Na sexta-feira passada (19), Taylor Swift lançou seu 11º álbum, “The Tortured Poets Department”. Às 21h (BRT) do mesmo dia, a cantora soltou no Youtube o videoclipe impecável do lead single “Fortnight”, sua colaboração com Post Malone.

Dito isso, separamos as principais referências do clipe que, pela estética, foi construído em cima de uma base audiovisual bem sólida e específica, tirando inspirações dos filmes antigos de ficção científica das décadas do século XX.

Créditos do videoclipe:

Direção e roteiro: Taylor Swift (cardigan, All Too Well: The Short Film, Anti-Hero)
Diretor de fotografia: Rodrigo Prieto (Barbie, Assassinos da Lua das Flores, O Lobo de Wall Street)
Produtora: Jil Hardin (Blank Space, Out Of The Woods, Look What You Made Me Do)
Editor: Chancler Haynes (Bad Blood, Lavender Haze, I Can See You)
Direção de produção e design: Ethan Tobman (O Menu, Pam & Tommy, Free Guy – Assumindo o Controle)
Efeitos visuais: Parliament VFX (Anti-Hero, Bejeweled, Karma)

Referências cinematográficas

A referências mais clara na fotografia e design é, com certeza, o filme “Pobres Criaturas” (2023), de Yorgos Lanthimos. Utilizando recursos do modernos, o longa foi um resgate ao gênero de ficção científica surrealista.

Screenshot

Servindo de referência e inspiração até mesmo para “Pobres Criaturas”, Taylor trouxe claramente esse toque experimental do filme “Frankenstein” (1931), de James Whale, para seu novo videoclipe.

Alguns fãs apontaram o figurino semelhante de “Pearl” (2022), bem como o sentimento conflitante da protagonista, como uma ponta de inspiração, mesmo que pouca.

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Análise do clipe

Taylor Swift começa deitada presa em uma cama de estrado, em uma sala toda branca. Enquanto canta “Era pra terem me internado / Mas esqueceram de vir me buscar / Eu era uma alcoólica funcional até que ninguém / Notou minha nova estética”, a impressão que temos é que ela está em um manicômio. Alguns segundos depois, um médico chega e lhe entrega um remédio que, segundo o rótulo, a fará “esquecer dele”. Após tomar o remédio de esquecimento, a personagem de Taylor é solta.

Um dos pontos que, pelo frenesi, quase acabaram passando batido pelo público de Taylor foi o segundo cenário mostrado no clipe. A personagem principal entra em – obviamente – um departamento com diversos poetas torturados escrevendo em suas máquinas de datilografia. Nenhum poeta na sala possui rosto ou feição, além dela e do personagem de Post Malone que sentam de frente um para o outro, em uma visão que parece ser dois colegas de trabalho que estão nutrindo sentimentos onde não poderiam.

A questão é: essa visão, de dezenas de poetas sem identidade apenas escrevendo em um departamento qualquer, nos diz muito sobre a referência utópica que Taylor colocou nesse clipe. Em inúmeras produções sobre sociedades do futuro, vemos pessoas trabalhando condicionadas a um mundo sem perspectiva, sem propósito, sem sentimentos, onde produzir pelo bem da quantidade acima da qualidade é obrigatório, muitas sob governos fascistas. Alguns exemplos populares são o livro “1984”, de George Orwell, “Ruptura”, a série da Apple TV+, e até mesmo o sucesso adolescente “Divergente”, de 2014.

Na cena do clipe de Taylor, a única coisa além do preto e branco daquele departamento são os sentimentos dos dois personagens, que parecem romper a barreira da poesia e literalmente expandir em duas grandes nuvens de cor, destacando-se naquele mundo onde esses poetas não podem sentir e amar. Aí vemos o porquê, talvez, a personagem de Taylor tenha sido internada na primeira cena: ela foi contra esse sistema.

Taylor e Post cantam “Todas as minhas manhãs são segundas-feiras / Estou presa em um fevereiro sem fim / Eu tomei a pílula milagrosa para seguir em frente / Os efeitos foram temporários”. O que nos indica que ambos não se reconhecem inteiramente na cena do departamento, apenas seus sentimentos falam mais alto. Mesmo após tomarem o remédio para se esquecerem, eles não conseguem evitar a conexão que possuem.

Na próxima cena, vemos a memória que junta esses dois personagens: eles tiveram, de fato, um relacionamento e foram condicionados a se esquecerem – seja pelo sistema ou por decisão própria, em um daqueles momentos em que o sentimento de perda é tão forte que não aguentamos a dor de conviver com ela. Uma característica dessa cena em particular é que tudo o que estamos vendo está na mente da personagem principal; isso porque a forma exata do perfil de Taylor está representada no chão onde eles estão deitados.

Em um contraste às cenas que eles estavam compartilhando, Taylor canta “Às vezes nos encontramos, você comenta sobre o meu moletom / Agora, você está na caixa de correio, viramos bons vizinhos” e corta da expressão afetuosa que ambos davam um para o outro para uma expressão magoada e até mesmo rancorosa. No final dessa cena, Taylor e Post aparecem numa confusão de emoções, tentando passar por isso e se tocar.

Em outro corte, somos apresentados a um laboratório médico, com uma referência ao filme “Frankenstein” e aos métodos arcaicos de terapia de choque, usados em hospitais psiquiátricos (ou manicômios) de antigamente. A personagem principal está passando por esse experimento agressivo e enquanto o personagem de Post Malone, que trabalha no laboratório, analisa as ondas magnéticas de seu cérebro, ele consegue identificar a frase “eu te amo, está arruinando minha vida”. É nesse momento que ele percebe que precisa salvá-la. Novamente, mesmo após se esquecerem previamente um do outro, eles encontram um caminho para este amor e retomam a conexão que foi perdida.

O último cenário nos mostra os dois em uma colina; ela enfrentando a chuva e ele isolado em uma cabine de telefone. Então flashbacks das primeiras cenas aparecem com ela destruindo o departamento e sua sala no hospital psiquiátrico.

É quando o personagem de Post sai da cabine de telefone e alcança a personagem de Taylor. Ambos encontraram o caminho de volta um para o outro e agora ele segura a mão dela.

Easter-eggs e detalhes

  • O vestido da primeira cena é muito semelhante ao vestido que ela usou no Grammy Awards 2024, quando anunciou o álbum.
  • As tatuagens que aparecem no rosto de Taylor após ela tirar a maquiagem são as de Post Malone.
  • As presilhas no cabelo de Taylor formam o número 13 em algoritmos romanos: XIII.
  • O figurino que Taylor Swift usa na segunda cena é um vestido vitoriano de luto. O período vitoriano ocorreu entre 1830 e 1900. O ano de 1830 é mencionado na canção “I Hate It Here”, que está na tracklist do lado B do álbum.
  • Quando a cena corta para uma memória na cabeça de Taylor, ela está lendo um livro que diz “US” (nós). Essa pode ser uma referência a “The Story of Us” (A Nossa História).
  • No laboratório, um cachorro preto passa na frente de Taylor. “The Black Dog” é o nome de uma canção no lado B do álbum.
  • Os médicos do laboratório são Ethan Hawke e Josh Charles, que interpretaram Todd Anderson e Knox Overstreet em “A Sociedade dos Poetas Mortos” (1989). No clipe, os jalecos possuem “Dr. Anderson” e “Dr. Overstreet” como identificação. Josh, em seu Instagram, comentou sobre a participação: “Eu admiro Taylor há muito tempo, mas conhecê-la pessoalmente levou meu lado fã a um nível totalmente novo. Genuína, gentil, acessível e um ser humano estelar – sem mencionar que é uma grande diretora.” Ethan Hawke também agradeceu a experiência: “Todd e Knox de DEAD POETS SOCIETY possuem doutorados no THE TORTURED POETS DEPARTMENT. É uma grande honra.”





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