SÃO PAULO — Da tarde da quinta-feira passada até o fim do expediente do dia seguinte, o banco digital C6 Bank abriu três vezes mais contas do que em um dia comum. Um dos novos clientes é Bárbara Reis, de 21 anos, assistente de mídias sociais em uma agência de publicidade em São Paulo e estudante de jornalismo.
Bárbara confessa que abriu uma conta no banco digital só para garantir um ingresso para o show da cantora pop Taylor Swift, que se apresentará na capital paulista em 18 de julho de 2020. Uma amiga compartilhou em um grupo de WhatsApp de fãs da cantora o anúncio do C6 Bank: clientes do banco teriam exclusividade na pré-venda do show e ainda poderiam parcelar o ingresso.
Criado por ex-sócios do BGT Pactual, o C6 Bank foi lançado oficialmente em 5 de agosto. Assim como o Nubank e outros instituições “moderninhas” que caíram no gosto de jovens que preferem resolver tudo pelo celular, o C6 Bank não tem agências e praticamente não cobra tarifas.
Além de Bárbara, várias outras das 17 participantes do grupo TAYLOR SWIFT @SOA PAULO — as letras trocadas são de propósito, pois o próprio site oficial da cantora errou o nome da cidade ao anunciar o show — baixaram o aplicativo do C6 e abriram suas contas. Uma delas foi a paulistana Mariana Stocco. Ou melhor: Mariana convenceu o pai, avesso às novas tecnologias, a ingressar no banco. Desde 2018, ela vive na Espanha, onde trabalha com eventos, e não pôde abrir uma conta por não ter número de celular brasileiro.
— Meu pai é a pessoa que menos entende de tecnologia. Ele é daqueles que coloca o iPhone desbloqueado no bolso e sai ligando para todo mundo — conta Mariana. — Eu tive que explicar para ele, por telefone, o passo a passo de como abrir uma conta em um banco digital.
Além de discutir o show e o novo álbum da cantora, “Lover”, lançado em 23 de agosto, as membros do TAYLOR SWIFT @SAO PAULO também especularam qual banco ou bandeira de cartão de crédito patrocinaria o show e o ofereceria pré-venda exclusiva a seus clientes. Apostaram que decerto seria um banco grande, desses com agência .
— Não imaginávamos que seria um banco digital — diz Bárbara, que já era cliente do Nubank e Itaú.
Swifties
Bárbara havia conseguido R$ 200 de crédito no C6, mas os ingressos para o show vão custar de R$ 150 a R$ 850. Ficou um pouco triste, mas dias depois seu crédito aumentou para R$ 500. Dependendo das taxas, Bárbara vai poder comprar uma meia-entrada para a Pista Premium.
Já Mariana conseguiu crédito suficiente, mas tinha pensado em alternativas: duas amigas têm crédito para mais de um ingresso, uma delas porque já era cliente do C6.
Alexandra Pain, gerente de marketing do C6 Bank, disse ao GLOBO que o banco está estudando soluções para que todos os swifties (como são chamados os fãs de Taylor) possam comprar seus ingressos, mesmo aqueles que não conseguiram crédito suficiente. A pré-venda exclusiva é uma parceria entre o C6 Bank e a Mastercard. Ambos patrocinam o show.
Segundo Alexandra, a ação com os swifties foi “superpositiva”. Nos primeiros 15 minutos após o anúncio, foram mais de mil novas contas abertas. O número de clientes que têm de 18 a 25 anos aumentou 136% desde agosto.
— Como essa ação foi bem bacana, vamos pensar em novas oportunidades para trazer aos nossos clientes. Música ajuda a conectar muito bem — diz.
O desafio do banco agora é impedir que os swifties abandonem a instituição depois de conseguirem ter nas mãos os tão sonhados ingressos.
Matéria publicada pelo jornal O Globo.
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