Stone fez uma matéria super bacana sobre entender esse impacto a partir da comercialização e venda dos álbuns em vinil – algo que era comum em décadas passadas, se tornou obsoleto por um tempo e voltou com tudo recentemente. Taylor Swift tem sua parcela de culpa nisso? Tem sim, senhores! Ela está causando uma mudança real nesse mercado. Vem saber mais lendo a tradução abaixo.

Fonte | Tradução: Equipe TSBR.

Com seus posts no Instagram sobre antigas capas da revista Trasher, panfletos do grupo de post-hardcore Jawbox e fotos com Neko Case, Matt Jencik não é o alvo clássico de Taylor Swift. O comprador de longa data da Reckless Records, com cabelo comprido e tendo 50 anos de idade, admite que ele provavelmente ouviria Van Halen em casa. Mas, em lojas de discos como a Reckless, e em todas as outras ao redor do país, as coisas mudaram drasticamente.

“Nunca, nem em meus sonhos mais doidos, eu achei ter que pensar nos vinis de Taylor Swift tanto quanto penso agora”, Jencik, que trabalha na loja por mais de duas décadas, diz com um riso caloroso. “Eu tenho que me apressar muito para obter essas coisas porque elas realmente esgotam muito rápido, é difícil de encontrar e as pessoas querem todos. Se nós não temos para vender, é um problema. Isso mudou a forma como eu abordo meu trabalho.”

Jencik é um dos vários representantes nacionais de lojas de discos que viram uma mudança similar nos últimos anos. Assim como uma análise da Rolling Stone sobre os 100 álbuns em vinil mais vendidos desde 2012 aponta, o gênero pop está ficando por cima do rock como o gênero mais dominante nesse quesito. Já que o vinil se tornou, mais uma vez, um formato popular para se escutar e colecionar música, os compradores de vinil estão ficando cada vez mais jovens e os álbuns mais populares mudaram dos catálogos de álbuns que definiram a ressurgência do vinil na década passada, como o indie e o classic rock, para algo mais pop como Taylor Swift, Olivia Rodrigo e Lana Del Rey.

A loja Reckless há muito tempo tem sua cota de música pop, mas Jencik diz nunca ter visto isso como algo tão proeminente quanto nos anos recentes. “Sempre existiu fluxos e refluxos para aquilo que vendemos, mas não me lembro de uma época onde nossa loja inteira ficou apenas diferente por causa disso”, ele diz. “Parece que mudou nossa identidade. As pessoas acham que essa é a loja que somos agora, mas ainda somos algo mais puxado para o indie. Porém, estamos vendendo milhares de cópias desses álbuns mais populares. De longe, a maioria daquilo que vendemos atualmente é coisa de gravadora grande. E o que nós vamos fazer? Apenas não vender? Não é como se tivéssemos feito um baita esforço para mudar o que vendemos; é apenas o que as pessoas nos pedem.”

Matt Vaughan, dono da Easy Street Records, em Seattle, tem uma perspectiva parecida. Quando abriu sua loja no final dos anos 1980, ela se tornou referência para o hard rock, particularmente com a crescente cena grunge da cidade que deu origem à lendas como Nirvana e Pearl Jam. Vaughan diz que isso é algo que ainda está no DNA da loja, e refletiu em alguns de seus álbuns mais vendidos em 2023. (Pearl Jam, a antiga banda de Seattle chamada Rockfords, e Duff McKagan estão no top 5 da loja.) Mas de modo igualmente proeminente estão quatro álbuns de Swift, o “Good Riddance” de Gracie Abrams (número 6), o “Sour” de Olivia Rodrigo (número 8) e a trilha sonora do filme “Barbie” em número 14.”

“Nós estamos seguindo as tendências; às vezes, os melhores líderes são os melhores seguidores”, diz Vaughan. “Nós vimos muita galera adolescente. O pop era minoria há uns cinco anos, e nós abraçamos isso porque gostamos desses clientes e bastante da música, também. Aquela minoria se tornou maioria. E esses fãs estão comprando uma cópia do álbun Ten, do Pearl Jam, e do DMX ao mesmo tempo. Eles são mais mente-aberta do que pensamos.”

Vaughan diz se lembrar dos primórdios dessa mudança com o segundo álbum de Lana Del Rey, “Born to Die”, há mais de uma década. Mas desde a pandemia, ele diz, isso tem se tornado muito mais aparente. “Eu comecei a realmente perceber melhor essa mudança com as festas de lançamentos. Houve um tempo em que a participação era muito baixa, e essas festas foram simplesmente esquecidas. Agora, estamos acima da capacidade, com falta de pessoal e mal preparados quando temos uma festa para um garoto como Omar Apollo, e a fila está ao redor do quarteirão. O que está acontecendo?”

Para Matt Mona, que é dono e comanda a Ka-Chunk Records em Annapolis, Maryland, desde 2011, a mudança foi clara. Em seu primeiro ano de operação, Black Keys, Bon Iver, Fleet Foxes e Neutral Milk Hotel eram alguns de seus mais vendidos. Ano passado, porém, Swift tomou conta de seis prateleiras, enquanto Phoebe Bridgers e Boygenius – decididamente rock mas com um apelo significante de pop – ocuparam três.

Outros álbuns notáveis no top 20 de Mona inclui música que virou viral no TikTok, como “Gemini Rights”, de Steve Lacy, e coisas puxadas para o hip-hop como “Swimming”, de Mac Miller, e “Igor”, de Tyler, the Creator.

“A música pop era veneno de brilheteria quando a trouxe para a loja há alguns anos”, diz Mona. Durante nossos 30 minutos de ligação ao telephone, ele atendeu clientes que pediam por “Death of a Bachelor”, do Panic! At The Disco, junto com Katy Perry, Boygenius e Lorde.

O rock ainda é o maior gênero do vinil – pelo menos por enquanto – mas essa marca continua escapando já que a mudança para o pop se torna mais notável. Na lista de top 100 vinis da Luminte, a plataforma de dados musicais que toma conta das paradas da Billboard, Swift sozinha estava presente em metade do top 10 de 2023, enquanto Olivia Rodrigo com “Guts” estava em sexto lugar e Del Rey pegou a oitava e a décima posições com “Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd” e “Born to Die”.

Essa mudança parece óbvia quando se leva em consideração a seleção limitada em lojas como a Target, onde álbuns pop de Swift até Olivia Rodrigo dominam as prateleiras ao lado de algo mais limitado ainda, como os álbuns dos melhores hits do Queen e dos Beatles. Mas não está apenas acontecendo no mais casual nível de vendas de vinil.

A Indie Record Store Top 50 (que a Record Store Day lançou no final de 2023 como uma alternativa para a parada da Luminate) já mostrou vendas pesadas de música que ficou no topo dos charts da Billboard no ano passado, como Swift, Rodrigo, Del Rey, Noah Kahan e Zach Bryan.

“Como podemos manter lojas de discos algo relevante? Precisamos de clientes jovens”, diz Carrie Colliton, co-fundadora da Record Store Day. “Há alguns anos nós tivemos Taylor Swift como embaixadora. Estávamos colocando o Post Malone em nossa lista. Obviamente nós estávamos alcançando esse público, e ainda estamos. Mas não sei se há cinco anos nós teríamos dito, ‘Vamos olhar nossos rankings; tem muita música pop aqui’.”

Em 2012, 75 dos 100 álbuns mais vendidos em vinil eram álbuns de rock. Essa dominância se manteve estável nos anos seguintes, mas em 2017, o rock tinha caído para 50. Ano passado, foi para a posição 32. O pop fez o caminho inverso, começando com apenas 11 álbuns na lista de top 100 em 2012 e crescendo de forma constante a cada ano. O pop alcançou um novo topo de 28 álbuns em 2023, o segundo gênero mais listado e correndo o risco de se tornar o líder. (A mudança é ainga mais dramática entre os álbuns mais populares dos charts. Em 2012, o rock fez 20 entradas no top 25, enquanto o pop fez apenas 2. Ano passado, o rock fez apenas 4 e o pop fez 12.)

De modo não surpreendente, Swift é a maior líder dessa mudança e praticamente criou um gênero próprio. Com mais de um milhão de unidades vendidas em 2023, o “1989 (Taylor’s Version)” sozinho vendeu mais do que toda a lista de top 100 de 2012 junta. Isso é algo impressionante para Swift, assim como é um testamento de quão maior o volume de vinil é, se comparado com a década passada. A média de discos de vinil no Top 100 do ano passado foi de 116 mil unidades vendidas, contra pouco mais de 9 mil em 2012.

Precisou de apenas 33,000 unidades para o aclamado “Blunderbuss”, de Jack White, ficar no topo da Vinyl 100 no passado. Enquanto isso, “The Land Is Inhospitable and So Are We”, de Mitski, foi o ultimo album de vinil em 2023 a entrar na lista com apenas 50,000 vendas.

Quase todo representante de loja de discos que falou com a Rolling Stone diz que eles começaram a ver clientes mais jovens depois que essa indústria voltou com tudo após a pandemia. Doyle Davis, sócio da Grimey’s, em Nashville, diz que o pessoal do ensino médio que vai até sua loja se tornou algo recorrente, algo que não acontecia há um bom tempo.

“Eu nunca pensei que venderia centenas de cópias de um álbum em poucas semanas. Nós costumávamos fazer dinheiro vendendo de três a cinco cópias de álbuns muito diferentes”, diz Davis. “A indústria não era confiável para títulos de sucesso, mas agora é. É como nos anos 70.”

“Nós nunca tivemos algo contra a música pop. Apenas vamos com o fluxo. Eu não quero ter muitos álbuns na loja que acabam não sendo vendidos., e nós não estocamos grandes quantidades a menos que elas vendam”, Davis continua. “Nós não sobreviveríamos sem as vendas de Taylor Swift. Eu nunca teria estocado tantos álbuns do Harry Styles ou algo assim, mas os clientes me mostraram que eles continuarão comprando e isso nunca vai parar.” (Em 2020, no começo da pandemia, Swift doou dinheiro e pagou por três meses de auxílio saúde para cada trabalhador.)

Estocar mais pop também não significa abandonar gêneros menos vendidos, disseram vários proprietários à Rolling Stone. Mona afirma que o volume mais alto dos discos pop mainstream na verdade lhe proporcionou mais flexibilidade para comprar discos de nicho que ele gosta e que podem ter que ficar em suas caixas por mais tempo, como o cantor e pintor britânico Billy Childish, os roqueiros de garagem do Portland Dead Moon e o adorado indie esfarrapado Guided By Voices. “É a marca de uma indústria saudável”, diz Mona. “As coisas pop que vendo me permitem estocar coisas que só vendo uma cópia por ano e que considero muito boas. Isso torna sustentável manter os álbuns menos populares na loja e me permite correr mais riscos.”

À medida que a música pop continua a tornar-se uma parte cada vez mais insubstituível dos negócios das lojas de discos, alguns representantes disseram que isso poderia mudar suas lojas. Ainda assim, todos os funcionários de lojas de discos que conversaram com a Rolling Stone têm abraçado amplamente a onda pop, não apenas nas vendas, mas também do ponto de vista cultural, uma rejeição ao tipo de elitismo que ainda pode ser associado ao esnobismo da cultura do vinil. Em algum momento, eles terão que permitir que os consumidores mais jovens decidam qual é a sua cultura.

“A razão pela qual ainda faço isso é porque quero administrar uma empresa e uma loja onde as crianças possam entrar e se divertir”, diz Jencik. “Sou um cara totalmente rabugento, mas sinto que ainda me apego a esse aspecto. Entrei nisso porque fui a uma loja que achei legal e quero isso para as crianças.”

Como diz Vaughan: “Se for apenas o envelhecimento das lojas de discos, caras com a Record Collector e a revista Goldmine debaixo do braço, isso não é divertido. Há bolsões por todo o país aqui, onde você tem essas lojas como a Easy Street. E se eles ainda não se classificaram neste ponto, e estão abertos à forma de atendimento ao cliente anti-alta fidelidade, e estão felizes por ter clientes olhando para a música como uma mercadoria em suas vidas, esse tipo de lojas de discos deveriam estar indo muito bem agora.”





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