A imprensa mundial comenta, incessantemente, a inesperada decisão de Taylor ao disponibilizar seu catálogo de músicas na noite de lançamento de Witness, álbum de Katy Perry, com quem Taylor supostamente mantêm um desentendimento de anos.
Confira abaixo a tradução do artigo escrito por Brittany Hodak, empreendedora do mundo do entretenimento que é especialista em música, TV e cultura pop. O texto foi publicado nesta sexta-feira (09), na versão digital da Forbes.
Ame-a ou odeie-a, você precisa dar a Taylor Swift os devidos créditos por sua maestria em estar no círculo de notícias da cultura pop. Ela sabe como jogar — e vencer — o jogo melhor do que, talvez, qualquer outra celebridade da atualidade… e talvez da história da música.
Sem dúvida, você ouviu a notícia de que Taylor Swift permitiu que outros serviços de streaming além do Apple Music (incluindo Spotify, Amazon Music, Tidal e Pandora) disponibilizassem seu catálogo de músicas. Eu posso dizer confidencialmente que você ouviu esta notícia porque ela significa tudo. A novidade está no topo dos assuntos mais comentados do Twitter e de outras redes sociais desde que foi anunciada, e você pode encontrar manchetes sobre isto em todos os sites de notícias, fofoca, entretenimento e negócios.
Ainda que a jogada tenha sido apresentada como uma celebração do certificado de 10 milhões de vendas mundiais do álbum 1989 e 100 milhões de músicas baixadas, não levou muito tempo para que as pessoas percebessem a suposta coincidência: o material seria liberado no mesmo dia em que a nêmesis de Taylor Swift, Katy Perry, liberaria seu novo álbum, Witness.
Os fãs de Swift imediatamente aclamaram o movimrnto como “o shade supremo”: uma vingança por Perry estar falando diretamente e incansavelmente sobre Swift para NME, James Corden e outros veículos enquanto explica sua faixa, “Swish Swish”, uma indireta para Taylor. Swift e sua equipe são mais cuidadosos do que qualquer outra coisa no mundo, o que é parte da razão pela qual ela é a celebridade mais bem paga do mundo. Mas não espere que Swift confirme a especulação. Ela está em silêncio nas redes sociais desde fevereiro, salvo um tweet de condolência depois da tragédia de Manchester e alguns posts de divulgação de seus amigos no Instagram, o que significa que ela acaba de dominar o cenário pop novamente sem sequer precisar dizer uma palavra. A jogada de voltar para o streaming na madrugada de hoje foi mais próxima da perfeição do que nós jamais imaginamos.
A verdade é que o movimento de Swift de liberar seu catálogo no lançamento de Witness foi uma estratégia de marketing brilhante (ainda que um pouco mesquinha). 1989 está agora no território do streaming, depois de passar os últimos meses no fim da Billboard 200, de onde não saiu desde que foi liberado, há dois anos e meio (exceto por algumas poucas semanas que o álbum esteve fora). O consumo em streaming ajuda a determinar a posição de um álbum na Billboard 200, e 1989 tinha a notável desvantagem de estar fora do maior serviço de streaming do mundo, o Spotify. Na última semana, por exemplo, 1989 vendeu 1.903 cópias nos Estados Unidos, mas recebeu os créditos de venda de 4.158 cópias graças aos 1.6 milhões de streams no Apple Music. Este total foi o suficiente para Swift estar na posição 191 do chart. Álbuns de outros grandes artistas, como Kendrick Lamar e Drake, que têm tempo de lançamento semelhante ao 1989, venderam menos cópias do que o disco de Taylor, mas graças aos mais de 10 milhões de streams, estão nas posições 59 e 71, respectivamente.
A razão original para Swift deixar todo o seu catálogo de fora do Spotify em 2014 foi por conta de sua reputação de pagar mal os artistas. Nestes três anos que se passaram, o streaming andou a passos largos para restituir justamente os compositores, fazendo com que o retorno de Swift não se parecesse com um “Estou mudando de opinião agora”. A adição de Troy Carter como diretor global de criação de serviço do Spotify fez com que o serviço renegociasse contratos com proprietários de conteúdo. Pulando para 2017, o fácil acesso ao catálogo dos serviços de streaming é de grande valor para os artistas que estão se preparando para lançar um novo álbum — até mesmo para os maiores artistas do planeta. Ainda que nenhum aviso tenha sido feito, é amplamente especulado que Swift vá lançar seu novo disco no último semestre deste ano. Colocar seu catálogo nestes serviços vai ajudar tanto com as vendas das músicas antigas quanto com o novo lançamento, quando o álbum finalmente for liberado. Ao redor do mundo, o Spotify tem, aproximadamente, o dobro de usuários pagantes em relação ao Apple Music.
O retorno de Swift para os streamings no dia do lançamento de Witness não ajuda Taylor a somente tirar um pouco do protagonismo de Perry, mas também eleva o que seria uma história pela metade [Taylor e Spotify] aos tabloides em todo o mundo. Sem esforços, Swift dominou conversas entre pessoas e lembranças de cada uma delas: não foi preciso música, não foi preciso videoclipe, não foi nem mesmo preciso um tweet. Na próxima semana, quando seus milhões de fãs escutarem suas músicas no Spotify sem parar, ela vai, sem dúvida, se aproveitar de um enorme salto nas paradas musicais. E ainda que seja digitalmente impossível que Swift acumule streams suficientes para ficar acima do Witness na Billbord 200 (seriam necessários centenas de milhões de streams), Taylor Swift foi quem dominou a narrativa… e, às vezes, isto é ainda mais importante.
Sua vez, Katy Perry. O mundo está assistindo.
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