Há quase um ano, Taylor Swift lançou “Lover”, que é como se fosse uma correção animada de seu percurso, para criar uma impressão mais madura para a cantora, que tinha lançado anteriormente seu álbum Reputation, que utilizava muito de sarcasmo e elementos de produção do hip hop para levantar a guerra enquanto a imagem da cantora estava desmoronando, e inimigos surgindo na narrativa. Em janeiro, seu documentário na Netflix “Miss Americana”, que narrou as sessões de Lover e revisitou os destaques de sua carreira na última década, Taylor admite que focou, de uma forma considerável, por aceitação do público: “Em todo meu código moral eu tenho a necessidade de ser vista como boa”, ela disse. Toda a mudança em seu álbum pop 1989 foi uma busca para ser vista como um pacote completo na música, uma correção pela situação embaraçosa que ela passou no VMAs em 2009. Toda a era country da cantora também foi algo feito para agradar as pessoas. Lover, parecia que seria diferente. Mas até mesmo esse charme presente em Lover era ofensivo, cheio de videoclipes brilhantes e músicas agitadas.
Em meio a fundamentos de R&B de “False God” e “I Forgot That You Existed”, os sintonizadores de “The Archer”, o drama do ensino médio de “Miss Americana and the Heartbreak Prince”, o pop exagero de “Me!” e “You Need to Calm Down,” e a rústica tranquilidade de “Soon You’ll Get Better” e “Lover”, meia dúzia de Taylors surgiram da velha Taylor que queimava de raiva em Reputation. De novo, Swift criou uma distância entre seu passado e presente, por meio de brinquedos diferentes que utilizou como munição. Você pode argumentar que o oitavo álbum da cantora, “folklore”, anunciado e lançado em menos de 24 horas antes do fim de semana, é uma outra recalibração de Taylor, negociando melodias crescentes e produções efervescentes para um estilo folk-pop introspectivo. Mas isso subestima a verdadeira utilidade desse caso, dizendo que é apenas uma nova caixa de areia para Taylor. O que faz a diferença nessa coleção de músicas é a relativa falta de um novo som espalhafatoso ou um single óbvio para se tocar nas rádios. Longe da responsabilidade de lançar algo de interesse da audiência, com um lançamento calculado e cheio de atitudes que chamam a atenção, Taylor fica apenas com seus sentimentos e suas histórias no mais novo álbum.
Desafiando a ideia do que uma música pop precisa para ser posta a mesa, folklore prova que Taylor Swift não precisa de muito barulho para chegar a nós como ela vem fazendo nos últimos dez anos. Os acompanhamentos outonais, feitos por Aaron Dessner do The National junto com seu irmão e colega de banda, Bryce, como também com o velho companheiro de produção da Taylor, Jack Antonoff, não são uma rejeição a música pop e muito menos uma diminuição. Na quietude de uma música como “my tear ricochet”, todos os vocais e lentos instrumentos eletroacústicos, não há nada para se esconder – sem barulhos altos, obviamente, e sinos amigáveis e sussurros para elevar o seu potencial. Não é qualquer compositora que conseguira fazer algo assim. O álbum dá certo porque, atrás de todos esses dramas presentes, Taylor Swift é uma super compositora. Suas histórias aqui são mais propositais, um pouco menos pessoais. Ela é obcecada não só por pessoas se apaixonando, mas todo o longo percurso dessas conexões. Há um interesse em múltiplos protagonistas e em histórias que atravessam décadas. O “folk” em folklore não é apenas pelo gênero das músicas, mas também como um sinal que este álbum conta histórias. A marca de Dessner com suas melodias calmas de folk-pop, até então presentes no álbum de 2019 “I Am Easy to Find” do The National, foi o molde perfeito para Taylor mostrar seus dons e acenar para suas influências.
Desde o seu título até as músicas, folklore é um álbum sobre sabedorias e experiências passadas de geração para geração. Na música de abertura “the 1”, Taylor escreve delicadamente: “Você sabe, os melhores amores de todos os tempos acabaram agora”. Isso não a impede de ter uma história de amor ou acenar para algumas das grandes canções de amor da história recente de suas composições. A faixa “the last great american dynasty” reconta a história de Rebekah Harkness, a infeliz herdeira de petróleo cuja vida familiar foi marcada por tentativas de suicídio e acusações de assassinatos. “mad woman” aparece para contar a história de anos atrás, em que uma mulher sem nome tenta seguir a vida apesar de ser perseguida pelas más línguas das pessoas. “epiphany” é um flashback do avô de Swift na operação da Segunda Guerra Mundial, a ofensiva batalha contra o Japão e suas aquisições no Pacífico, que usa a noite escura de um soldado ferido para falar sobre coragem, apesar das doenças e da proximidade da morte. folklore usa alegorias para iluminar realidades presentes que bons compositores americanos e arquivistas fazem. Taylor é capaz de resolver recentes problemas com os homens da indústria da música e explorar toda essa narrativa sem nomear os culpados, para apontar a universalidade da calamidade americana sem se perder nos detalhes.
Enquanto faz tudo isso, folklore faz jus a alguns antecessores, deixados para trás na indústria do rock e pop, como Smashing Pumpkins, Bruce Springsteen, R.E.M, etc. É redundante falar que folklore foi um retorno de Taylor Swift às suas raízes, que alguns fãs esperavam desde Red em 2012 e o principal impulso de 1989. É mais como uma viagem ao universo alternativo onde Rough Trade e o indie rock de 4AD atuam como Mazzy Star e Cocteau Twins, em que tocam os mesmos sucessos dos anos 90, como Cranberries e Sarah McLachlan. O álbum também cumpre a promessa dos fãs de Cowboy Junkies na faixa-título de Lover e confirma o impacto sutil e bem abrangente da guerra eletroacústica no recente trabalho de Bom Iver, que é sozinha, um sucesso dos anos 80/90 da américa.
É tentador dizer que folklore é um álbum de separação, mas não é necessariamente óbvio que Taylor Swift está passando por um término. Será que é sobre sua relação com Joe Alwyn, o namorado que secretamente pareceu inspirar as grandes músicas de Reputation e Lover? Será que ela cansou de tentou agradar todos da sua audiência, lançando músicas que vão entre pop, hip-hop e melodias dançantes? Ou será que ela, assim como todos nós, está apenas sentindo falta de uma vida onde podemos ir e se comportar como gostaríamos, respondendo as mudanças em relações a suas amizades, relacionamentos, vida profissional e vida noturna através de músicas tristes até que o mundo exterior desapareça de vista? Talvez ela nos conte no próximo ano.
Resenha publicada pela Vulture e traduzida pela Equipe TSBR.
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