Neste artigo, Jessica Phillips explica como Taylor Swift a ajudou a lidar com a dor de perder sua melhor amiga.
Me lembro daquela ligação como se fosse ontem. Era pouco antes das 7 horas da manhã em uma manhã nublada da Flórida, na semana seguinte à Páscoa. Tinha acabado de acordar e planejava roubar os lençóis da minha irmã para poder voltar a dormir até o meio dia. Mas meu telefone tocou e acabou com isso. De alguma forma, eu sabia que os próximos segundos mudariam minha vida. Eu não estava pronta para essa mudança.
Elin sofreu um acidente de carro na Black Mountain enquanto viajava de Swansea com três de nossos amigos. Eles foram à praia, jogaram boliche e levaram uma das meninas para sua primeira vez no Nando. Foi um dia exatamente como os que passei com esses quatro amigos tantas vezes antes, exceto que dessa vez eles escolheram a rota da montanha para voltar para casa. Ainda neva nas colinas do sudoeste de Gales naquela época do ano e as curvas cegas e as bordas afiadas que fazem da paisagem o foco das câmeras Canon e pinturas a óleo também a tornam inesquecível. Elin morreu no impacto. Ela tinha 19 anos.
No ano seguinte à morte da minha melhor amiga, o príncipe George nasceu, Andy Murray venceu Wimbledon e Taylor Swift lançou 1989. Cada momento marcante era um zumbido, lembrando-me que Elin seria uma adolescente para sempre e essas eram coisas que ela nunca saberia. Foi o lançamento do álbum de Taylor, e os álbuns lançados após o 1989, que me atingiram com mais força, porque teriam sido algo especial para nós. Eu queria conversar com ela sobre como Taylor havia se livrado das raízes do country e trocado os cachos de Dolly por um penteado liso. Discutir sobre como ela perdeu o ‘jeito’ de Nashville, mas me ganhou de volta com “I Wish You Would”. Eu desejava vê-la entrar no universo do Reputation e analisar o mais recente drama de Kanye. Para então sermos completamente atraídas por Lover e cantarmos “The Man” tão destemidamente quanto cantamos “You Belong With Me” quando tínhamos 15 anos.
Em vez disso, a voz de Taylor Swift se tornou uma substituta da de Elin. Quando ela toca na rádio, sou transportada de volta para uma noite em 2009, quando Elin e eu viajamos para Wembley para a primeira data da turnê de Londres de uma estrela country. Ela estava promovendo seu álbum Fearless, e falou conosco de uma maneira que o pop legal de Britney e Ciara não conseguia. Tínhamos franjas questionáveis, uma obsessão doentia por Lucas Till e mais prêmios Nobel da Paz entre nós do que experiências de namoro. Finalmente encontramos nossa líder de torcida e aqui estava ela a alguns metros de distância, tocando “Hey Stephen” em seu violão. Por uma hora e meia, não fomos excluídas, mas duas meninas encantadas por alguém que nos entendia.
Esse era o diferencial de Taylor Swift. Ela não era tão sexy ou confiante, e dançar definitivamente não era um de seus talentos naturais. Mas ela acreditava em si mesma o suficiente para seguir seu sonho e usou sua vulnerabilidade para provar que os opositores estavam errados. Suas canções eram experiências vividas em melodia, que validavam sentimentos não ditos de adolescentes a 4.000 quilômetros de distância. Claro, não tínhamos muitas arquibancadas ou caminhonetes em nosso cantinho do mundo, mas estávamos lutando contra nossas próprias inseguranças e sofrendo com as réplicas de Tim McGraw em galês. Taylor nos fez sentir vistos e se tornou a representação “depois” dos anos “anteriores” pelos quais estávamos passando. Para nós, ela era esperança em botas de caubói.
Era à essa esperança que eu me apegava depois, sempre que via um Ford KA vermelho passar, quando o aniversário de Elin passava, ou eu via alguém na rua com topete no cabelo ou um vestido da Jane Norman. Eu ouvia as letras de “Change” como se elas tivessem sido escritas especialmente pra mim, como se Taylor tivesse escrito um hino para eu continuar. Mesmo que fosse sem minha amiga que ria das piadas bobas da minha irmãzinha, dava os abraços ósseos mais quentes e me salvava de ondas de ansiedade que muitas vezes me sufocaram.
Dez anos depois daquela noite no norte de Londres, Taylor continua a dar conselhos que minha amiga não pode mais. Cada novo disco se tornou um abraço acústico que me aproxima um pouco mais de alguém que está se afastando. 1989 foi um guia para me mudar para Londres, Reputation, um plano para a reinvenção e Lover, uma carta escarlate, sem vergonha, pintada de amor próprio. Quando Scooter Braun comprou o catálogo de Taylor, e a disputa sobre se ela seria ou não capaz de tocar as músicas de seus seis primeiros álbuns aumentou, eu me senti pessoalmente ferida. Para mim, esses masters não tinham valor monetário, eram irmãs mais velhas e melhores amigas. Tê-los levados foi como perder a poeira estelar que me ligava a Elin.
Quando Taylor recebeu seu prêmio de artista da década no AMAs de 2019 cantando um medley de seu catálogo, fui reunida com o som pelo qual me apaixonei e a magia que ele provocou. O set de 10 minutos me lembrou de todos os hinos de coração partido e hits de declarações que me ajudaram com tudo, desde bullies locais até a perda de uma amiga com uma estranha queda por Mark Owen. O fato de Elin não ter visto o final dos anos 2010, que começamos juntos em Wembley, ainda não é algo que eu aceito de todo o coração. Mas o que eu sei com certeza é que Taylor Swift tem sido uma amiga para mim de maneiras que ela nunca saberá. E por isso serei grata, para sempre e sempre.
Matéria publicada pela Teen Vogue e traduzida pela equipe TSBR.
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