Rina Yang contou como foi trabalhar com uma das compositoras mais conhecidas do planeta, Taylor Swift

O curta de “All Too Well” é acompanhado de uma versão não lançada anteriormente de 10 minutos da música, que apareceu pela primeira vez no álbum Red de 2012. Taylor Swift está atualmente na metade dos relançamentos de sua discografia, para conseguir o controle de sua música depois de seus masters terem sido vendidos contra sua vontade em 2019.

Junto dos relançamentos, há também as faixas “do cofre”, que não foram escutadas anteriormente pelos fãs. “All Too Well” ganhou uma grande popularidade desde o seu lançamento original, tanto pela crítica como pelos fãs, por causa da descrição comovente de uma separação e pela letra poética. 

A diretora de fotografia Rina Yang conversou sobre as pressões e alegrias de filmar um curta-metragem que demorou quase uma década para ser feito. 

O que mais te interessou no projeto?

Eu não tinha gravado uma história de amor como essa antes. Conversar com a Taylor sobre como ela queria abordar a linguagem visual do filme, assim como escutar a faixa e o elenco Sadie Sink e Dylan O’Brien- um ótimo elenco- realmente me fez querer fazer parte do projeto. 

Como foi trabalhar num filme pessoal para a diretora e compositora Taylor Swift? 

Tivemos um momento maravilhoso trabalhando juntas, confiamos uma na outra e isso ajudou a gente a trabalhar mais rápido, sem comprometer a qualidade. Ela é muito colaborativa e detalhista, seu instinto criativo no set é impressionante. Ela sabia exatamente como ela queria todas as cenas do filme e me mostrou como ela queria a edição antes de filmá-lo. 

Algumas cenas a gente apenas sabia como queríamos que fosse emocionalmente, e nós separávamos as cenas com os atores e imaginávamos como iríamos filmar no dia, e outras cenas foram pré-planejadas. 

Como você colaborou com a diretora?.

Trocamos referências visuais e ideias sobre tons de iluminação durante a preparação. Ela me enviou vídeos e filmes e eu os coloquei num documento com algumas sugestões de enquadramento e compartilhei imagens que pensei que poderiam contribuir com a pegada do filme, nas quais ela fez documentários detalhados com o que se destacou para ela. Isso realmente me ajudou a estar na mesma página em como ela imaginava o filme, e a construir nossa abordagem visual. 

Por causa da duração e do foco narrativo como uma curta-metragem, sua abordagem foi diferente dos outros projetos que gravou?  

Taylor tinha escrito lindos scripts curtos, com diálogos para as cenas principais, que foram uma grande inspiração para descobrir como abordar o projeto. 

Eu movi a câmera mais do que costumo mover normalmente, pensando como as cenas iriam acompanhar a música. Mas continuei pedindo para o meu operador de steadicam parar algumas cenas aqui e ali, em vez de deixá-las rolando. Eu queria que fosse como se eu estivesse gravando uma narrativa consecutiva, para que a gente pudesse parar e absorver a atuação do elenco, e para ter pontos de edição.

Taylor também queria que a câmera fluísse em vez do alcance convencional, e optamos pela química entre os atores em vez de dividir as cenas em tomadas delimitadas. Eu gosto quando a câmera está observando e experienciando o que está acontecendo à nossa frente e reagindo a isso, isso funcionou bem para a história e para o impacto emocional que eu queria transmitir com o desenvolvimento das cenas. 

Este projeto foi particularmente animador devido às referências visuais e pistas pelas quais Taylor Swift se tornou conhecida?

Eu não estava muito ciente disso, mas agora eu sei de algumas! Mas não era só isso que me interessava no projeto. Queria fazer parte por causa da diretora, dos atores envolvidos, da história e da faixa de 10 minutos. Embora a música deva parecer longa, não parece. Realmente segura seu interesse pelo aspecto narrativo.

Você sentiu alguma pressão ou empolgação extra devido à paixão da fã-base de Taylor Swift?

Quando se trata de fama e celebridade, não sou a melhor pessoa para perguntar: vivo em uma bolha de diretores de fotografia. Como costumo filmar projetos consecutivos, às vezes tenho que perguntar na internet quem é essa pessoa! Embora eu soubesse quem era Taylor, não percebi bem a magnitude de sua popularidade, então não senti esse tipo de pressão. Tendo trabalhado com ela, eu entendo o porquê. Ela é atenciosa, talentosa e divertida de se conviver. Não é surpresa que os fãs a amem!

De onde veio a decisão de filmar a cena de discussão na cozinha com uma câmera de mão e de uma vez só? E, essa cena foi a mais desafiadora de filmar?

Sempre pensamos que a cena da cozinha parecia uma cena que deveria ser feita com câmera portátil. O fato de ter sido sem cortes não foi planejado, e eu não sabia que seria usada dessa forma. Mas estou muito feliz com o resultado. Foi bastante improvisada e eu estava operando e reagindo à Sadie e Dylan enquanto sua interação se desenrolava durante a tomada. É uma das minhas cenas favoritas, e eu absolutamente amo que Taylor tenha decidido não cortar, é muito mais poderosa dessa forma.

Qual pacote de câmera (e lentes) você usou para se adequar à produção?

Usamos o 235 para handheld e Steadicam, e Panavision MXL para dolly work.

As lentes eram Panavision Primos, com zoom Primo 11: 1. Também testei a Eyemo (minúscula câmera de 35 mm feita em 1925) em Londres antes de voar para Nova York. Gostei da intimidade que você sente com Eyemo e a usei em uma das cenas. Mas, infelizmente, ela continuou travando, então só consegui gravar dois ou três esquetes. Mesmo assim, uma deles entrou no corte final, inclusive no momento em que emperrou, sempre gosto daqueles pequenos acidentes felizes.

Qual foi o momento de maior orgulho durante todo o processo de produção?

No último dia de filmagem, quando nós colocamos as mãos no material dos primeiros 3 dias. Estávamos filmando o fim de semana todo, então não podíamos pegar do laboratório as filmagens até então.

Taylor e eu ficamos em êxtase quando vimos o que tínhamos filmado até o momento, e também fiquei aliviada que tudo estava lá. Filmamos cenas externas no Ektachrome e esse tipo é extremamente sensível  à exposição, mesmo que ligeiramente errada. Eu tinha filmado com ele para a nova temporada de Euphoria, então eu estava familiarizada com as limitações, mas mesmo assim você nunca descansa antes de ver o resultado.

Você só tem 2 paradas para cima e 2 para baixo se quiser reter algumas informações – mas se acertar, vale a pena e é um estoque de filme muito bonito. Sinto falta de filmar em diferentes tipos de filme, como nos velhos tempos, quando tínhamos a Fujifilm e outros tipos de material para escolher, então é ótimo ver que a Kodak está fazendo Ektachrome novamente.

Entrevista publicada pela British Cinematographer e traduzida pela Equipe TSBR.





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