O video clipe de “Shake It Off”, que foi lançado junto com a música durante o livestream do Yahoo! nessa segunda-feira, tem causado controversias na internet. Devido ao espaço reservado para o “twerking” no vídeo, algumas pessoas tem acusado Taylor de apropriação cultural de um ritmo de dança e estar perpetuando alguns estereótipos relacionados à ele, especialmente após a massiva exploração da dança por cantoras pop ultimamente. No entanto, um critico de dança que escreve para o “The New York Times” analisou a dança no clipe em geral. Confira as conclusões dele:
O vídeo clipe controverso do momento é “Shake It Off”, de Taylor Swift, que foi lançado na segunda-feira. A controvérsia parece ser principalmente sobre três coisas: 1) A mudança de Swift para o pop (um sinal, para alguns fãs, que ela se vendeu); 2) sua dança; e 3) o suposto racismo em uma sessão de twerking. No Twitter, o rapper Earl Sweatshirt, depois de admitir que não havia assistido o vídeo, acusou rapidamente Swift de “perpetuar estereótipos sobre negros”.
“Shake It Off” não é realmente um vídeo de dança. Ou talvez fosse mais correto dizer que é um vídeo de dança no sentido atual do pop — um vídeo que trata a dança menos como uma arte por si só como por um significado cultural. O conceito do vídeo é colocar Swift na posição de estrela do pop, ou uma diva do R&B, ou uma rapper, na frente de dançarinos de apoio. Os cenários mudam entre os gêneros: bailarinas em fantasias de “O Lago dos Cisnes”, uma equipe de b-boys, dançarinos contemporâneos emotivos usando malhas, uma equipe de líderes de torcida, futuristas tipo Lady Gaga em roupas de corrida brilhantes, e, sim, uma fila de moças sacudindo o conteúdo de seus curtos shorts jeans.
A piada em cada caso é que Swift não se encaixa. Somente na zona final é a que ela pertence: uma zona na qual “pessoas normais” (incluindo fãs de Swift escolhidos nas redes sociais) só fazem o que querem fazer e sacodem sem muitas expectativas. A dança feita pelos profissionais ao redor dela é extramemente fragmentada e não é nada extraordinário. As pitadas de movimento, nada maior que dois segundos, estão lá por serem bonitos, para estabelecer cada gênero e montar a piada visual.
As piadas, como esse critico de dança está feliz em ver, são em sua maioria relacionadas à dança. A maneira com que Swift tropeça nas pernas cruzadas da bailarinas e caí enquanto tenta fazer uma reverência na ponta dos pés não é muito inteligente ou esperto, mas é engraçado. E a sua expressão assustada e confusa que ela assume aos animados dançarinos contemporâneos, ganha a empatia imediata de um critico de dança. Swift em “Shake It Off” é como Lucille Ball ou Carol Burnett, uma heroína que triunfa através da teimosia. Talvez seja muito generoso interpretar o vídeo como uma sátira de como a dança é usada nos vídeos pop, mas certamente é uma sátira das convenções dos vídeos pop.
O que nós leva ao twerking. O momento quando Swift engatinha entre a fila de pernas das moças que estão twerking, avançando pelas colunas de corpos como se ela fossa a câmera do Busby Berkeley, é bem bobo. Um segundo depois, quando Swift começa a gargalhar, ela está rindo do absurdo que é ela mesma no vídeo daquele gênero, mas também, eu creio, no absurdo do gênero.
Respeitando politicas sociais, seria melhor se as filmagens das bailarinas tivessem incluído peles mais escuras. Mas se Sweatshirt tivesse se importado em assistir o vídeo antes de comentar, ele teria percebido as faces negras que foram cuidadosamente colocadas entre as líderes de torcida, os dançarinos contemporâneos e nas pessoas normais, e também nas mulheres brancas comuns entre os twerkers. Para ele acusar Swift de racismo sem ter assistido o vídeo, é tão injusto quanto se ela o tivesse acusado de misoginia sem ter primeiramente escutado suas músicas. Sim, todos sabem que existe racismo e misoginia na música pop. Felizmente, também existe o humor.
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