Como já postamos anteriormente, Taylor Swift é a capa da edição de junho da revista ELLE, que conta com um ensaio fotográfico e entrevista inédita, feita por uma das amigas de Taylor, a escritora e editora Tavi Gevinson, qual você pode ler completa a seguir:
Está ficando bom agora!
Taylor Swift é talentosa, extremamente bem sucedida e tem beleza de super modelo. Pasme, ela ainda é um ser humano (um bem evoluído). Ela falou com sua amiga Tavi Gevinson sobre o amor, sobre compor e sobre as dificuldades que enfrenta por ser um mega sucesso e tomar conta de sua carreira ao mesmo tempo.
Desde que tinha 14 anos eu enchi — desculpa, adornei — a Internet com análises de Taylor Swift. Primeiramente, eu me encantei com o controle que ela tem sobre suas composições e imagem pública do que os outros artistas voltados para pessoas com a minha idade, e como era ter a permissão para expressar minhas emoções sem medo vindo de uma garota segurando um violão, por mais que muitas vezes te chamem de “louca” por fazer isso (o eufemismo sexista para “feminino”). Com o lançamento de seu quarto álbum, ”Red”, em 2012 e uma porção de romances altamente públicos, Taylor foi criticada pela imprensa e outros artistas pelos atos pecaminosos de namorar pessoas e escrever canções sobre isso, ganhando a reputação de louca por garotos e emotiva. Mas eu sempre via os homens em suas músicas como catalistas de seu próprio auto-conhecimento. Em Outubro passado ela lançou o 1989, e se você usa a Internet ou sai de casa, você esta familiarizado com a sua onipresença. Mas eu queria chamar atenção para a mensagem secreta nas letras de “Clean”, a última faixa: “Ela o perdeu, mas encontrou a si mesma e de alguma maneira, isso era tudo”.
Os primeiros quatro álbuns de Taylor foram certificados platina em um total de 21 vezes, mas apesar de seu sucesso sem precedentes na música country, o 1989 é restritamente pop. A mesma mulher que lançou uma música chamada “Forever & Always” no Top 40 das paradas agora declara, em “Wildest Dreams”: “Nada é para sempre”. Ainda assim a sua habilidade de contar histórias e a atenção aos detalhes que foram afinados no country são o que fazem das suas músicas pop inigualáveis. Ela tem 25 anos agora, e com a sua nova perspectiva da data de validade do romance, ela também passou a apreciar o prazer de impermanência de um affair, se recuperar de um coração partido e se reinventar. “Descobrir o que você quer/Ser essa garota durante um mês” se refere às preferências de um amante em “Blank Space” mas também poderia ser aplicado à sua evolução. 1989 fez sua estreia na primeira posição da parada Billboard 200 e vendeu quase 1,3 milhões de cópias na primeira semana. Foi o álbum que mais vendeu em 2014 e já vendeu mais que os seus últimos dois álbuns nos EUA depois de 19 semanas de seu lançamento.
Taylor e eu nos conhecemos em 2012, mas você não pode ir ao apartamento de uma amiga para fazer chili e perguntar: “Mas antes, rapidinho: São ‘Starbucks lovers’?” No entanto, em nome do jornalismo, eu conversei com Taylor na manhã dos Grammys desse ano, em sua casa em LA, sobre tudo isso.
TG: Lena Dunham uma vez disse que não achava que mostrar o corpo dela na TV era corajoso porque coragem é sobre fazer algo que você tem medo, e isso não é assustador para ela. É fácil para você compartilhar tanto da sua vida em seu trabalho? Ou isso era assustador e você superou?
TS: Definitivamente, para mim, não é assustador escrever canções sobre minha vida pessoal. Na verdade, parece que é o meu único jeito de processar emoções. Tipo, muitas pessoas têm um diário em que elas escrevem o que querem, e isso as ajuda a processar os fatos sem necessariamente ter de gritar com alguém. Eu dou prioridade a não ser aquele tipo de pessoa que desconta os problemas nas pessoas ao meu redor. Eu também sei que mesmo que a mídia declare os protagonistas de cada canção, eu nunca confirmarei quem são eles. Isso é um tipo de armadura que eu tenho: É o meu segredo – eu sei o que aconteceu, eu vou contar minha versão dos fatos em meus álbuns, e essas são os verdadeiros relatos do que aconteceu.
TG: O que é assustador para você?
TS: Ai meu deus, várias coisas. Uma coisa em que melhorei foi de pensar que eu poderia fazer uma coisa errada e aí tudo isso desapareceria completamente. Tipo, todo o meu trabalho da vida inteira, todos os álbuns que eu lancei nos últimos 10 anos seriam apagados da história e ninguém mais apreciaria o que eu fiz de bom. Porque, se você sabe da vida das celebridades, isso acontece, sabe? Alguém diz algo doido em uma entrevista ou é pego saindo bêbado de uma boate muitas vezes, quando eles pensavam que eram queridos por todos. As pessoas podem se sentir traídas muito facilmente pelas celebridades. E uma coisa que me assustava muito era fazer com que meus fãs sentissem que não me conhecessem. Então eu tenho que pegar leve comigo mesma em relação a isso. Porque a razão de eu não sair bêbada de boates é porque eu não me vejo fazendo isso tipo, em uma quarta-feira à noite, sabe? E o motivo pelo qual eu não digo coisas loucas e provocativas nas entrevistas é porque eu não tenho tantos pensamentos provocativos. Claro, quando estou com minhas amigas, eu falo com elas sobre as pessoas que me incomodam ou são horríveis comigo ou estão me olhando de um jeito torto em uma festa. Mas, não vou falar sobre isso em uma entrevista. Então, eu preciso acreditar que isso não vá desaparecer. Mas, é assustador saber que eu posso ser julgada pela mídias por certas coisas que não fiz, ou então minha gravadora muda algumas políticas e eu levo a culpa, ou quando há uma nova legislação musical que atinge minhas crenças e, de repente, estou nas manchetes – você sabe, as coisas que envolvem os direitos autorais sobre camisas, etc, e eu estou nas manchetes. É interessante quantas vezes eles colocam seu nome nas coisas que você não teve envolvimento direto.
TG: Eu entrevistei Emma Watson há alguns anos. Ela disse: “As pessoas acham que eu sou um modelo a seguir porque eu não saio bêbada das boates, mas eu honestamente não acho que sou.”
TS: Toda garota, toda mulher tem prioridades diferentes, coisas diferentes que as fazem sentir poderosas, fortes, sexy, especiais ou únicas. É estranho pensar que nós todas teríamos as mesmas vontades e as mesmas prioridades e a mesma definição de “divertir-se”.
TG: E as mesmas fragilidades. Eu acho que quando pessoas que tiveram sucesso desde muito novas passam por um ciclo de perdição, é normalmente porque estão trabalhando com as regras de outra pessoa, então eles sentem a necessidade de se rebelar. Mas quando é algo que você construiu, você não tem o mesmo tipo de ressentimento ou angústia. Mas também é difícil manter estes padrões para si mesma. Você se preocupa que você irá dizer algo inflamatório por acidente?
TS: Não necessariamente. Enquanto a necessidade de se rebelar contra a ideia de você e a imagem de você: Eu não sinto a necessidade de destruir a casa que eu construí com as minhas próprias mãos. Eu posso fazer mudanças nela. Eu posso redecorar. Mas fui eu quem a construiu. E também não vou ficar sentada e dizer: “Eu desejo que eu não tivesse tido cabelo super cacheado e ter usado vestidos básicos e botas de cowboy para premiações quando eu tinha 17 anos. Eu desejo que não tivesse passado por aquela fase de contos de fada em que eu só queria usar vestidos de princesa para premiações todas as vezes”. Porque eu fiz aquelas escolhas. Eu fiz aquilo. Foi parte do meu crescimento. Não teve nenhum comitê dizendo: “Você sabe o que a Taylor precisa ser esse ano?” Então com o 1989, eu sinto que nós reformamos completamente a casa metafórica que eu construí e isso fez com que eu amasse ainda mais a casa — mas mantendo a fundação com a qual eu sempre estive.
TG: Eu fico louca vendo as coisas de quando eu era mais nova. Como você se permite mudar?
TS: Você apenas tem que ter fé no fato de que tudo é um processo. Estou muito feliz hoje, com o resultado final da minha vida. Eu amo meus amigos. Eu amo meus fãs. Eu amo o que eu sei que defendo. Eu amo minhas canções. Estou orgulhosa do que fiz. Estou orgulhosa desse álbum mais do que qualquer outra coisa. Então eu olho para trás, por exemplo, vamos falar no ”Red”: foi uma espécie de colcha de retalhos em que eu ainda amava a música country mas descobrindo um novo amor pela música pop, e tentando fazer isso funcionar em um álbum. É sonoricamente um álbum coesivo? Não. Foi necessário para me fazer mudar dos meus 3 primeiros álbuns para [chegar] onde estou agora com o ”1989”? Sim. Nossa, eu estava falando sobre isso com minha mãe ontem, quando estava organizando um presente para essa fã britânica – eu estava escrevendo coisas para ela, minha mãe estava me ajudando a embalar os presentes – e ela falou “Lembra ano passado? Ano passado, ”Red” foi indicado a Álbum do Ano. Você, na semana do Grammy, estava falando que não iria ganhar e que estava conformada com isso e que tinha felicidade e sucesso suficientes. E, se você não ganhasse, não ficaria triste.” Mas aí, todo mundo chega para você e fala “Você sabe que vai ganhar como Álbum do Ano; você sabe que vai ganhar como Álbum do Ano; eu votei por você em Álbum do Ano; você vai ganhar; você vai ganhar.” Aí você começa a ter esperanças. Então, vamos à premiação e quando vão anunciar o vencedor de Álbum do Ano – último prêmio da noite – e o apresentador fala “Álbum do Ano: RRRRRRandom Access Memories, Daft Punk!” E pelo primeiro milisegundo, eu acho que ele tivesse dito ”Red”. E, você sabe, você bate palma porque apoia um ao outro etc. E eu não fui para as pós-festas. Eu só queria deitar no meu sofá e comer hambúrgueres do In-N-Out. Eu me encontrei querendo algo que todos queriam, e eu fiquei muito desapontada. Minhas backing vocals enviaram uma mensagem “Ei, você tá bem?” Eu escrevi “Estou bem, mas adoraria alguma companhia.” Então elas vieram e eu disse, “Vocês querem ouvir uma música que eu escrevi essa semana?” E eu toquei um demo de “Welcome to New York”. Aí elas olharam para mim e falaram: “Essa é uma música da década de 80 – você está usando os sons da década de 80 nisso.” E eu fiquei tipo: “É, não tinha pensado nisso, mas eu estava fazendo isso em todas as músicas que tinha escrito para o álbum até o momento.” Eu fui dormir e acordei no meio da noite às 3 horas da manhã, sentei, tipo em um filme, e falei: “1989. Vai se chamar 1989.” Isso não teria acontecido se eu tivesse ganho Álbum do Ano. Tantas coisas seriam diferentes se eu não tivesse fracassado – no jeito que vivo minha vida e minha resiliência – e se eu não tivesse sido duramente criticada no caminho. Então, isso que me dá fé, que mesmo se você fizer um erro no passado, ou se você não fizer algo tão bom quanto esperava, essas são as coisas com as quais aprendemos – não é inútil.
TG: Um dia desses eu estava falando com uma amiga sobre escrever, porque eu escrevo publicamente todos os dias desde que era muito nova. E eu falei “Eu acho que devo parar, pois está me distanciando do mundo.” Minha amiga ficou tipo “Não, não. É a coisa que conecta você ao mundo!” Como você acha que o hábito de compor afeta o jeito que você vive a vida e se projeta no mundo?
TS: A piada que as pessoas sempre fazem para mim quando elas não sabem o que dizer – tipo, quando alguma menina chega em mim e pede uma foto e o pai dela está tipo, com ela, porque eles estão em um shopping, etc, é: “Você vai escrever sobre isso, não é mesmo?”
TG: Oh não…
TS: Literalmente, todos os dias nos últimos 10 anos da minha vida tive pessoas dizendo ”você vai escrever uma música sobre isso, não vai?”. Mas, eu não escrevo músicas sobre coisas que acontecem comigo diariamente que não afetem profundamente meu emocional. Você sabe como é quando tem aquelas fases onde pensa sobre um ex de anos atrás, e de repente você está pensando naquilo de novo — isso pode acontecer comigo e eu irei escrever uma música sobre isso. Não é como se eu tivesse que estar conversando com um cara pra escrever músicas, ou ter terminado uma relação. Existe um equívoco estranho de que mulheres compositoras sempre usarão sua vida estrategicamente. A esse ponto eu sei do que meus fãs gostam. Eles gostam de algo com um refrão bem grudento, mas sem coisas estúpidas. Eles não querem pra cantar junto “ooooohs’’ desnecessários, estúpidos e sem fundamento. Eles enxergam através disso. Eles são mais espertos que isso. Eles realmente gostam de trechos marcantes tipo “Darling, I’m a nightmare dressed like a daydream.” Eles gostam de “You call me up again just to break me like a promise / So casually cruel in the name of being honest.” Na maioria das vezes, eu tenho uma ideia de um desses trechos e então salvo até minha vida se encaixar com qualquer metáfora que aparecer.
TG: Sinto que muito do 1989 realmente valida os tipos de romance que não são um relacionamento, mas é tipo, um caso…
TS: Uma situação complicada. Qualquer pessoa que entra e sai da sua vida, mas nunca fica por um longo período de tempo.
TG: Eu quero te perguntar sobre “Clean”. A garota cantando isso é muito sensível, sem nenhuma das impulsividades de “Blank Space” ou “Style”.
TS: “Shake It Off” e “Clean” foram as últimas duas coisas que escrevemos para o álbum, por isso mostra onde eu acabei mentalmente. “Clean” eu escrevi quando estava saindo da Liberty, em Londres. Alguém que eu costumava namorar – percebi que eu tinha estado na mesma cidade que ele por duas semanas e eu não tinha pensado nisso. Quando isso me ocorreu, apenas pensei ‘Oh, eu espero que ele esteja indo bem’. E nada mais. E você sabe como é quando se está passando por um coração partido. Uma pessoa com o coração partido é diferente de qualquer outra pessoa. Seu tempo se move a um ritmo completamente diferente do nosso. É esta dor emocional, física e mental e um sentimento de conflito. Nada tira aquilo da sua cabeça. Em seguida, o tempo passa, e quanto mais você vive sua vida e cria novos hábitos, você se acostuma a não ter uma mensagem de texto a cada manhã dizendo: “Oi, linda. Bom dia.” Você se acostuma a não ligar pra alguém à noite pra lhe dizer como foi o seu dia. Você substitui esses velhos hábitos por novos hábitos, como mensagens de texto a seus amigos em um chat em grupo durante o dia todo planejando jantares e festas divertidas, saindo em aventuras com suas amigas, e depois, de repente, um dia você vai estar em Londres e percebe que esteve no mesmo lugar que o seu ex por duas semanas e você está bem. E você espera que ele esteja bem. O primeiro pensamento que me veio à mente foi, finalmente estou limpa. Eu passei por essa chuva de granizo da mídia em que pessoas as pessoas tinham uma percepção muito mal interpretada de quem eu era. Havia piadas realmente insensíveis que estavam sendo feitas em premiações pelos apresentadores; houveram manchetes malvadas na mídia – “Taylor termina uma relação: Bem, isso foi Swift!” – focando em todas as coisas erradas.
TG: Inclusive, essa é a manchete pra isso.
TS: Oh, ótimo! Por favor, coloque isso na capa. E então quando pensei, eu estou finalmente limpa, senti como se tivesse me libertado do viciante sentimento de tristeza e coração partido. Mas também sinto que o mundo está começando a focar em outras coisas ao invés dessa obsessão pela minha vida amorosa, porque honestamente, eu não tive um encontro há anos. Eu apenas não faço mais isso, porque não estou disposta a proporcionar divertimento. É como se você estivesse indo para um encontro no meio de uma estranha arena de gladiadores, todo mundo está assistindo, e a mídia está lá com suas torcidas positivas ou negativas de acordo com o que eles aprovam. Então, de certo modo, “Clean” foi uma resolução, e 1989 é o meu álbum mais maduro emocionalmente. Esse álbum não culpa quem estava certo ou errado. Quando você cresce ou experimenta diferentes tipos de relacionamento ou amor, você percebe que não é sempre preto e branco. Às vezes você não tem ideia como você se sente sobre alguma coisa, e está tudo bem em escrever sobre isso também.
TG: Nós sabemos que o amor é viciante, mas você falar que ter o coração partido também é viciante soa tão verdadeiro! Sinto que muito do seu trabalho realmente traduz muito isso quando diz, “foi tão bom que valeu a pena o sofrimento”. Mas como você sabe quando algo é ainda uma experiência entusiasmante ou se tornou apenas algo tóxico?
TS: Tornei minha felicidade algo prioritário. Eu costumava pensar que isso ia meio que acontecer uma hora ou outra. Agora eu percebi que às vezes em um show ou em uma festa, você não está a fim de dançar, mas normalmente quando você começa a dançar, você vai gostar mais disso e de repente você começa a se divertir. Às vezes você não está a fim de sair da cama, mas eu me forço a sair. Não quero ser conhecida como a Rainha do Coração Partido. Quero ser conhecida por ter uma vida bonita. E isso não significa que tudo tem que estar bem o tempo todo. Há beleza nos altos e baixos da vida. A única coisa que sabemos é que o que estamos passando vai se transformar em outra coisa. Tipo, se estou em uma premiação, eu poderia ficar nervosa todo o tempo ou dançar o tempo todo como se eu estivesse em um show. Ultimamente, tenho só escolhido a segunda opção. Quero ser conhecida por ser uma boa amiga. Quero ser conhecida por ser leal. Não quero ser nunca aquela pessoa que vê outras pessoas neste ramo como competidoras e que por isso termina sozinha ou termina rodeada de um bando de gente que fala que você é deslumbrante e perfeita e a melhor e a rainha e esse tipo de coisa. Eu realmente não tenho muito desse complexo de rainha. Está rolando agora no ramo música esse sentimento de que se tem que apenas ficar na torre do seu castelo e nunca descer para falar com as pessoas, não ser acessível nem emotivo, e devemos ser sexy e ousada e esse tipo de coisa. Isso está sendo projetado não só pra mim como também para adolescentes. Tipo, você tem que ser todas essas coisas que não surgem naturalmente em adolescentes. Quando somos crianças, esperam que estejamos sempre entusiasmados em relação a tudo ─ e, então, do nada temos que ser inabaláveis e tão descolados que nada deveria nos fazer ficar pulando de emoção como quando tínhamos cinco anos. Eu apenas rejeito essa ideia. Não estou entediada com essas coisas legais que eu tenho que fazer. Eu definitivamente não estou entediada, então por que eu agiria assim?
TG: Você já pensou que seria mais fácil se você fosse esse tipo de pessoa que se faz de rainha?
TS: Eu queria conseguir fazer isso. Às vezes eu queria conseguir escrever uma música: “Sou a melhor/ Vocês todos queriam ser como eu”. Algumas pessoas conseguem. Eu não conseguiria, porque não me sinto desse jeito. Acho que a coisa mais próxima de uma música de autoconfiança seria a ‘Shake It Off”, o qual basicamente admite, tipo, que está tudo bem. Eu ficaria aqui só me esquivando de socos. Eles vão continuar vindo na minha direção. E eu vou apenas continuar me esquivando.
TG: Você pode me falar mais como mudou seu jeito de compor?
TS: Eu não estava namorando quando eu escrevi meus dois primeiros álbuns, então eles eram uma projeção de como eu achava que romances deveriam ser. Eram baseados em filmes, livros e músicas que falam que um relacionamento, é a coisa mais incrível que pode acontecer. E então eu me apaixonei, ou pensei que estava apaixonada, e tive algumas decepções ou acabou não dando certo algumas vezes, e eu percebi que existe essa ideia de “felizes para sempre” o que não acontece na vida real. Não existem passeios ao pôr-do-sol, porque a câmera continua filmando na vida real. O que é incrível é se você perguntar para qualquer pessoa que já se apaixonou ─ eles vão dizer que é a melhor coisa. Agora, eu realmente sei que quando você está apaixonado por alguém, você começa a achar que tudo que aquela pessoa faz é perfeito, e depois ─ se você tiver sorte ─ isso evolui para um relacionamento de verdade, e você percebe que aquela pessoa na verdade não é perfeita, mas você ainda quer vê-la todos os dias.
TG: Por isso que eu amo a parte, “Você é meu melhor amigo”, na música “You Are in Love”. É a melhor parte.
TS: Sim. Eu nunca passei por isso, então escrevi essa música pensando nas coisas que a Lena [Dunham] me contou sobre ela e o Jack [Antonoff]. São basicamente coisas que ela me contou. E eu acho que esse tipo de relacionamento ─ nossa, parece que isso seria tão lindo ─ também seria difícil. Também seria monótono às vezes.
TG: Esse álbum se torna realmente uma referência em termos da percepção que o público tem de você em músicas como “Shake It Off” e “Blank Space”. Você ficou com medo de aumentarem as críticas?
TS: Não. Eu me senti como se estivesse assumindo o controle da narrativa. Você pensa nas coisas que dizem sobre minha vida amorosa: “Ela é muito intensa; ela se apaixona muito fácil e depois, tipo, fica louca e acaba afastando eles; ela consegue ficar com esses caras mas depois eles desistem porque ela é muito possessiva ou que seja, ela tem chiliques e é birrenta”. Então eu apenas peguei aquele personagem que eles criaram ─ é um personagem muito interessante e complexo ─ e escrevi uma música sob a perspectiva dele, e isso acabou se tornando o maior hit da minha carreira, “Blank Space”. Nunca uma música minha ficou tanto tempo em primeiro lugar.
TG: Não é cansativo achar que você tem que responder a essas críticas?
TS: Era cansativo quando acontecia. 2012 foi um ano muito interessante para minha autoconfiança, autoconsciência, e autopercepção, porque conheci quem eu sou e quem eu não sou. É muito difícil saber que tantas pessoas têm uma impressão errada e você não pode chegar nelas e falar, “Ei, eu juro que não sou assim”. Eu simplesmente abaixei minha cabeça, e tentei continuar compondo, fazendo shows, focando naquilo que eu espera que eles focariam. E o tempo passou e eu não dei nada sobre o que eles pudessem escrever além de mim congelando em Nova York e indo para a academia. E aconteceu que eles pararam de escrever certas coisas porque eu não dava munição para eles. O que é interessante é que você tem que se fechar completamente em relação ao amor, porque isso agora é assustador pra mim. Estou trabalhando nisso, mas no momento isso não é minha prioridade. E agora parece que a mídia e os fãs estão mais focados em descobrir de qual música do ”1989” eles gostam mais. Tem blogs que ficam tipo “Qual deveria ser o single depois de Style?”. Eu fico tipo: Isso! É disso que vocês têm que falar. Ou então, ficam falando sobre pagar os compositores de forma justa e toda essa discussão sobre streaming. Esses que são os tópicos importantes para mim. Eles não estão falando que sou a rainha dos encontros, eles só estão, tipo, “Nossa, a Taylor Swift fica tentando registrar várias coisas, vamos falar disso” ─ as pessoas têm usado meu nome e coisas do tipo para ganhar dinheiro. E eles não trabalharam para isso por 25 anos como eu trabalhei. A grande questão é: deveriam permitir que ela fizesse isso? E isso não tem muita graça. É algo que discutimos em uma reunião. Isso é uma prática comercial ─ uma prática comercial muito inteligente. Então agora eu estou muito lisonjeada por essas notícias insignificantes, porque eu sei como as coisas são agora que acabamos de vender, tipo, 6 milhões de CDs no mundo todo em três meses. É tipo, ”Ai meu Deus”.
TG: Foi um passo muito corajoso o álbum ”1989” não mostrar seu rosto inteiro ou mesmo seu nome inteiro. Você teve que lutar por isso?
TS: Obrigada. Você sabe quantas vezes eu tive que me sentar com a gravadora para falar disso? Muito da criação desse álbum foi eu indo ao estúdio, fazendo uma coisa que eu amo, mostrando para a gravadora e tendo uma conversa com o diretor. Por exemplo, “Minha jovem, você sabe que não venderemos muitos álbuns se você não tocar country, né?”. Não foi um bate boca, mas eu estava certa de que seria um grande erro rotular esse álbum como country. Porque quando você tenta trapacear, você está insinuando que as pessoas são idiotas. E achar que elas não vão perceber o verdadeiro motivo de você fazer isso é o maior erro que um artista que respeita seus fãs pode cometer. Esse foi meu argumento. Tive que ouvir muitos sermões sobre não colocar meu nome na capa do CD ─ foi divertido. E depois sugeriram que eu usasse uma foto diferente para a capa porque, como eles disseram: “Precisamos de olhos, lábios, cabelo numa capa. Você sabe que ninguém vai saber quem é, né.” E eu ficava tipo “É esse o objetivo. Estamos recomeçando”. E também o motivo de eu não ter colocado meu rosto inteiro na capa foi porque eu não queria que as pessoas fossem capazes de dizer qual seria a carga emocional desse álbum antes de ele sair. Se eu estivesse sorrindo, seria um CD feliz; se eu estivesse com as sobrancelhas franzidas, seria um CD triste. Eu não queria que as pessoas detectassem qualquer emoção no meu rosto. Essa foto foi tirada com uma câmera Polaroid que eu tenho. Eu sabia que estava fazendo alguma coisa na qual eu realmente acreditava quando fui confrontada por essas pessoas da minha equipe que só estavam indo pelo caminho que eles conheciam ─ o qual nunca viu uma mudança do country-para-pop bem-sucedida, nunca mesmo, que vendeu tanto quanto na sua carreira como estrela do country. Eles ficavam dizendo, “Você não vai vender tanto” e eu dizia “Eu não ligo. Este é meu álbum, é assim que vou chamá-lo, é assim que vou rotulá-lo.” Eu sabia que eu tinha escrito músicas que meus fãs iam gostar. Eu dizia coisas do tipo “Você não conhecem meu fãs como eu conheço. Vocês só ficam sentados dentro de um escritório, enquanto eu estou lá fora em shows com eles, estou no Tumblr falando com eles, eu sei o que eles querem.” Graças a Deus deu certo. Se tivéssemos vendido um CD a menos na primeira semana, teriam sido dois anos de “Taylor, eu avisei”. Estou tão feliz que vendemos quase 1.3 milhões na primeira semana.
TG: Você fala sobre como você conhece seus fãs. Você ficou com medo de que algo como “I Know Places”, que é mais sobre sua experiência, não fosse compreendido?
TS: Eu imaginei que o jeito como eles se identificariam com “I Know Places” seria como quando você está no colegial e começa a sair com alguém e você realmente gosta dessa pessoa. E você chega para seus amigos e diz, “Meu Deus, eu realmente gosto desse cara!” E eles ficam tipo, “Quem?”. E você, “Trevor”. E eles ficam tipo, “Trevor é um cara muito estranho, ouvi dizer que os pais dele são depravados… Meu Deus, por que você está falando com o Trevor? Ele pinta as unhas de preto com canetinha…”. E você fica tipo, “Mas eu gosto do Trevor.” E de repente eles contam para todo mundo “Ai meu Deus, a Stacy gosta do Trevor! Isso é tão estranho – talvez a gente não devesse mais andar com a Stacy”. É a mesma coisa que acontece comigo quando eu digo “Eu gosto desse cara” e eles ficam tipo “Ai, Taylor, não! Não ele!”. De alguma forma nós passamos pelos mesmos complexos sociais. E eu fiquei sabendo que não sou a única pessoa que passa por isso, não é algo que só acontece comigo. Eu sempre quis escrever sobre raposas, para ser sincera. Quando eu escrevi o verso, “Eles são os caçadores, nós somos as raposas e fugimos”, eu fiquei tipo, ”Isso tem que ir para o CD”. Raposas? Feito. E eles gostaram desse verso, então estou feliz.
TG: Esse álbum está tão bem produzido, tem uma narrativa artística recorrente como em um romance. O que te influenciou?
TS: A ideia desse álbum foi baseada no que a minha vida se tornou, dando mais prioridade a aventuras e novos amigos. E pensando no amor, mas não fazendo o amor o personagem principal na minha história, não mais. Eu sinto que a localização desse álbum foi Nova York, porque eu simplesmente me apaixonei por Nova York intensamente. Sou loucamente apaixonada por essa cidade. Nova York se tornou o cenário para vários sons que eu estava criando no estúdio. Para mim, apenas parece como a cidade, como aquele pulsante, frenético mas ainda assim um sentimento muito íntimo. E meu estilo de me vestir também mudou. Eu passei por essa fase durante o álbum ”Red”, e eu estava tipo, eu só queria me vestir como se estivesse nos anos 50 e 60 todos os dias. Eu quero vestir calças capri vermelhas de cintura alta e amarrar minhas blusas com um nó. Agora eu me interesso por outras coisas. É tão estranho ter álbuns que descrevem precisamente o que estava acontecendo na minha vida.
TG: Como você pensa a respeito do que mostrar para os fãs e o que esconder?
TS: Eu tenho 25 anos agora. Então, se eles me virem com uma taça de vinho na mão, eu acho que está tudo bem. Eles sabem que eu bebi e estão bem com isso. O que é uma das coisas mais legais dos meus fãs. Eles me permitem amadurecer de um jeito normal, sem ter que ser louca, anormal, aterrorizada, um tipo falso de queridinha da América.
TG: Como você se sente quando olha pra trás, para a menina de “Love Story”?
TS: Eu sempre terei orgulho de “Love Story” apenas pelo fato de que quando se tem 17 anos, está sentada no chão do quarto, chateada porque seus pais não deixam você ir a um encontro com esse cara que você acha fofo mas eles acham que ele não presta… Eu acho que deveria ter a permissão de romantizar o amor quando se é jovem. E eu aprendi muito, mas acho que se você quer entrar nesse mundo onde são Romeu e Julieta – você é tudo que eu quero, você é tudo que eu preciso – é uma emoção muito válida pra fazer nós mesmos – cansados, amargos e legais demais – sequer sentirmos que essa emoção seria um serviço para nós como humanos. E eu ainda fico triste com o final de Romeu e Julieta. Isso realmente ainda mexe comigo. Porque você sabe que se um elemento da história fosse diferente, talvez eles tivessem a oportunidade de fugir. Então eu estou feliz que na música eu meio que mudei o final, e eles acabaram juntos e bem.
TG: E você não pode ficar chateada a respeito de algo que você fez que pareceu real no momento.
TS: Sim, sim. A quantidade de pessoas que se casaram ao som daquela música e que dançaram ao som dela no baile da escola: É tudo verdade. E agora você sai pelo mundo e o amor é tão difícil e estranho e várias vezes muito decepcionante. Parece simples achar uma pessoa que será tipo, “Eu quero ficar com você” e a outra pessoa diz “Eu quero ficar com você também”. Sabe quão difícil é chegar a esse ponto com alguém? E Romeu e Julieta, eles tiveram isso desde o primeiro momento.
TG: Mas isso não é amor verdadeiro, né? Isso é sobre dois adolescentes loucos, não?
TS: Sim, mas pode ser. Pessoas se apaixonam de vários jeitos, o tempo todo. Pessoas são amigas por seis anos e repentinamente eles veem um ao outro de uma diferente maneira. Existem pessoas que simplesmente veem um ao outro e simplesmente sabem que é válido. E é sobre isso que a música fala.
TG: Significa que você estava seguindo seu instinto.
TS: Sim, para mim não é possível agora, porque muita coisa está no meio. Mas eu ainda gosto de pensar na ideia de quantas maneiras diferentes as pessoas se apaixonam. Não sou mais uma romântica incurável, mas ainda sou romântica. Eu só estou mais feliz sozinha agora.
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