“Eu tive uma ideia” Taylor Swift diz perto do final de Miss Americana, documentário sobre sua vida e carreira dirigido por Lana Wilson. Momentos depois, casualmente segurando seu iPhone e encostada no sofá em seu estúdio, Taylor canta o refrão do que se tornaria “Only The Young”, soando como se estivesse recitando uma canção antiga em vez de algo novo. “Essa música em particular e o processo de criá-la são os exemplos perfeitos de quão visceral pode ser escrever uma música”, Swift conta para a Vanity Fair por email. Com a composição, ela continua, “você tenta se transportar de volta para um momento em que você sente uma intensa emoção e escreve desse lugar. De vez em quando, você acaba no estúdio naquele exato momento em que você estava sentindo aquela emoção crua”.
Esse tipo de paixão é presente por todo Miss Americana. Em vez de optar por uma biografia elogiosa para reforçar ainda mais “o mito Swift”, Wilson focou na transição da cantora, quando ela terminou a Reputation Tour e começou a criar seu álbum de 2019, Lover. O filme deixa que Swift discuta abertamente sobre assuntos delicados, que ela frequentemente evitou em entrevistas: sua luta contra um distúrbio alimentar, sua batalha judicial com o DJ que a apalpou durante um meet & greet, seus complicados sentimentos a respeito da fama, gênero e política.
O tempo todo, Wilson captura Swift não só em entrevistas confessionais mas também gravando no estúdio. “Foi a parte mais difícil de ter acesso, o que da uma ideia de como é. Eu acho que, por existirem tantos momentos vulneráveis e emocionantes no filme, gravar ela no estúdio compondo- ela confiar em nós para gravarmos lá- significa muito porque o estúdio e compor é o lugar “de conforto” da Taylor.
“Only the Young” foi escrita em 2018, logo após Swift quebrar seu silêncio em relação à política. Ela tinha apoiado o candidato democrata Phil Bredsen na corrida ao Senado do Tennessee, se colocando contra a Marsha Blackburn. Mesmo que a Taylor tenha inspirado muitos a se registrarem para votar, Blackburn acabou vencendo. Miss Americana captura a devastação de Swift. Quando ela escuta a notícia, ela reage com repulsa descrevendo Blackburn como “o Trump de peruca”.
“No processo quase que inteiro de criação da música, eu estava lutando contra as lágrimas porque eu estava muito triste com o resultado das eleições do meu estado e pelas perdas que os candidatos democratas tiveram em estados como Georgia e Texas”, ela escreve. “Eu não queria que a derrota e a desesperança que senti pelo futuro do nosso país tomassem conta de mim, eu não queria lamentar. Eu queria ter esperança. Escrever “Only the Young” me ajudou a passar por aquele momento e me deu esperança para continuar lutando pelo que acredito ser o certo.
A parte da composição teve um apelo inegavelmente cinematográfico. De Lady Gaga cantando “Shallow” num estacionamento em “Nasce uma Estrela” a Torrence Howard gravando “It’s Hard Out Here for a Pimp” em “Ritmo de um Sonho” a Eminem debruçado sobre uma pilha de papel enquanto escreve “Lose Yourself” em “8 Mile”, há algo irresistível em assistir artistas criarem. A diferença, no entanto, entre esses filmes — todos vencedores do Oscar de melhor canção original — é a característica das narrativas. todas com roteiros criados para melhorar o processo da composição. “Miss Americana” é uma obra de arte não ficcional.
“É o tipo de coisa que você sempre torce que aconteça quando você está fazendo um filme, mas nunca é garantido que esse tipo de magia irá acontecer na sua frente, na frente da câmera”, Wilson conta sobre gravar a criação de “Only the Young”. “Eu me lembro de deixar a sala no fim daquela noite e sentir, tipo, ‘É por isso que faço o que eu faço’”.
Swift escreveu a canção para motivar os jovens, mas Wilson vê poder no processo de composição em si. “O melhor feedback que tive foi ver crianças e adolescentes começando a criar arte pela primeira vez sem ter medo porque eles viram um exemplo disso com os próprios olhos.”
Nove turbulentos meses após Swift lançar “Only the Young”, ela deu licença gratuita para a canção ser usada num vídeo de campanha ‘vira-votos’ de Eric Swalwell, deputado da Califórnia. O vídeo misturou à música manchetes sobre acontecimentos importantes do ano, como a pandemia e os protestos pela justiça, e palavras de um discurso de Kamala Harris. “Como uma artista country, sempre fui ensinada de que era melhor se manter fora [de assuntos políticos]”, Swift escreveu, acrescentando, “A presidência de Trump me forçou a me inclinar e me educar sobre isso. Me encontrei falando sobre o governo, a presidência e a política com meu namorado [o ator Joe Alwyn], que me apoiou quando decidi me pronunciar. Eu comecei a falar com minha família e amigos sobre política sobre o meu posicionamento o máximo que eu podia. Estou orgulhosa por ter superado o medo e a dúvida e poder endossar e apoiar lideranças que nos levam além desse desolador e divisivo momento da história.”
Esse ano, o Oscar poderia dar um novo significado à jornada da canção, mas a cantora não está pronta para falar muito sobre o que poderia ser sua primeira indicação pela Academia. Aparentemente, até super estrelas podem ser supersticiosas. “Seria algo incrível pra mim, principalmente pelo fato de que “Only the Young” imortaliza um momento pivotal na minha vida e na mobilização do país para caminhar junto rumo à mudança”, ela escreve. “Eu ficaria incrivelmente honrada de ser incluída. Mas estou completamente aterrorizada quanto a ir mais fundo nessa fantasia por medo de dar azar.”
Matéria publicada pela Vanity Fair e traduzida pela equipe TSBR.
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