Olá, seja bem-vindo ao, provavelmente, dia 139 da quarentena por causa da covid-19. Parece o dia 152 de março. Tudo precisou ser mudado e as celebridades – que normalmente estariam tocando em festivais ou lançariam grandes filmes nesta estação – tiveram que mudar completamente suas agendas. Para muitos, isso significou participar de estranhas entrevistas realizadas pelo Zoom e fazer lives no Instagram. Outros estão gastando todo o seu tempo em suas redes sociais. Para Taylor Swift, significou escrever e gravar um álbum inteiro em só alguns meses e lançar esse trabalho do nada e completo incluindo cardigans.

Sim, nesta manhã Taylor pegou seu Iphone (provavelmente), estralou os dedos, e deu às pessoas o que elas queriam- melhor: PRECISAVAM- anunciando no Instagram e no Twitter que seu oitavo álbum de estúdio, Folklore, estaria disponível meia noite nos EUA (1 da manhã no Brasil). Naturalmente, os fãs surtaram. Só faz um ano desde seu último álbum, Lover, e normalmente a espera por novidades da cantora demora pelo menos dois anos. Não só isso, o álbum vai ter colaboração do Bon Iver e do Aaron Dessner de The National. Parece que, depois de três álbuns de puro pop, Swift está dando uma de Dylan ao contrário, saindo dos equipamentos eletrônicos e voltando para suas raizes de Red. Isso é gigante.

Mas tem algo ainda mais fascinante do que o lançamento surpresa. Isso aconteceu mais de uma vez com outros cantores e ninguém vai conseguir fazer melhor do que a Beyoncé fez. O que mais interessa nesse lançamento é o texto que a Taylor incluiu no seu post.

“A maioria das coisas que eu tinha planejado esse verão acabaram não acontecendo, mas tem uma coisa que eu não estava planejando que ACONTECEU. E essa coisa é meu 8° álbum, Folklore. Eu escrevi e gravei essas músicas em isolamento mas colaborei com alguns músicos que são heróis pra mim; Antes desse ano eu provavelmente pensaria quando lançar essas músicas na hora “perfeita”, mas os tempos que estamos vivendo me mantém a lembrança de que nada é garantido. Minha intuição está me dizendo que se você faz algo que você ama, você precisa soltar isso para o mundo. Esse é o lado da incerteza que posso concordar”.

Arte em tempos de pandemia existem desde que existem artistas e pandemias. Edvard Munch tem literalmente um quadro chamado “auto retrato depois da Gripe Espanhola”, mas a ideia de um álbum na pandemia parece um conceito novo. Enquanto cineastas estão freneticamente tentando achar uma maneira de fazer filmes sem que as pessoas se encostem, musicistas tem mais margem para criação dentro da quarentena(mesmo que ainda não seja fácil). O colaborador de Taylor, Bon Iver fez isso antes que fosse moda e, de acordo com Dessner, a quarentena pode ter sido o motivo da rapidez em que o álbum foi feito. Em um tweet que acompanhava o anúncio do álbum, o guitarrista do The National revelou que ele só ouviu da Taylor a respeito do álbum em Abril, e eles conseguiram fazer 11 músicas sucessivas rapidamente.

“Eu estava em isolamento com a minha família, mas continuei escrevendo várias músicas nos primeiros meses de quarentena, as quais eu compartilhei”, Dessner escreveu. “Achei que ia demorar um tempo para ideias de música surgirem e eu não tinha muitas expectativas em relação a fazermos algo remoto mas, algumas horas depois de compartilhar as músicas, minha tela ascendeu com uma gravação de voz da Taylor de uma canção escrita por inteira- e esse processo nunca parou”.

A produção é um lado da moeda e a recepção é o outro. Embora quase não haja dúvida de que os fãs gastarão todo o seu dinheiro comprando as 16 versões do Folklore, a reação deles sobre o álbum continua um total mistério. Com certeza muitos ficarão felizes em ver Swift retornar ao seu antigo estilo, menos colorido e mais country, mas ninguém sabe como vai ser um álbum de Swift feito de forma remota e em isolamento. Poderia ser uma bagunça, como também poder ser o melhor de sua carreira. Além disso, há algo sobre como as música dessa época vão ficar marcadas, tanto para os Swifties, quanto para os não Swifties. Como minha colega Kate Knibbs observou no início da pandemia do coronavírus, as memórias das pessoas nesse período da história serão focadas na pandemia. Isso afetará a maneira como as pessoas se sentem sobre tudo nos próximos anos, desde o álbum Fetch the Bolt Cutters, da Fiona Apple, a série Tiger King e até o álbum de isolamento de Charli XCX, How I am Feel.

A memória é algo complicado. Nesse momento, em que perdemos a noção do tempo, as coisas acontecem e mudam muito rápido, ficando quase impossível acompanhar. Entre os impactos da constante evolução da Covid-19 e os protestos acontecendo contra a brutalidade policial após a morte de George Floyd, é provável que a memória que mais predomine desse período da história seja a de desgosto e trauma. Um novo álbum de Taylor Swift não pode curar males ou erros, mas pode dar às pessoas algo para ouvir enquanto isso.

Matéria publicada pelo Wired e traduzida pela Equipe TSBR.





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