Aaron Dessner sentou em seu piano no Long Pond Studio, pressionou o pedal e tocou a sequência de quatro notas que mudou sua vida. Foram as quatro primeiras notas — G F E-menor F — de uma música que ele mandou para Taylor Swift em Março de 2020. Hello Awin
Swift é fã da banda de longa data de rock independente de Dessner, The National, e ela entrou em contato com ele de forma repentina durante o início do lockdown da pandemia. “Uma noite eu estava jantando e recebi uma mensagem falando ‘Quem está falando é a Taylor. Você por acaso estaria disposto a colaborar remotamente comigo?’”, Aaron lembrou.
“Eu estava surpreso e disse ‘Tudo bem’”, continuou. “E aí ela disse ‘Me mande qualquer coisa, até o rascunho mais estranho que você tiver’ e eu mandei pra ela uma pasta de coisas que tenho trabalhado. Algumas horas depois ela me mandou aquela música, ‘Cardigan’”
“Cardigan” — que se tornou um hit #1 – iniciou a colaboração que se transformou no conjunto de dois álbuns que reposicionaram a carreira de Taylor, “folklore” e “evermore”. A parceria criativa não terminou aí: ela escreveu e canta “Renegade” para o álbum do projeto independente de Dessner “How Long Do You Think It ‘s Gonna Last?”, que será lançado em 27 de agosto pelo grupo Big Red Machine.
“Nós conversamos sobre isso, como aconteceu de fazermos tantas músicas juntos em um espaço tão curto de tempo?” Dessner, 45 anos, disse em uma conversa em seu jardim, olhando para o lago. “É meio anormal e difícil de sustentar. Você tem essa sequência acontecendo, mas não sabe quando as ideias ou a inspiração ou o brilho vão se extinguir.”
Para Taylor, a música de Aaron Dessner liberou novas ideias. “A qualidade que realmente me confundiu sobre as faixas instrumentais do Aaron foi que elas eram imediatamente muito visuais”, Taylor escreveu em um email. “Assim que eu ouvi a primeira, eu entendi por que ele as chama de ‘esboços’. A primeira vez que eu ouvi a melodia de ‘cardigan’, eu vi saltos sobre paralelepípedos. Eu sei que tinha que ser sobre desencontros de adolescentes e a perda do que poderia ter acontecido”.
Ela acrescentou: “Eu sempre fui muito curiosa sobre pessoas com sinestesia, que veem cores e formas quando elas ouvem música. O mais próximo que eu experimentei disso foi quando ouvi as faixas instrumentais do Aaron”.
O estúdio é em um celeiro convertido a alguns passos da casa de Dessner em Hudson, N.Y. É um cômodo aberto, com um teto alto de igreja, janelas altas e vista para a floresta, organizado para gravar todos os seus instrumentos – violões, teclados, bateria, percussão – o que as ideias pedirem. Ele pode abrir a janela e deixar entrar o som de pássaros, insetos, sapos e o vento das árvores.
Dessner fundou a Big Red Machine com Justin Vernon, do Bon Iver. O novo álbum inclui, como Dessner disse, “quase todo mundo com quem eu fiz um disco”: Bryce, seu irmão, Robin Pecknold, Anaïs Mitchell, Sharon Van Etten, Lisa Hannigan, Naeem, Ben Howard e outros. “Criar e contribuir com uma comunidade musical importa muito para o Aaron”, Swift escreveu. “Ele tecnicamente está na indústria musical, mas o que ele realmente quer é tocar e fazer música com seus amigos”.
Paradoxalmente, o esforço coletivo feito pelo Big Red Machine se tornou algo extremamente pessoal. Conforme Dessner e os outros artistas faziam as músicas, na maioria das vezes remotamente, os temas se uniram: memórias de infância, perda da inocência e dificuldades com a saúde mental. E depois de anos trabalhando no background- no The National e como produtor para outros compositores- Dessner deu um passo à frente e, em algumas músicas, foi o vocalista principal.
“Eu lembro que ele estava realmente nervoso em ter seus próprios vocais lá”, Mitchell disse de Vermont pelo telefone. “E eu estava tipo, você absolutamente deveria fazer isso. Especialmente por causa de seu trabalho com Taylor durante o ano passado, foi realmente legal ter as pessoas olhando os bastidores, para saber quem é a pessoa por trás desses trabalhos”.
Dessner e Swift gravaram “Renegade” em Los Angeles, durante a semana anterior ao Grammy 2021; dias depois, eles ganharam o prêmio de Álbum do Ano pelo “folklore” (junto com o outro produtor, Jack Antonoff). Dessner já tinha um Grammy, de Melhor Álbum Alternativo com o álbum do The National “Sleep Well Beast”, mas isso foi algo muito maior. Ultimamente, ele tem sido “abordado pelas pessoas,” diz ele.
Entrevista publicada pelo New York Times e traduzida e adaptada pela Equipe TSBR.
Erro: nenhum feed encontrado.
Vá para a página de configurações do Instagram Feed para criar um feed.