Poucos músicos conseguem escapar do escrutínio de um mundo de estranhos – mas ainda menos foram sujeitos ao que Taylor Swift foi. Discursos em premiações interrompidos, gravações secretas de ligações telefônicas, exílio, vingança, renascimento; a cantora country que se tornou uma megastar do pop tem inspirado manchetes dramáticas suficientes para preencher facilmente uma cinebiografia divertida como esta. Miss Americana segue Swift de perto, mas deixa a artista explicar com suas próprias palavras. Pela primeira vez, parece que Taylor está autorizada a parar de prender a respiração e apenas expirar.

O documentário da Netflix revisita os principais eventos, mas também explora as expectativas auto-impostas de Swift. Ela os lê em diários antigos e confirma que eles ainda são verdadeiros; qualquer coisa que ela faça, ela quer ser boa nisso. E o mais importante – ela precisa que outras pessoas também achem isso.

O fato de ela ser uma artista que surgiu durante o nascimento da Internet não torna necessariamente Swift única. Ao descrever seus sentimentos em Miss Americana, ela soa como qualquer outra pessoa que deseja validação online. Mas Swift se beneficia da distância conquistada ao longo de anos de atenção avassaladora e, muitas vezes desconhecida, fazendo com que os segmentos de entrevistas com ela pareçam calmos e fundamentados.

Miss Americana vem logo após o lançamento do sétimo álbum de Swift ‘Lover’ – um doce e romântico disco, marcando uma nova era após a amarga e defensiva de seu antecessor ‘Reputation’ de 2017. O lançamento do documentário muito depois da avaliação dos números de streaming e vendas permite uma experiência de visualização descontraída, aparentemente removida das tarefas de marketing direto. O filme responde ao drama do público, mas oferece mais que uma resposta defensiva para uma era acusatória. Aqui está uma mulher jovem, ciente de sua potencial data de expiração, pronta para retirar as camadas de seus advogados e contar a verdade sobre o quadro geral, para finalmente escrever sua própria história.

A narrativa traça vagamente a jornada musical de Swift, com clipes de arquivo selecionados, de performances de uma criança de 12 anos a shows de estádio esgotados, mas também não é exaustivo. Ninguém havia filmado Swift no estúdio gravando antes, o que permite alguns momentos para os fãs: o planejamento do vídeo de ‘ME!’ muito empolgada; tocando os acordes de ‘Lover’; transformando a acumulação de anos em “The Man”. Mas a era Red de 2012 está quase totalmente ausente e não espere nenhum passo de dança de 2014 de ‘Shake It Off’- e os cínicos que aguardam um vídeo sobre a letra de ‘London Boy’ ficarão decepcionados.

A diretora Lana Wilson escolhe de ótima forma quais músicas irão ancorar cada vinheta. ‘Out of the Woods’ dá seriedade à confiança de Swift após sua dramática briga com Kanye West, enquanto ‘Clean’ oferece uma atmosfera emocionante em torno do caso de assédio sexual sofrido por Swift. Memórias de um distúrbio alimentar e desacordos políticos são expostas, de forma simples, para mostrar o que Swift estava dizendo a si mesma quando ficou quieta com todo mundo.

É um retrato corajoso e sincero de uma artista que admite que “é hora de tirar a fita adesiva da minha boca para sempre”. Aqueles que a desprezaram por ficar calada na corrida presidencial dos EUA em 2016 recebem uma explicação, e a jovem argumenta bravamente como é quando o mundo se apaixona por você e, de maneira inteligente, permanece confidencial sobre quem ela se apaixonou (por quem continua apaixonada).

Swift sabe que sua influência é gigantesca e finalmente aceita a responsabilidade de usá-la para mulheres autoconscientes, ambiciosas, demitidas quando não se encaixam mais nos moldes ou evitadas quando outra voz as considera não suficientemente fortes. Os anos de luta, de busca de vingança em silêncio, já se foram há muito tempo – agora, Swift está reivindicando sua coroa como um tesouro nacional. Brilhos, espinhos e tudo.

Nota: 4 estrelas

Resenha publicada pela NME e traduzida pela Equipe TSBR.





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