Aconteceu — Taylor é dona de tudo. Todas as suas músicas, todos os seus masters, o trabalho de uma vida. Ela venceu. Oito anos depois que sua gravadora, a Big Machine, vendeu seu catálogo, Taylor Swift finalmente alcançou seu objetivo de comprá-lo de volta por conta própria. A batalha mais impossível de sua carreira, o dragão mais invencível com o qual ela já lutou, o salto mais arriscado que já deu. Como anunciou em seu bombástico comunicado público no dia 30 de maio, ela comprou seu catálogo da Shamrock Capital, após uma luta de seis anos pelo controle de sua própria música. “As memórias”, ela escreveu. “A magia. A loucura. Cada uma das eras. Todo o trabalho da minha vida.”

É impossível exagerar o tamanho dessa vitória para ela — e o impacto que isso tem para outros artistas. Essa é a independência com que gerações de músicos sonharam, mas nunca chegaram nem perto de alcançar. “Long Live” tem outro peso hoje. “New Romantics” soa diferente. “Ours” bate diferente, assim como “Dear John”, “All Too Well”, “I Did Something Bad”, e, meu Deus, nem vamos começar a falar de “A Place in This World.” “It’s Time to Go.” Todas essas músicas parecem maiores agora. É um daqueles momentos de “lembre-se disso”. O patriarcado está tendo um dia extremamente fodido. Taylor venceu. Como isso aconteceu?

“Estou tentando organizar meus pensamentos de forma coerente,” escreveu Taylor em seu bombástico comunicado público. “Mas, neste momento, minha mente é só uma sequência de imagens. Um flashback de todas as vezes em que sonhei acordada, desejei e sofri por uma chance de contar essa notícia para vocês. De todas as vezes em que cheguei tão perto, quase alcançando, só para ver tudo desmoronar. Quase parei de acreditar que isso poderia acontecer, depois de 20 anos vendo a cenoura ser balançada na minha frente e depois arrancada de novo. Mas tudo isso ficou no passado agora. Tenho chorado de alegria do nada desde que descobri que isso está mesmo acontecendo. Eu realmente posso dizer estas palavras: Todas as músicas que eu já fiz… agora pertencem… a mim.

A batalha de Taylor sempre foi muito maior do que ela. Ela está enfrentando toda a questão do controle artístico — o direito dos artistas sobre suas próprias obras. Quando o chefe da Big Machine, Scott Borchetta, vendeu seus masters para seu arqui-inimigo Scooter Braun em 2019, ela escreveu: “Ele sabia o que estava fazendo; os dois sabiam. Controlar uma mulher que não queria estar associada a eles. Em perpetuidade. Isso significa para sempre.” Seis anos depois, ela é dona de si mesma.

Taylor estava lutando por um tipo de liberdade artística que seus próprios ídolos nunca tiveram — de Prince a Joni Mitchell. Nenhum deles pôde ser dono da própria música. Foi por isso que Prince escreveu “Slave” no rosto e renunciou ao próprio nome. Até Paul McCartney, o músico mais bem-sucedido de todos os tempos, teve que engolir a decepção quando o editor dos Beatles, Dick James, vendeu o catálogo de canções Lennon-McCartney em 1969, enquanto John e Paul estavam fora do país (John, inclusive, estava em sua lua de mel). Macca conviveu com essa frustração por décadas e, sendo quem é, nunca ficou calado sobre o assunto. Mesmo assim, ele subia no palco todas as noites para cantar “Hey Jude” — e tinha que pagar para ter o direito de cantar a própria música.

Mas Taylor, com apenas 35 anos, conquistou o controle total de sua obra de uma forma que nunca pareceu possível — nem mesmo para os maiores artistas. É uma vitória sem precedentes — dá vontade de desejar que Prince tivesse vivido para ver esse dia. Como ela mesma escreveu: “Dizer que esse é o maior sonho da minha vida se tornando realidade é, na verdade, ser bem contida sobre isso.” Parecia uma batalha insana para ela continuar — um fracasso garantido, uma perda de tempo. E, mesmo assim, como ela disse há três anos no Festival de Cinema de Tribeca, em uma de suas frases mais memoráveis: “As pessoas costumam subestimar muito o quanto estou disposta a me incomodar só para provar um ponto.”

Sua luta começou em 2019, quando anunciou que Borchetta havia vendido seus masters para Braun. “Esse é o pior cenário possível,” declarou Swift. Braun não era apenas mais um empresário da indústria musical; era alguém com quem Taylor tinha uma rixa séria. (Entre outras coisas, ele era o empresário de um famoso rapper que demonstrava uma obsessão bizarra por ela — não lembro o nome agora, mas é o cara que acabou de lançar um hit de verão chamado “Heil Hitler.”)

Para Borchetta vender seu catálogo para Braun foi visto como um jogo de poder — ainda mais porque ambos ostentaram publicamente o acordo. Para o público em geral, parecia que os dois estavam se esforçando deliberadamente para provocar Taylor, e é seguro dizer que conseguiram. Um verdadeiro caso de “cuidado com o que você deseja”.

Mas quando ela reagiu com raiva, a resposta da indústria foi basicamente: “Você está por sua conta, garota. Sinto muito, mas esse é o negócio da música. Bem-vinda à elite.” Justo ou não, é assim que funciona. Todos os seus ídolos das antigas tiveram que engolir isso calados — o que te faz pensar que com você seria diferente? Esse é o jogo que escolhemos, lembra? Houve até um certo espanto pelo fato de ela estar levando aquilo tão a peito. Para muitos, era apenas mais uma prova de que ela era uma garota emocional demais, sem cabeça para negócios e que não entendia como funcionava o mundo adulto.

“Durante anos, pedi, implorei por uma chance de ser dona do meu trabalho”, escreveu Taylor na época. “Quando deixei meus masters nas mãos do Scott, aceitei que, eventualmente, ele os venderia. Mas nem nos meus piores pesadelos imaginei que o comprador seria o Scooter.” Mas e daí? Para muitos, Scooter só estava jogando conforme as regras. Como a Bloomberg noticiou, “Sempre ficou claro que ela estava usando sua animosidade pessoal contra ele para levantar questões maiores sobre o mercado musical.” Talvez ela até tivesse alguns pontos válidos sobre os direitos dos artistas. Mas, como a Bloomberg ironizou, “Swift nunca foi a mensageira ideal.”

Ela respondeu em 2019 anunciando que regravaria os seis primeiros álbuns da carreira — em novas versões que seriam suas. Absolutamente todo mundo na indústria da música — cada um deles — achou que ela estava blefando. Mas ela não estava. Desde que o projeto Taylor’s Version se tornou um fenômeno, ninguém quer admitir que achava aquilo uma ideia estúpida, da mesma forma que ninguém admite hoje que vaiou Bob Dylan no Newport Folk Festival. Hoje parece um movimento genial — ainda mais por ter dado origem ao fenômeno da Eras Tour. Mas, na época, não havia nenhum precedente. Nenhum artista tinha tentado algo assim, muito menos conseguido. Todo mundo achou loucura, mesmo os que torciam por ela. Quem disser o contrário está mentindo (e é patético, e está sozinho na vida).

Controlar sua própria música sempre foi considerado algo ingênuo — um sonho infantil. Mais uma daquelas missões fadadas ao fracasso que Taylor insiste em abraçar — como sua briga com a Apple Music pelos direitos dos artistas ou sua ação judicial contra o DJ que a apalpou durante um meet & greet. (Combat, she’s ready for combat.) Ela compra as brigas que parecem loucura, ou que muitos acham pequenas demais pra ela — e transforma em grandes vitórias. Outros artistas ficaram pasmos com a ousadia de tentar o Taylor’s Version. SZA disse que foi “o maior ‘foda-se’ para o sistema que já vi na vida, e eu aplaudo profundamente essa porra.”

Mas essa foi a luta da vida dela — e ela venceu. Como Taylor escreveu hoje: “Tudo o que eu sempre quis foi a oportunidade de trabalhar duro o suficiente para, um dia, poder comprar minha música de forma definitiva, sem amarras, sem parcerias, com total autonomia.” Esse dia chegou, e é uma grande vitória para todos os artistas.

A declaração dela traz inúmeras implicações para os fãs. Para começar, agora podemos ouvir a versão original de “Holy Ground” com a consciência tranquila — porque, convenhamos, a versão do Red (Taylor’s Version) deu uma escorregada na batida. (Tenta de novo, Taylor — agora você é dona. Faça quantas novas versões quiser.)

Taylor também anunciou que mal começou a trabalhar em Reputation (Taylor’s Version). O que, claro, só pode significar que Reputation TV está prestes a ser lançado. “Sendo totalmente transparente: eu nem cheguei a regravar um quarto dele”, ela escreveu. “Para ser sincera, é o único álbum, entre os seis primeiros, que eu achava que não poderia ser melhorado com uma regravação. Nem a música, nem as fotos, nem os vídeos. Então fui adiando. Vai chegar o momento (se vocês gostarem da ideia) em que as faixas inéditas do vault desse álbum irão eclodir.”

Quanto a essa “total transparência”… bom, estamos falando da artista que postou “Not a lot going on at the moment” no mesmo dia em que escreveu “Cardigan”. Já sabemos que não dá pra confiar nela nesse sentido. Ela adora despistar, enganar, bagunçar tudo. Já nos enganou antes, e nunca vai deixar de nos enganar. Portanto, se Reputation (Taylor’s Version) for lançado neste fim de semana… ninguém deveria se surpreender.

Taylor também escreveu “thiiiiiiiiiiiis close” com a letra “i” repetida 12 vezes — o que pode ou não ser uma pista sobre o TS12, assim como água pode ou não ser molhada. Ela também revelou que seu álbum de estreia já foi totalmente regravado. “Eu realmente amo como ele soa agora”, disse Taylor — o que provavelmente significa que ela ajustou um pouquinho o sotaque. “Esses dois álbuns ainda podem ter seus momentos de ressurgir, quando for a hora certa, se isso ainda for algo que vocês se animariam.” Ah, a modéstia. Sim, as pessoas vão ficar um pouquinho animadas. O público está implorando por Debutation TV há tempo demais — os dois últimos pedaços que faltam no quebra-cabeça do Taylor’s Version.

Ela chegou a gerar manchetes nesta semana por não anunciar esses álbuns no American Music Awards (e nem aparecer por lá). “Mas se isso acontecer”, ela escreveu, “não será mais um lugar de tristeza e saudade do que eu gostaria de ter. Agora será apenas uma celebração.”

E hoje é, sem dúvida, uma celebração — e é uma celebração que Taylor Swift conquistou com mérito. Ninguém achava que essa vitória era possível. Ela viveu o momento da sua vida enfrentando esse dragão — mesmo quando ninguém acreditava que o dragão pudesse perder. Mas ela venceu. Ela fez uma coisa ruim. E foi delicioso. Long live.

Este texto é uma tradução de um artigo originalmente escrito por Rob Sheffield, publicado no dia 30 de maio de 2025 na revista Billboard. Todos os direitos autorais pertencem à Billboard e ao autor.
https://www.rollingstone.com/music/music-features/how-taylor-swift-won-commentary-1235351833/

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