15 de outubro de 15 Autor: Taylor Swift Brasil
“A entrevista mais honesta de Taylor” para a GQ

A GQ é uma revista com um público proeminentemente masculino. Mas isso não significa que eles estejam imunes a atração de Taylor Swift.

Em uma das capas mais ousadas da carreira da cantora, ela se abriu de maneira honesta na entrevista tocando em assuntos polêmicos. Leia abaixo:

Não nos contaram que não se fazem mais estrelas pop dessa magnitude? Ninguém contou isso para Taylor Swift. Chuck Klosterman interroga o ser humano mais popular do momento.

“Aquilo é um paparazzo”, ela diz quando deixamos um restaurante, apontando para um carro cinza aleatório que parece o modelo padrão em uma concessionária especializada em carros cinzas aleatórios. Seu segurança observa que pode não ser um paparazzo porque não teria como um paparazzo nos encontrar em um restaurante pouco glamuroso e discreto. Mas, aparentemente, como qualquer outra observação que ela já fez, Taylor Swift está certa. O cara no carro está tirando fotos dela. Isso parece a irritar, mas só um pouco.

É agosto no sul da Califórnia. Nós entramos em uma grande Toyota e nos dirigmos para a residência de Swift na Costa Leste, localizada em uma parte rural de Beverly Hills. O carro cinza nos segue pelo Franklin Canyon. Swift tira seu celular e começa a me mostrar imagens da gravação do clipe de “Wildest Dreams”, inclusive um trecho de una girafa lambendo a sua face. Ela tem mais fotos em seu telefone do que qualquer pessoa que já conheci. “Queria que esse clipe fosse sobre filmar um filme dos anos 50 na África”, ela explica. Swift desenvolveu o conceito depois de ler um livro de Ava Gardner e Peter Evans, “The Secret Conversations“. Sua premissa para o clipe (o filho de Clint Eastwood é o coadjuvante) é que — como as redes sociais não existiam nos anos 50 — seria impossível que atores não se apaixonassem se estivessem isolados juntos na África, já que não teria mais ninguém para se conversar.

Conversamos um pouco sobre Ryan Adams e um pouco sobre livros. Swift menciona que ela escreveu um livro de ficção chamando “A Girl Named Girl” quando tinha 14 anos e seus pais ainda o tem. A pergunto sobre o que era, achando que ela irá rir. Mas a sua memória sobre o tema é notavelmente detalhada (é sobre uma mãe que quer um filho mas acaba tendo uma filha). Se ela lançasse hoje, seria imediatamente o livro para jovens-adultos mais vendido no país. Quando ela tinha mais ou menos a mesma idade, a família de Swift se mudou da Pensilvânia para Nashville, para alavancar a sua carreira musical. Pergunto o que ela acha que aconteceria se ela nunca tivesse se mudado e se nunca tivesse se tornado uma artista. “Ainda estaria envolvida com música no meu tempo livre”, ela diz. “Mas teria ido para a faculdade e provavelmente estaria envolvida com uma forma de negócios com a qual ideias e palavras fossem o central. Tipo marketing”. Ela volta ao celular e começa a procurar por uma mensagem de voz antiga que enviou para Jack Antonoff da banda Bleachers enquanto escreviam músicas para o 1989. O apelido que Antonoff deu para Swift é Dead Tooth, uma referência à um pequeno acidente dental. Enquanto ela me diz isso, seu telefone toca. A tela diz que a ligação é de J TIMB. “Meu Deus. Justin Timberlake?” Sua surpresa não parece artificial. “Posso atender?”

Ela atende. O volume do seu celular é alto o suficiente para que eu consiga ouvir os dois lados da conversa. Swift explica que está a caminho de sua casa, mas que ela não pode ficar lá porque estão reformando quase todos os cômodos. “Já assistiu ao filme The Money Pit?”, Timberlake pergunta. Ela não assistiu, então Timberlake faz um pequeno resumo. Ele tem um bebê de 4 meses e está constantemente cansado, e ainda assim não consegue dormir. Ele pede conselhos para dormir pra Swift. Swift pede para que o motorista pare o carro, já que está perdendo sinal enquanto dirigimos pela montanha. O paparazzo no carro cinza passa casualmente, tendo nos seguido não tão discretamente pelas últimas cinco milhas.

A conversa dura cerca de 15 minutos (o que é estranho, já que estou sentado ao seu lado obviamente fazendo anotações). “Você nunca irá envelhecer”, Swift garante a Timberlake. “Isso é um fato científico. É medicinal”. Até mesmo o seu sarcasmo é inspirador. Eventualmente JT a conta que o motivo da ligação é porque ele quer cantar “Mirrors” com ela na última noite das próximas cinco datas que ela tem marcadas no Staples Center. (Mais tarde, Swift levaria convidados especiais para todos os shows) Ela reage a esta notícia da mesma maneira que uma menina do Nebraska reagiria se fosse informada que um teste de paternidade revelou que Taylor Swift é sua irmã biológica.

Quando ela encerra a chamada, Swift me olha e diz: “Isso é tão louco, isso é tão louco”. Ela repete a frase quatro vezes, cada vez em maior volume.

Agora, dentro da minha cabeça, estou pensando uma coisa: isso não é remotamente maluco. Por que o Justin Timberlake não se apresentaria com a maior artista da América para um público de 15 mil pessoas que vão enlouquecer coletivamente no momento em que ele aparecer? Estaria muito mais surpreso se ele tivesse ligado para recusar. Mas então me lembro que Swift tem 25 anos, e que o seu caráter é baseado em experimentar (e interpretar) o quão louca a sua vida seria se ela fosse exatamente o tipo de pessoa que compraria um ingresso para esse show em particular. Ela tem mais perspectiva do que eu. Toda a extensão de quem ela é e de como ela trabalha é (realmente) “muito louca”, e o que é mais louco ainda é a minha incapacidade de reconhecer o quão louco isso é.

Então Taylor Swift está certa de novo.

Se você não leva Taylor Swift a sério, você não leva música contemporânea a sério. Com as exceções (discutíveis) de Kanye West e Beyonce Knowles, ela é a artista pop mais relevante dos tempos modernos. A grandeza de sua supremacia comercial desafia paralelos — ela vendeu 1 milhão de álbuns em uma semana três vezes, durante uma era em que a maioria dos grandes artistas estão gratos de mover 500 mil álbuns em um ano. Se uma gravação tão dominante quanto o 1989 tivesse existido em 1989, a termos de comparação, teria passado as vendas de Thriller. Não existe uma demografia que ela não atinja, o que é obviamente raro. Mas o que é ainda mais atípico é como essa onipresença é recebida pela crítica. Swift recebe críticas excelentes, particularmente dos mais significantes árbitros do bom gosto. (Uma matéria de 2011 do New Yorker cita que as críticas a Swift são “quase uniformemente positivas”) Ela nunca sexualizou a sua imagem de forma gratuita e parece ser patologicamente aversa à controvérsias. Não existem antecedentes para uma carreira como essa: de múltiplos gêneros, desde jovem, um colosso reconhecido pela crítica baseado inteiramente em seus méritos de composição intuitiva de uma única artista feminina. É como se o Garth Brooks na metade da sua carreira também fosse Liz Phair, tirando o chapéu e os xingamentos. Como um fenômeno, é absolutamente novo.

E isso, de forma até que previsível, cria novos tipos de problemas.

Até mesmo entre as grandes mentes que falam sobre a música de Swift, existe inevitavelmente algumas análises (e especulações) sobre sua vida pessoal. Ela é uma música completamente capaz que é consumida como uma personalidade dos tabloides. Muitas vezes (e não é como se não fosse justificado), tal binário é atribuído a preconceitos impregnados contra artistas femininas. Mas é mais complicado que isso. Swift escreve sobre sua vida tão diretamente que o ouvinte é forçado a pensar sobre a sua personalidade para poder apreciar completamente o que ela faz criativamente. Esse é o seu grande poder: uma habilidade de combinar a sua arte e sua vida tão profundamente que as duas esferas se tornam mais interessantes para todo mundo, independentemente de seu investimento em qualquer um dos dois.

Swift claramente sabe que isso acontece. Mas ela não pode admitir isso diretamente, porque é o tipo de coisa que só funciona quando parece ser acidental. Ela é cuidadosa com a maneira com que descreve tal processo, porque você não se torna quem ela é por descrever as coisas descuidadosamente.

Mesmo os críticos mais sérios inevitavelmente discutem os aspectos mais tabloides da sua vida. Isso é válido? O fato que você escreve sobre você mesma em um estilo tão confessional requer que pessoas inteligentes olhem para a sua música através destas lentes?

Não acho que exista alguma injustiça quando as pessoas expandem para além da minha música e especulem sobre quem certas músicas são sobre. Eu nunca dei nome, então ainda sito que possuo um certo poder sob o que as pessoas dizem — mesmo que isso não seja verdade, e mesmo que eu não tenha nenhum poder sob o que as pessoas digam sobre mim. O fato que nunca confirmei quem as músicas são sobre me faz sentir como se eu ainda tivesse uma carta na manga. Se você olhar para a sua vida e dizer, “posso tocar em estádio de futebol esgotados pelo mundo inteiro. Posso ligar para meus artistas favoritos e pedir para que se apresentem comigo, e na maioria das vezes, eles dizem sim. Eu posso estar na capa desta revista”– isso é tudo porque eu escrevo músicas sobre a minha vida. Então eu me sentiria meio estranha ao reclamar sobre como isso é tratado.

Mas não estou perguntando se é justo ou não, ou se o lado negativo é compensado pelo positivo. Estou perguntando de uma perspectiva estética: Pensar sobre a sua vida real é uma parte essencial de apreciar a sua música? A sua música poderia ser apreciada da mesma maneira em um vácuo, mesmo se ninguém soubesse nada sobre você?

“Shake It Off” é uma das minhas músicas mais bem sucedidas e não tem nada diretamente, primorosamente, incisivamente pessoal ali. Ninguém diz que eu fico fora até tarde. Só achei que soava bacana.

Você já parou de escrever uma letra fictícia porque temeu que seria aplicada de forma incorreta na sua vida real?

Não. Algumas coisas que escrevo em uma música como “Blank Space” são sátiras. Você toma uma licença criativa e cria coisas que são maiores do que aquilo. Você pode escrever coisas como “fico bêbada de ciúmes mas você irá voltar sempre que for embora porque, querido, sou um pesadelo fantasiada de sonho”. Não é assim que abordo relacionamentos. Mas é legal de escrever a narrativa de uma garota que é louca e sedutora, mas também é glamourosa e louca e manipulativa? Esse era o personagem que eu senti que a mídia tinha feito de mim, e por muito tempo me sentia magoada por isso. Levei para o lado pessoal. Mas com o passar do tempo, percebi que era hilário.

É impossível para uma artista controlar como ela é percebida. Mas uma artista pode antecipar essas percepções, o que quase é tão bom quanto. “Um senso de humor sutil não é traduzido numa escala geral”, diz Swift, “e eu sabia disso quando o fiz. Sabia que muitas pessoas ouviriam ‘Blank Space’ e diriam, ‘viu? Estávamos certos sobre ela’. E nesse ponto, eu decidi que se você não entende a piada, você não merece ela”.

Existe uma longa tradição de músicos expressando (ou fingindo expressar) um certo desinteresse em como são metabolizados pela cultura. Eles afirmam ignorar suas próprias críticas enquanto transmitem uma falta de discernimento sobre o que a sua audiência quer ou espera, já que essas coisas não são facilmente manipuladas. Swift não é assim. Ela tem um foco extrínseco que informa o seu processo criativo. De sua perspectiva, não monitorar como as pessoas veem o seu trabalho se parece mais estranho do que a alternativa.

“Passei por alguns anos em que eu nunca ficava online e nunca olhava os blogs”, ela se lembra. “Isso foi por volta de 2013, quando a única coisa que queriam escrever sobre mim era quando estava com algum cara. É prejudicial de verdade. Você pensa: ‘Todo mundo tem encontros com 22 anos. Tá tudo bem, certo?’ Nope. Não quando você está nesse situação, e tudo o que você faz é tirado de sua proporção e aumentado. E, de repente, tem uma opinião imperativa que não reflete como você vive a sua vida. Então eu não entrei na Internet durante um ano e meio. Eu esqueci a senha do meu Instagram. Mas agora eu dou uma olhada para ver o que está acontecendo. Em 2015, essas coisas importam. Porque se uma quantidade suficiente de pessoas falam a mesma coisa sobre mim, e se eu vejo uma temática, eu sei o que isso significa. Isso já aconteceu duas vezes antes. Em 2010 era ‘ela é muito jovem para ganhar todos estes prêmios. Veja o quão patética ela é quando ganha. Ela é boa mesmo?’ Em 2013 era: ‘Ela só escreve músicas sobre caras para se vingar. Ela é uma galinha. Ela é uma pessoa problemática’. E provavelmente vai ser outra coisa de novo nesse ano”.

Como você vê tal nível de autoconsciência, é proporcional para como você vê Swift como uma pessoa pública. Existe uma sensação perpétua de que nada na sua carreira é acidental e nada na sua vida não é premeditado. Não são ideias estranhas para se ter sobre jovens estrelas proeminentes. O que difere sobre Swift é sua autonomia. Não tem nenhum Svengali dirigindo a sua carreira; não tem nenhuma mãe estranha a empurrando para os holofotes. Ela está em controle total da sua própria realidade construída. Se tivesse uma máquina que criasse humanos a partir de estereótipos positivos do milênio, Swift seria a criação utópica.

“Eu assistia ao Behind The Music todos os dias”, ela diz. (Seu episódio favorito é o sobre o The Bangles). “Enquanto outras crianças assistiam a programas normais, eu assistia o Behind the Music. E eu via todas aquelas bandas indo tão bem e imaginava o que poderia ter dado errado. Pensei muito sobre isso. E o que estabeleci no meu cérebro é que uma falta de autoconhecimento sempre foi a derrocada. Esse sempre foi o catalisador para a perda de relevância e a perda de ambição, e a perda da grande arte. Então autoconhecimento tem sido uma grande parte daquilo que procuro alcançar diariamente. É menos sobre o controle da reputação, estratégia e vaidade do que é sobre tentar desesperadamente preservar o autoconhecimento, uma vez que isso parece ser a primeira coisa que vai embora quando as pessoas encontram o sucesso”.

A vantagem dessa fixação no autoconhecimento é clara. Swift tem a permissão de fazer o álbum que quiser, baseado no justo argumento de que ela entende seu espaço específico na cultura mais do que qualquer um a sua volta. A criação do 1989 é um exemplo perfeito: Ela diz que todos em sua gravadora (Big Machine de Nashville) tentaram persuadí-la a não fazer um álbum completamente pop. Ela narra o rosário de argumentos de vários executivos da da gravadora sobre cada detalhe possível, desde o quanto seu rosto deveria aparecer na capa até como o co-compositor Max Martin seria creditado no encarte.

Até onde posso lhes contar, Swift ganhou cada um desses debates.

“Até chamar esse disco de 1989 foi um risco”, ela diz. “Eu tive tantas conversas intensas onde minha gravadora realmente tentava dar um passo a minha frente. Eu poderia até dizer que todos eles se juntaram e decidiram, ‘Nós precisamos dar algum sentido pra ela. Ela tem uma estabelecida, astronômica carreira bem sucedida na música country. Jogar tudo isso pra cima seria o maior erro que ela poderia cometer’. Mas pra mim, a atitude mais segura que eu poderia tomar seria arriscar grande. Eu sei como escrever uma música. Não sou confiante sobre um monte de outros aspectos da minha vida, mas eu sei como escrever uma música. Eu li uma resenha de 2012 do Red que dizia que eu não era sonoramente coesiva. Então foi isso que eu quis pro 1989: um guarda-chuva que estaria sobre todas as músicas para que elas pudessem estar todas juntas num mesmo álbum. Mas então fui até o escritório da minha gravadora e eles diziam, ‘Podemos por um violino e um solo de guitarra em ‘Shake It Off’ pra se adaptar às rádios country?’, eu estava tentando fazer o disco mais honesto que conseguisse e eles estavam meio que me pedindo pra ser um pouco desonesta sobre isso: ‘Vamos capitalizar isso para os dois mercados’. Não, não vamos. Vamos escolher um caminho.”

Como quase todas as pessoas famosas, Swift tem duas formas de falar. A primeira é quando ela ativamente molda uma entrevista — otimista, animada, e aparentemente ensaiada (mesmo quando isso é impossível). A segunda forma é do jeito que ela fala quando se preocupa menos com a forma como as palavras serão apresentadas e mais sobre a própria mensagem (queixo ligeiramente para baixo, testa ligeiramente franzida, timbre ligeiramente mais profundo). A segunda é sem equívocos e menos robótica. Mas ela oscila entre os dois estilos fluidamente, pois tanto (a) essa dissonância intencional é menor do que parece, quanto (b) ela pode dizer que eu estou muito mais interessado em qualquer coisa entregue da segunda forma.

Mais tarde no nosso almoço, eu mencionei algo que aconteceu há anos atrás: Por um momento, me encontrei jantando com um antigo conhecido de Swift que sem nenhum constrangimento a descreveu como “calculista”. Este é o único momento durante nossa entrevista onde Swift parece remotamente perturbada. Ela realmente, realmente odeia a palavra ”calculista”. Ela despreza como isso se tornou preso a sua imagem e acredita que a pessoa que eu encontrei foi uma voz singular ao categorizá-la dessa forma. À medida que ela explica essas coisas, sua fala não oscila ao segundo modo.

“Eu estou deixando pensar antes de agir?”, ela pergunta retoricamente. “Tudo isso teria acontecido se eu tivesse? Nesse sentido, eu realmente penso nas coisas antes delas acontecerem. Mas isso é alguém tirando algo positivo – o fato de eu pensar nas coisas e me importar com meu trabalho duro – e tentando fazer uma insinuação sobre minha vida pessoal. Altamente ofensivo. Você pode ser acidentalmente bem sucedida por três ou quatro anos. Acidentes acontecem. Mas carreiras precisam de trabalho duro.”

Aqui nós vemos o dilema indireto de Swift: Qualquer tentativa de parecer menos calculada se mostra mais calculada. Pois a carreira profissional de Swift ascendeu com tanta precisão que logo se assume que sua vida social não poderia ser menos premeditada. Isso se aplica até mesmo a casuais, não-românticos relacionamentos. Nos últimos três anos, Swift construiu um exército voluntário de amigos de alto escalão, muitos deles aparecem em seus vídeos e servem como convidados especiais em seus shows. Em qualquer outra circunstância isso seria visto como uma característica simpática; Leonardo DiCaprio teve um comportamento similar nos anos 90 e todo mundo achou o máximo. Mas de alguma forma é diferente quando quem está no comando é Swift. As pessoas ficam céticas. Seus amigos famosos são marginalizados como aquisições, selecionados para ocuparem papéis específicos, quase como membros da Liga da Justiça (“a modelo magra e delicada”, “o criativo artista indie”, “a informante da terceira-onda do feminismo”, etc). Tais percepções deixam Swift perplexa, que é genuinamente obcecada com essas ligações. “Eu honestamente acho que minha falta de amizades femininas na escola seja o motivo de minhas amizades serem tão importantes agora”, ela diz. “Pois eu sempre as quis. Era difícil ter amigos.”

Pessoas populares geralmente afirmam que um dia não foram tão populares, então eu peço a Swift um exemplo específico. Ela conta uma história sobre a escola, quando ela ligou pra vários colegas os chamando pra ir ao shopping. Toda garota tinha uma desculpa diferente para não ir. Então, sua mãe concordou em levá-la ao shopping local. Quando elas chegaram lá Swift viu todas as garotas pra quem ela havia ligado se divertindo na loja da Victoria’s Secret. “Eu lembro de minha mãe olhando pra mim e dizendo, ‘Nós vamos ao shopping King of Prussia’, que é um grande shopping da Pensilvânia, 45 minutos mais longe. Então saímos e fomos a um shopping melhor. Minha mãe me deixou escapar de certas coisas que eram muito dolorosas pra se lidar. Conversamos durante todo caminho até lá e nos divertimos fazendo compras.”

Esse incidente parece ser o gênese de um verso de uma música sua de 2008 chamada ‘The Best Day’, uma conexão que ela não percebe ao me contar a história. Uma pessoa sínica poderia ler algo nessa anedota e transformar em uma metáfora sobre o capitalismo ou sobre paternidade ou criatividade ou Pensilvânia. Mas no âmbito da nossa conversa, eles não parecem metafóricos. Parecia uma memória (muito real) que poderia ser mais internamente motivadora do que qualquer desejo simplista por dinheiro ou poder.

Então é injusto categorizar Swift como calculista? Talvez, e especialmente se você olhar pra esse termo de forma exclusivamente pejorativa. Mas chama-lá de inocente seria ainda mais louco. Swift encara suas letras como a parte mais importante de sua arte (“As letras são o que eu quero focar”, ela afirma), então nós passamos algum tempo parafraseando passagens de músicas específicas. Aqui está como ela disserta a conjectura sobre ‘Bad Blood’, um single que foi universalmente associado como sendo sobre Katy Perry.

Você nunca revela para quem suas músicas são, mas você aceita que se muitas pessoas acreditam em alguma coisa, isso se torna um fato. Então ao não dizer sobre quem você está compondo, você não estaria permitindo que o consenso público dite o significado do seu trabalho? Se todo mundo acha que “Bad Blood” é sobre alguém em especial, você não está permitindo que a cultura crie um fato sobre a sua vida?

Você está em uma entrevista para a Rolling Stone e o repórter diz: “Sobre quem é esta música? Parece ser um momento intenso da sua vida”. E você está lá, sabe que está de boa com o seu ex-namorado e não quer que ele – ou sua família – pense que você está atirando pedras nele. Então você diz: “É sobre perder uma amiga”. E é basicamente tudo o que você diz. Mas então as pessoas twittam de forma misteriosa sobre o que você quis dizer. Eu nunca disse nada que apontaria o dedo na direção especifica de alguma pessoa em especial e eu durmo tranqüila sabendo disso. Eu sabia que a música seria direcionada para uma certa pessoa, e o alvo mais fácil seria alguém que eu não queria que fosse rotulado com essa música. Não é uma música sobre decepção amorosa. É sobre perder uma amizade.

Mas ninguém acha que essa música é sobre um cara.

Mas eles teriam achado. Então eu não ligo muito sobre quem as pessoas acham que é sobre. Eu só precisava os desviar do alvo mais fácil. Ouça a música. Não aponta para nenhuma pessoa ou alguma situação. Mas se você ouvisse os meus outros quatro álbuns, você pensaria que era sobre um cara que partiu meu coração. E nada poderia estar mais longe da verdade. Foi importante mostrar que perder amizades pode ser tão devastador quanto perder um relacionamento romântico.

Agora, existe mais do que algumas moléculas de bobagem nessa resposta. Quando Swift diz: “E é basicamente tudo o que você diz”, ela se esquece de mencionar que ela também disse ao repórter que o desafeto surgiu de um conflito de negócios, e que o individuo em questão tentou sabotar uma turnê de arenas ao contratar alguns de seus empregados. Esses detalhes reduzem dramaticamente o número de candidatos em potencial. Mas considere o brilhantismo maior da estratégia: Para evitar um rumor que ela não queria, ela propagou a existência de um rumor diferente que oferecia um valor agregado ao processo de criação da música que a fazia mais interessante.

Swift consegue produzir o tipo de mitologia que aconteceu por acidente com Carly Simon.

Falando em acidentes, uma notícia fresquinha: Eles acontecem com Taylor Swift, também. Ela acredita que o acidente com maiores conseqüências de sua carreira foi quando Kanye West famosamente invadiu o palco durante seu discurso de agradecimento no MTV Vídeo Music Awards de 2009. Fico surpreso quando ela trás isso à tona sem avisos, porque ela mal falou do incidente em quase cinco anos, fora da (comicamente óbvia) ‘Innocent‘. Mas as pazes foram feitas e os sentimentos foram sentidos. Nos VMAs desse ano, Swift calorosamente apresentou o troféu de Vídeo Vanguard para West. Ela provavelmente será Secretária de Assuntos Internos quando ele se tornar presidente.

Swift foi louvada por lidar com a invasão de West em 2009 com graça e compostura, mas suas memórias pessoais do evento beiram a confusão. Quando West pulou no palco, Swift achou que ele iria fazer uma apresentação especial, a homenageando por ser a primeira artista country a receber um VMA. Ela realmente não fazia idéia do que estava acontecendo. “Quando a platéia começou a vaiar, eu achei que eles estavam vaiando porque também achavam que eu não merecia o prêmio. Foi aí que eu fiquei magoada. Fui para os bastidores, então tive que parar de chorar para cantar cinco minutos depois. Disse para mim mesma que tinha que cantar, e tentei me convencer que talvez não fosse nada tão importante. Mas foi a maior surpresa da minha carreira. E para agora estar em um lugar em que Kanye e eu respeitamos um ao outro – é uma das minhas coisas favoritas que aconteceram na minha carreira”.

Swift analisa suas amizades com tanta freqüência que eu eventualmente a pergunto o que parece uma pergunta óbvia: Ela se sente solitária? Ela responde literalmente falando sobre [o seriado] ‘Friends’. “Estou rodeada de pessoas o tempo todo”, ela diz. “Grandes quantidades de pessoas. Faço meet-and-greet todas as noites da turnê, são 150 pessoas. Antes disso, é um meet-and-greet das rádios com 40 pessoas. Depois do show, são mais 30 ou 40 pessoas. Então eu vou para casa e ligo a TV, e tenho a Mônica, o Chandler, Ross, Rachel, Phoebe e Joey em uma maratona de Friends, não me sinto sozinha. Fiquei no palco por duas horas falando com 60 mil pessoas sobre meus sentimentos. É um grande estímulo social. Quando chego em casa, não tem uma parte de mim que deseje estar perto de pessoas”.

Isso é compreensível. Ainda, aponto para uma coisa que qualquer músico obcecado com autoconhecimento sem dúvidas reconheceria: Em retrospecto de um contexto de um episódio hipotético de Behind the Music, essa piada seria colocada como algo deprimente. Pintaria o retrato de uma artista super famosa passando seu dia emocionalmente com milhares de estranhos, para voltar para uma casa vazia na companhia de uma via só com personagens de duas dimensões.

Ela não percebe a ironia?

Oh, ela percebe. Mas não significa que seja real.

“Existe uma coisa chamada ter o suficiente”, ela diz com a sua voz normal. “Você pode pensar que um meet-and-greet com 150 pessoas soa triste, porque você acha que estou sendo forçada a fazê-lo. Mas você se surpreenderia. Uma conversa significativa não tem que durar uma hora. Um meet-and-greet pode parecer estranho para quem nunca fez um, mas depois de dez anos, você passa a apreciar a felicidade quando ela acontece, e essa felicidade é rara e passageira, e você não é intitulado àquilo. Sabe, durante os primeiros anos da sua carreira, a única coisa que te dizem é: ‘Aproveite. Apenas aproveite’. É tudo o que te dizem. E eu finalmente sei como fazer isso”.

Taylor Swift tem 25 anos. Mas ela é mais velha que você.

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