26 de março de 20 Autor: Maria Eloisa
Kanye West precisa de Taylor Swift

Celebridades, elas não são como a gente. Exceto quando se trata de amar um drama.

Até agora, se você se importa com Taylor Swift ou Kanye West, você já procurou a transcrição completa do telefonema referente à música “Famous”, do álbum The Life of Pablo, de West. Um trecho da ligação foi vazado por Kim Kardashian pelo Snapchat em 2016. Aqui está o resumo: Swift expressou nojo por causa do verso mais controverso da música – “Eu tornei essa vadia famosa” – o qual ela alegou que West nunca a alertou em seu telefonema. Quando Kardashian vazou parte da conversa, muitos a usaram como prova de que Swift estava mentindo. Mas West não mencionou a linha em questão no trecho de Kardashian e, de fato, a transcrição completa obtida pela Variety mostra que ele não disse nada sobre chamar Swift de “vadia” enquanto eles estavam ao telefone.

A recém vindicada Swift abordou a transcrição diplomaticamente em seu story no Instagram, enquanto Kardashian tentou derrubar seu argumento e defender a si mesma e ao marido em um discurso no Twitter. Apenas mais um dia na vida dos ricos e famosos. Mas Kardashian sugerir que “honestamente, ninguém se importa” com ela e a briga de West com Swift é um tremendo erro de cálculo. Milhões de fãs se importam. Swift se importa. Kardashian se importa. Especialmente West se importa – porque ele precisa de Swift.

Desde que West lançou ‘The College Dropout’, em 2004, sua reputação de música que muda de paradigma foi correspondida apenas por seu apetite insaciável por controvérsia. West não precisa apenas de Swift; ele precisa de alguém que possa funcionar como alvo para sua indignação. Ao longo dos anos, essa lista incluiu George W. Bush, Amber Rose, Nike, Donald Trump e, claro, Swift. Às vezes, as explosões de West se alinham aos valores de seus fãs e o colocam em um pedestal como gênio e porta-voz da cultura. Outras vezes, são provocações infundadas que são altas demais para serem ignoradas. De qualquer forma, quando se trata de entrar em controvérsias, West sempre foi um oportunista sem vergonha que faz músicas brilhantes – às vezes por causa desses feudos, outras vezes apesar deles.


Swift serviu como musa de West por mais tempo do que qualquer outra pessoa, exceto sua falecida mãe, Donda. A conversa deles sobre “Famous” teve o peso de sete anos de história, e os dois artistas assumiram seus papéis desgastados na troca: Kanye, impetuoso, irreverente e desleixado, enquanto Taylor, mansa e atenciosa, oferece um feedback genuíno sobre a música nova de Kanye. Talvez ela tenha adotado essa postura por ser uma mulher de sucesso em uma indústria que adora premiar homens que se comportam mal, ou talvez tenha se sentido forçada a desempenhar esse papel quando Kanye a humilhou diante de uma platéia de milhões de pessoas, quando ela só tinha 19 anos.

A última ruga na briga Taylor / Kanye expõe a frivolidade da cultura das celebridades. Dezenas de milhares de pessoas nos Estados Unidos contraíram coronavírus, indústrias inteiras entraram em colapso em uma semana, e essas pessoas querem sentar em suas mansões e brigar por uma ligação de quatro anos? Taylor reconheceu essa frivolidade em sua resposta, subestimando a briga e expondo várias instituições de caridade as quais ela ajuda. Normalmente, esse tipo de brincadeira performativa pode provocar uma revirada de olhos, mas Taylor apenas deu um golpe crucial no maior jogo de rancor de celebridades da década. Ela não ter esfregado sal na ferida é admirável. Kardashian, por outro lado, reconheceu superficialmente as inúmeras pessoas que sofriam ao seu redor antes de iniciar um discurso de auto-engrandecimento (que ninguém pediu) enquanto fingia que Swift armou para cima dela… De novo.

É difícil culpar a Kardashian; afinal, ela é uma estrela de reality show e a controvérsia é o que a deixa mais em alta. West também, tomar as dores dos outros e a provocação o manteve sob os holofotes, mesmo ele fazendo algumas de suas piores músicas de sua carreira nos últimos dois anos. É revelador que The Life of Pablo é o último álbum em que West equilibrou perfeitamente suas identidades como artista e celebridade. Seu relacionamento turbulento com Swift o mantinha preso a alguma espécie de realidade, o que lhe permitia fazer músicas simultaneamente aguçadas e absurdas. Desde então, o estrelato de West e a propensão à controvérsia eclipsaram sua arte; a direita [política] não se apresenta como muita inspiração.

É claro que, se tratando da vida real, nada disso tem importância. Swift, West e Kardashian sabem disso. Como um ato de concurso de beleza, Swift limpou o chão com West e Kardashian dessa vez, provando que tática ocasionalmente compensa a longo prazo. Mas, como engrenagens na mesma máquina de celebridades, todos são vencedores, porque voltaram a ser manchetes. West, em particular, usou repetidamente sua briga de uma década com Swift como combustível para a arte incisiva e transcendente – e como uma distração quando a arte começou a se deteriorar. Os dois artistas vão sempre se esbarrar nas órbitas um do outro. Kardashian pode honrar sua promessa de nunca mais falar sobre essa briga, mas seu marido nunca foi de ter autocontrole.

Matéria publicada pela Forbes e traduzida pela Equipe TSBR.





Twitter do site

Instagram do site

Esta mensagem de erro é visível apenas para administradores do WordPress

Erro: nenhum feed encontrado.

Vá para a página de configurações do Instagram Feed para criar um feed.

Facebook do site