Matéria traduzida e adaptada pela Equipe TSBR. Fonte: Rolling Stone.

Por três noites seguidas, ela transformou um estádio abarrotado de gente em Nova Jersey em um mar de alegria, choros e comunhão.

“Jersey, bem vindos à The Eras Tour”, Taylor Swift gritou na noite da última sexta-feira. “Tem uma coisa que eu sonho acordada, que é o entusiasmo infantil de centenas de festas de aniversário, e isso é basicamente a noite 1 no estádio MetLife”. Isso traduz muito o sentimento daquela noite. Ela passou o final de semana em seus shows muito aguardados no MetLife em Nova Jersey, destruindo os corações e pulmões de 83,000 fãs. Todos os três shows foram de um júbilo caótico, cheios de músicas que esperamos anos para cantar. E Taylor sentiu falta disso mais do que qualquer um de nós.

Taylor Swift continua construindo um legado com sua Eras Tour, semana após semana, cidade após cidade, fazendo cada noite parecer mais longa, mais selvagem, mais alta, mais alegre do que precisa ser. Não há nada que se compare na história. Essa é sua melhor turnê de todas, com uma grande margem de vantagem. É uma jornada através de seu passado, olhando para as várias diferentes Taylors que ela já foi, o que significa também as várias Taylors que vocês também já foram. Taylor sempre planeja cada turnê para ser a melhor noite da sua vida. Mas ela planejou essa turnê específica para ser a melhor noite de absolutamente todas as noites da sua vida, cada era que você já viveu está aqui. Ela performa 46 músicas, além de pequenos pedacinhos de algumas outras. Isso significa que esse show tem 22% de seu catálogo musical, e não imagine que ela não planejou dessa forma.

Nesse último final de semana, passei três noites consecutivas nesses shows, cantando e choramingando e sofrendo e agonizando ao longo de uma noite muito Tay-pocalíptica. Mas parece brutal que tenha acabado tão rápido. Ninguém queria que o show parasse. Nem mesmo a Taylor, que pausou o show de domingo sentada em seu piano durante “Champagne Problems” para dizer, “Se vocês acham que estou apenas pensando que isso é normal, eu posso assegurá-los que esse não é o caso. Isso é algo extraordinário.”

Não importa quantas turnês da Taylor você tenha visto antes, tem algo extra sobre a alegria, o desejo, a liberação extática que as pessoas trazem para esse em especial. Ela já teve seis álbuns desde a tour do Reputation, que rolou em 2018, e nós temos alguns sérios sentimentos para atualizar em shows. Para a mulher atrás de mim que respondeu à intro de “All Too Well” ao jogar seus joelhos no chão e que passou todos os 10 minutos da música chorando em posição fetal, eu digo: você é minha heroína.

A vibe comunal é sempre intensa em show de Swift, mas nunca mais do que esse aqui. Eu estava procurando vaga para meu carro na noite 1 por uns 10 minutos antes de alguém que eu nunca tinha visto antes me entregar uma pulseira da amizade escrito “BETTY’S CARDIGAN”, a qual eu ainda estou usando. Eu comprei pacotes extras de lencinhos para secar lágrimas, o que foi muito útil quando o interlude de “Fearless” inspirou alguns chororôs na minha fileira no domingo a noite. Quando Taylor começou com o ato de Evermore com “Tis The Damn Season”, o guardinha veio até mim e disse, “você é a pessoa que tem lencinhos?”. Outros fãs estavam tendo emergências lacrimais, chorando pra mim, “Eu realmente amo esse álbum”. Isso só acontece em um show da Taylor.

O puro bombardeio de canções geniais fisicamente esmagadoras – houve um choque que tomou conta da plateia nas três noites, enquanto ela ia do dueto com Phobe Bridgers em “Nothing New” para aquela que para o show por dez minutos, “All Too Well”, com pessoas prontas para serem carregadas em macas, apenas antes de percebemos que estávamos apenas na metade da noite. Já tínhamos tido algumas horas de show, mas ela ainda não estava nem perto do finalizar. Taylor, o que você sequer está fazendo conosco a esse ponto? Você sabe que ganhou, então qual a razão de manter a contagem?

Um dos paradoxos centrais de Taylor Swift – e essa mulher não é nada a não ser PARADOXOS – é como ela escreve canções sobre as agonias mais minúsculas e secretas, do tipo que você não confessaria nem para seus amigos, exceto que o único jeito que ela conhece de processar esses momentos é transformá-los em canções as quais estádios inteiros cantarão a plenos pulmões. É bem estranho cantar “My Tears Ricochet” em um estádio com 80,000 pessoas, com a Taylor girando em um vestido meio gótico, liderando um procissão funeral de moças enlutadas, vestindo preto. Para a maioria de nós, Folklore e Evermore são álbuns que aprendemos a cantar sozinhos, em um momento de quarentena, medo e isolamento. Ouvir outras vozes cantando essas músicas conosco completamente mudam o jeito como elas batem em nós. O momento quando Taylor chega à quase escondidinha frase, “when I’m screaming at the sky” – e ela realmente grita aos céus – foi catártico em um nível que é totalmente novo para um show da Taylor.

Ousadamente, ela manteve Speak Now no setlist apenas com uma música, talvez pensando que nós estamos prestes a obter o banquete completo quando ela lançar Speak Now (Taylor’s Version) no dia 7 de julho. Mas que música! “Enchanted” foi a única canção que ela precisava dessa época, a única que resume todos os excessos gloriosos e emocionais em suas composições que pegaram fogo nesse álbum. Ela cantou “Enchanted” em um vestido de princesa (novo para esses shows) que capturou o brilho da noite.

Quando ela chegou à era de Folklore, já estávamos algumas horas dentro da apresentação, mas sua brutalidade emocional nunca decepciona – honestamente, a pior coisa que ela já fez foi o que ela fez com a gente. Ela cantou “The 1” no telhado de uma casa – a frase que fez toda a plateia gritar é “You meet some woman on the internet and taaaaake her hooooome”. Ela fez apenas o clímax de “Illicit Affairs”, o cântico “don’t call me kid” – uma canção sobre encontros sórdidos em estacionamentos bateu bastante vindo uma hora depois de “Fearless”, uma música muito diferente sobre um casal em outro estacionamento, mas talvez a mesma garota apenas com alguns anos de diferença. Muitas músicas soam extra catárticas ao vivo, já que virtualmente todos nós da plateia aprendemos a cantar essas canções em um momento de extrema solidão e isolamento. Ela cantou “Betty”, “Cardigan”, “My Tears Ricochet” e a imparável “August”. Além disso, não seria o estilo de Taylor esquecer que o MetLife Stadium é literalmente atrás de um shopping center!

Ela faz canções acústicas surpresas em sua setlist todas as noites, uma na guitarra e outra ao piano. Na sexta, ela cantou “Getaway Car” (com o garoto de Jersey, Jack Antonoff) e “Marron”. No sábado foi uma dupla de canções sobre Nova Iorque, “Holy Ground” e “False God”. Mas os ápices foram no domingo, quando ela escolheu “Welcome to New York”, enfatizando a letra que as pessoas não deram muita bola em 2014 – “You can want who you want – boys and boys and girls and girls”. Depois, ela devastou todos ao tocar “Clean” ao piano. Seu entusiasmo escapava em falas como, “Vocês sempre dão 113 por cento de vocês”, ou, “Vocês vão receber um brinde por isso!”. Na noite de sexta, ela declarou, “Vocês são historicamente uma ótima plateia. Vocês acham que querem continuar com essa tradição?” e, quando os fãs gritaram, ela respondeu, “Eu estava esperando que vocês dissessem isso. Caso dissessem ‘não’, eu abandonaria esse plano completamente.”

Evermore realmente veio grande – pode ser a Era das Eras, aquela que transforma o cenário em algo vivo. É surpreendente como suas canções mais introspectivas se transformam em hits de estádio, desde o pulso da guitarra em “Tis The Damn Season” até a dor cardíaca de “Champagne Problems”. “Willow” se tornou um ritual gótico – os fãs perto de mim disseram, “É aqui que começa uma sessão espírita”. “Marjorie” fez Taylor cantar junto com a voz de sua avó Marjorie Finlay – quase exatamente 20 anos desde o dia em que ela faleceu. “Ela teria amado cantar nesse estádio”, Taylor disse na noite de domingo. “Eu acho que, tecnicamente, ela acabou de cantar mesmo.”

“All Too Well (10 Minutes Version)” foi o ápice, preenchendo o enorme espaço com o som de apenas Taylor e seus milhares de confidentes. Não dava para não evocar o momento quando ela cantou essa canção pela primeira vez no MetLife Stadium – dez verões atrás, em julho de 2013. Naquela noite, já parecia incrível pensar o quão longe ela tinha chegado. Mas dez anos depois, ouvir “All Too Well” no mesmo palco, pareceu resumir todos os lugares pelos quais ela já viajou nessa última década. Como o resto da The Eras, foi uma celebração a todos os chãos sagrados que ela e seu público já pisaram.

Phoebe Bridgers tocou todas as três noites com uma setlist de guitar-hero fantástica – que legal ver “Kyoto” e “Garden Song” ter seu espaço e grandeza em um estádio. Esses foram seus últimos shows como ato de abertura para a The Eras, então ela e Taylor ficaram meio sentimentais sobre isso. Quando subiu ao palco para o dueto em “Nothing New”, Phoebe confessou, “Você é minha heroína”, fazendo Taylor suspirar. “O que você tá fazendo?”, Tay perguntou. “Obrigada por ser minha amiga. Obrigada por fazer a melhor música de todas”. Depois, ela se desculpou com o público. “Desculpa por vocês terem visto isso. Hoje foi o último dia de acampamento de verão para nós”. (Nós somos fãs da Taylor. Estamos acostumados a ver isso, seja já que o que ‘isso’ tenha sido naquele momento). Taylor também se debulhou de amores por seus outros atos de abertura, Gayle, Gracie Abrams, e seu colega de longa data, Owenn. Ela também subiu ao palco para um hino incrível feminista: o clássico de Lesley Gore, de 1963, “You Don’t Own Me”, uma música que Taylor poderia ter escrito.

Ela terminou todas as três noites com uma convidada pra lá de especial: Ice Spice fazendo seus vocais em “Karma”. Na noite de sexta, ela esteou seu clipe de Karma durante o show, sentando no palco ao lado de seus dançarinos para assistir pelo telão junto com os fãs. “Karma” foi uma grande música para terminar o show, mas o mais legal sobre a The Eras Tour é que é algo tão direto, uma história complexa do pop tão rica e profunda e cheia de camadas, mas também é uma história que continua sendo reescrita bem diante de nossos olhos, semana após semana. E não existem dúvidas que essa ‘mastermind’ está no auge de seus poderes criativos, mesmo depois de 17 incansáveis anos. Esse show deixa claro que, de muitas formas, a era Taylor Swift está só começando. (E ah, sim – ao longo do final de semana ela também lançou uma nova canção com o gancho, “I wouldn’t marry me either” – “eu também não casaria comigo’. Sim, ela tem muita coisa rolando no momento.)

Em dado momento na noite de domingo, durante o final do ato de Midnights, eu ouvi vozes e achei que o guardinha perto de mim estava discutindo com um fã. Eu me virei e vi que eles estavam apenas trocando algumas pulseiras da amizade. É esse tipo de show. Esse é o mundo que ela mulher, e apenas essa mulher, consegue criar, em uma escala épica, noite após noite. Não existe outra experiência na música como fazer parte do mundo que Taylor Swift cria por algumas horas. E não há como não ficar alegre ao levar tudo isso com você quando vai embora.





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