Taylor Swift é a capa da edição de abril da Elle do Reino Unido. Para a revista, ela colaborou com a revista em um artigo chamado “Poder do Pop”.

Leia abaixo:

Meu tipo preferido de livros para ler são aqueles que fazem mais do que apenas contar uma história. Eles fazem mais do que dar o cenário e seus detalhes. O tipo de escrita que mais me encanta te coloca dentro da história, naquele quarto, naquele beijo embaixo da chuva. Você consegue cheirar o ar, escutar os sons e sentir seu coração acelerar junto com o personagem. É algo que F. Scott Fitzgerald fazia muito bem, ao descrever uma cena tão generosamente costurada com ricas revelações emocionais, que você escapa da sua vida por um momento.

 

Sou muito suspeita para falar, mas acho que a maneira com que a música pode te transportar para uma memória quase esquecida é a sensação mais próxima que temos de viajar no tempo. Até hoje em dia, quando escuto “Cowboy Take Me Away” das Dixie Chicks, eu instantaneamente me lembro do que era ter doze anos e estar sentada em um quarto de paredes de madeira na casa da minha família na Pensilvânia. Estou segurando um violão e aprendendo a tocar os acordes e cantar ao mesmo tempo, ensaiando para uma apresentação em uma cafeteria. Quando escuto “I Write Sins Not Tragedies” do Panic! At The Disco, me transporto para quando tinha dezesseis anos e estou dirigindo pelas ruas de Hendersonville, no Tennessee, com a minha melhor amiga Abigail e gritando a letra efusivamente. Quando escuto “How to Save a Life” do The Fray, “Breathe (2AM)” da Anna Nalick ou “The Story” da Brandi Carlile, imediatamente volto aos meus dezessete anos fazendo uma turnê por vários meses. Quando eu conseguia passar um dia em casa entre grandes viagens dividindo uma van com minha banda e equipe, eu passava minhas raras noites de folga pintando sozinha com velas acesas no meu quarto  — sozinha com estas músicas (são todas da trilha sonora de Grey’s Anatomy. Meu comprometimento com a série não tem limites).

 

Estou convencida que “You Learn” da Alanis Morissette, “Put You Records On” da Corinne Bailey Rae e “Why” da Annie Lennox curaram meu coração depois de grandes términos ou decepções.

 

Amo compor canções porque amo preservar memórias, é como colocar uma moldura em um sentimento que você teve. Gosto de usar nostalgia como inspiração quando componho da mesma maneira que gosto de tirar fotos. Gosto de poder lembrar os tempos muito bons ou muito ruins. Quero lembrar a cor do suéter, a temperatura do ar, o ranger do piso, a hora no relógio em que seu coração foi roubado, despedaçado, curado ou tomado para sempre.

 

O desafio divertido de compor uma canção pop é colocar esses detalhes evocativos na melodia cadenciada mais chiclete que você possa imaginar. Eu me dou bem no desafio de colocar detalhes e pedaços pessoais de realidade em um gênero de música que é universalmente conhecido por ser, bem, universal. Você pode achar que como compositores de pop, devemos escrever músicas que todos podem cantar, então você acha que as letras devem ser um tanto genéricas… AINDA ASSIM as que eu acho que mais se destacam são as que são mais detalhadas, e eu não digo como se fosse um soneto de Shakespeare, mesmo que eu ame Shakespeare quanto qualquer um outro. Obviamente. (Busquem por “Love Story”, de 2009)

 

No pop moderno, músicas/batidas/melodias que incluem detalhes extremamente pessoais como “Kiki, do you love me” e “Baby pull me closer in the backseat of your Rover” tem se destacado no nível mais global da cultura. Este ano em turnê, eu pude escutar o público de um estádio cantar de maneira apaixonada junto com uma jovem mulher de Cuba que cantava sobre “Havana”.

 

Penso que atualmente as pessoas buscam conexões e conforto nas músicas que escutam. Gostamos de receber a confiança de ouvir alguém dizer “foi isso que eu passei” como prova de que podemos superar nossas próprias dificuldades. Na verdade, NÃO queremos que nossa música pop seja genérica. Penso que muitos amantes da música querem dar uma espiadinha biográfica na vida do narrador, um buraco nas paredes emocionais que as pessoas constroem para sobreviver. Essa espiadinha na história do artista nos convida a conectá-la com a nossa própria e, no melhor cenário possível, nos permite relacionar aquela música com nossas próprias memórias.

 

É essa aliança entre uma música e nossas memórias de tempos que nos ajudaram a nos curarmos, ou que nos fizeram chorar, dançar ou fugir que realmente sobrevive o tempo. Assim como um bom livro.

 

Fonte: Elle UK





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