As últimas atualizações de Taylor Swift no Instagram e no Twitter nos deixaram de queixo caído: a New York Magazine a elegeu como a maior artista pop do mundo, deixando a cantora na frente de pessoas como Miley Cyrus, Katy Perry e até Lady Gaga. A seguir, você confere a matéria gigante completa divulgada pela própria Taylor, inteiramente traduzida pela equipe de nosso site:

Taylor Swift se preocupa bastante com segurança. É uma preocupação compreensível. Nessa primavera, um homem foi preso na madrugada perto de sua casa em Watch Hill, Rhode Island. A polícia reportou ele andando fora do oceano; ele contou aos oficiais que ele havia nadado duas milhas para encontrar Taylor Swift. A cantora tem outras duas casas – uma modesta casa, que ela chama de “casa de campo”, em Beverly Hills, e sua residência principal, um apartamento no centro de Nashville – e sua equipe se empenha ao máximo para manter o endereço em segredo. Mas os fãs tem um jeito de descobrir isso. Em uma manhã de domingo no último setembro, uma garota de 12 anos e sua mãe, que voou para Nashville de Connecticut para ver o show de Swift na Bridgestone Arena na noite anterior, entraram no lobby de seu prédio. Essa foi o ‘stalk’ de celebridade mais benigno. A mãe e a filha tinham um presente à Swift, um grande recipiente de sopa de galinha caseira, que elas deixaram com seu porteiro.

Swift precisava da sopa. Quando eu cheguei em seu apartamento mais tarde – minha visita estava agendada – ela estava audivelmente passando mal. Ela parecia a imagem de saúde; Ela me cumprimentou e sua grande cozinha, usando um vestido branco de renda folgada e um sorriso amigável. Mas quando ela falou, o que saiu foi um coaxo, uma voz rouca perto de dois oitavos mais baixa que a de Bea Arthur. “Eu fiz isso, e estou super orgulhosa deles”, ela disse, puxando um prato de biscoitos na bancada. “São de abóbora e chocolate. Eu não tossi neles, só para você saber. Você está à salvo.” 

Swift estava doente a semana toda, lutando com a gripe enrolada em um cobertor. Ela não tinha essa luxúria. Ela havia ido à Nashville para uma longa turnê americana de 7 meses em apoio de seu quarto álbum, Red, que foi lançado em outubro de 2012. O show da noite passada foi o último desta parte da turnê, e o mais difícil. “Foi complicado”, ela diz. “Achei um pouco mais fácil cantar do que falar, oq que foi tipo… um milagre.” 

Na verdade, a gripe de Swift havia permitido um dos momentos ‘Kodak’ do show. Mais ou menos na metade, ela se sentou em frente à um microfone para performar seu hit de 2010 “Sparks Fly”. De repente, ela pensou melhor sobre isso. “Desculpa gente, mas eu realmente preciso assoar meu nariz”, ela disse. “Eu juro que farei isso muito rápido, vocês podem por favor gritar para ocupar esse silêncio estranho?”. Ela desceu alguns degraus para o palco onde, presumivelmente, um funcionário estava esperando com Kleenex.

Para outra estrela, esse ato poderia ser inconcebível. Você pode imaginar a imperial Beyoncé ou Lady Gaga dizendo à uma arena lotada: “Esperem um segundo, tenho que assoar em um guardanapo”? Mas para Swift foi apenas uma cena de teatro. A plateia – 14 mil, a maioria meninas – irrompeu em um ensurdecedor grito humano. Vinte segundos depois, Swift estava de volta ao palco, tocando seu violão de 12 cordas e cantando “Sparks Fly”.

A turnê Red de Swift é a maior até agora, e ela tem todos os ornamentos para um sucesso de estádio do pop. Existem Jumbotrons e luzes LED, palcos multilevel e confetti caindo, uma banda de sete pessoas, quatro backup singers, 15 dançarinos, próximo da quantidade de trocas de figurino. E mesmo assim o highlight do show de Taylor Swift é a intimidade: momentos como quando os dançarinos recuam e a banda se esconde nas sombras, e Swift ilumina o estádio ao introduzir “Mean”, uma música sobre bullying, Swift vai até a ponta do palco, pegando um banjo. “Eu sempre quis saber e sempre sonhei sobre como seria estar em frente à um grande palco e cantar músicas para muitas pessoas, cmcúsicas que eu escrevi… sonhar era tipo minha coisa predileta quando eu era menor, porque eu não tinha muita vida social. Eu nem sempre tive 14 mil pessoas querendo estar comigo em uma noite de sábado.”

Essa é a principal marca da amostra de humildade de Swift, a modéstia que algumas vezes pareceu tão falsa que ganhou até um meme: a cara de surpresa de Taylor Swift – uma referência aos “O quê? Eu?” que ela soltava em surpresa algumas muitas vezes quando seu nome era chamado em cerimônias de premiações. Mesmo assim, você pode a culpar por estar chocada? A escala e o alcance do sucesso de Swift é espantador. Em tempos de uma contração catastrófica da indústria da música, Swift se diferencia. Algumas vezes ela se parece como uma fortaleza de uma mulher só contra a derrocada do negócio tradicional de gravadoras. Nos sete anos desde o lançamento do seu debut auto-entitulado, Swift já vendeu 26 milhões de álbum. As vendas de downloads de músicas de Taylor Swift ultrapassam os 75 milhões. De acordo com a Recording Industry Association of America, ela é a artista n°1 em singles digitais de todos os tempos. Desde 2006, ela colocou 43 músicas no top 40 do Hot 100 da Billboard como artista principal, mais do que qualquer outro artista neste período. Ela teve 31 singles no Top 40 de músicas country, incluindo 13 músicas que alcançaram o n°1.

Esses números são especialmente improváveis quando você considera a música, e o música, por trás delas. Swift é excêntrica. Não existe um precedente histórico para ela. Seu caminho para o estrelato desafiou os padrões estabelecidos. Ela se encaixa entre gêneros, eras, demografias, paradigmas e tendências. Ela é uma nativa da Pensilvânia transformada em uma cantora de country pop para jovens, uma estrela de Nashville que conquistou o top 40, uma cantora compositora confessa que se mascara de diva pop global. Sua música mistura o simples e peculiar com o reluzente pop-industrial, como se fosse um contraste entre a Etsy e a Amazon (uma loja que vende produtos artesanais vintage e outra que vende produtos populares de marcas famosas), de uma maneira que nunca havíamos escutado antes.

A própria Swift é uma figura de contradições. Ela é a querida de críticos de rock que não tem nem um pouquinho de esnobação contra cultural sobre ela. A vulgaridade é a norma do pop atual mas Swift é formal, sem censura de idades.

Ela é um modelo independente de poder feminino no século 21, da qual a visão de romance é positivamente medieval – princesas de contos de fada, cavaleiros em armaduras, cavalgadas em unicórnios de sentido medieval. Ela pode compor a música romântica mais enjoativa que você já escutou e produzir a balada mais irritável, vingativa, que dá nomes e coloca culpa sobre términos de namoro. Muitas vezes são a mesma música. A influência de Swift reverberou pela música popular, mas ela ainda permanece sui generis, um gênero único. Por direito, ela deveria ser uma figura mesquinha, uma artista culta. Mas, enquanto 2013 vai dando espaço para 2014, enquanto Swift coloca seu qcuarto álbum de lado e começa a trabalhar em seu quinto, não há dúvidas: Beyonce, Rihanna, Gaga, Katy, Miley, Justin, Usher, Jay Z, Kcanye – estão todos competindo pelo segundo lugar. Como, por que, Taylor Swift é a maior estrela do pop no mundo?

O melhor lugar para buscar respostas provavelmente é Nashville, a cidade que molda a abordagem de Swift para a arte, negócios e o cruzamento entre as duas. Seu apartamento, um duplex de canto com três dormitórios com pé direito alto, fica mais ou menos no centro da cidade, quase duas milhas sudeste do Rio Cumberland e perto do campus da Universidade de Vanderbilt. Swift fez o design dos interiores sozinha, uma projeto que segundo ela levou anos para ser completo. É fácil de ver porque. O apartamento é um lugar muito agradável com muitas informações visuais. Tem muita decoração para os olhos absorverem.

Tem móveis rústicos de madeira maciça, tapeçaria oriental, um coração gigante no qual um fogo elétrico queima mesmo quando a temperatura do lado de fora está alta. Existem armários cheios de livros e decorações. Tem uma ilha de cozinha no formato de um gigante coração. No canto perto de uma janela, tem uma escultura coelho, tão alto quanto um jogador da NBA, vestindo um chapéu de banda marcial. Na parede de sua sala de estar, percebi uma foto emoldurada em dourado: a famosa imagem de Kanye West, invadindo o palco durante o discurso de Swift no VMA de 2009. De baixo da foto está a frase, escrita a mão por Swift: Life is full of little interruptions (a vida é cheia de pequenas interrupções).

O teto de Swift é enfeitado com todos os tipos de coisas: porções de seda, gaiolas de pássaro em madeira, candelabros, lanternas. Corrimãos ornados acompanham a sacada do segundo andar. Parece o palco de uma produção de Romeu e Julieta – ou a mesma cena do verso final do hit de 2008 de Swift “Love Story”. Resumindo, é exatamente o tipo de apartamento que você espera que Taylor Swift habite: caprichosamente feminino, sonhador, empregado em um estilo que pode ser chamado de Alice no Pais das Maravilhas em shabby-chic. Swift me mostrou um dos quartos de hóspedes no qual possui uma cacofonia de arregalar os olhos em papéis de parede e tecidos. “Eu queria, tipo, todas as cores”, ela disse.

Swift é caseira. Mesmo quando está em turnê, ela tenta dormir em sua própria cama, escolhendo a menor distância até uma de suas três residências e voando para casa em seu jatinho particular depois dos shows. “Não é um trabalho ruim”, ela brincou. Você pode não saber disso por sua imagem pública, mas Swift é engraçada. Ela tem um senso sarcástico e sagaz. Contei a ela sobre o cara estranho que estava sentado ao meu lado no show na noite anterior. Ela parecia estar nos seus 40 anos e vestia uma camiseta da Taylor Swift coberta de buttons de Taylor Swift. Ele anunciara que estava sozinho e havia dirigido de Oklahoma para Nashville para o show. Ele filmou o show inteiro no seu celular, declamando todas as palavras de todas as músicas com grande intensidade. “Ele provavelmente está listado em algum lugar”, Swift disse.

As características mais impressionantes do apartamento de Swift são as janelas de 25 pés de altura que envolvem um canto do prédio, oferecendo vistas panorâmicas de Nashville. Se você olhar por uma destas janelas para o oeste, pode ver o famoso epicentro do complexo industrial da música country, a fileira de firmas que publicam canções, estúdios de gravação e gravadoras, conhecida por Music Row.

Swift viu a Music ROw pela primeira vez em 2001. Naquela tempo, os Swifts estavam morando em Wyomissing, Pensilvânia perto de Reading, em uma fazenda de árvores de Natal com 11 acres de tamanho que a família possuía como uma fonte secundária. (Seu pai, um corretor de ações de sucesso, trabalhava para Merrill Lynch). Taylor havia descoberto a música country alguns anos antes, quando seus pais a compraram um álbum de LeAnn Rimes. Aos 11 anos, Taylor convenceu sua mãe a leva-la para Nashville durante o recesso de primavera para que ela pudesse ir de porta em porta na Music Row munida de um CD demo de performances de karaokê.

Ela veio de mãos vazias na primeira viagem, mas três anos depois, sua família se mudou pra ¬Hendersonville, Tennessee, um subúrbio próximo, a cerca de 35 km de Nashville, então Taylor poderia correr atrás de seu sonho de ser uma cantora. Não é necessário dizer que o resto é história. Em 2004, quando ela tinha 14 anos, Swift assinou um contrato de composição com a Sony/ATV ¬Nashville; ela provavelmente foi a compositora professional mais jovem na história da música. Um ano depois, ela assinou o contrato com a Big Machine Records, uma gravadora nova, comandada or Scott Borchetta, que trabalhava na DreamWorks Nashville Records, e lançou seu primeiro álbum, Taylor Swift, em outubro de 2006.

Relembrando o primeiro album de Taylor Swift, você deve perceber o quão country ele era. O primeiro single, “Tim McGraw,” vestiu um chapéu de couro na estrela country; na capa do album, Swift parecia uma uma mini-Faith Hill, esposa de Tim McGraw. Taylor agradeceu Faith no CD “por ser a pessoa mais simpática do mundo”. As músicas eram uma viagem ao country: letras sobre caminhonetes e orações na beira da cama e portas batidas, cantadas por Taylor Swift com um sotaque que ela certamente não conseguiu na Pensilvânia.

Há uma grande tradição de ‘carpetbaggers’ country: músicas que saem do norte do país, colocam botas de caubói, começam a acentuar seus ‘g’s e viajam para Nashville para lancer, ou revitalizar, suas carreiras. A estrela country Alan Jackson satirizou o fenômeno em 1994 com o hit “Gone Country,” e a moda permaneceu nos dias atuais, com rockeiros como Sheryl Crow e Darius Rucker migrando para Nashville, um dos lugares menos habitáveis para o pop-rock em uma era dominada pelo hip-hop.

Você poderia afirmar que Taylor também seguiu o mesmo caminho dos demais artistas. Na verdade, ela inverteu o processo, plantando suas raízes no solo country, e então caminhando para o pop. A cada album, suas vogais estendidas passaram a ser mais cortadas; ela uniu o mandolin ao violino com batidas e utilizou-os juntos em suas canções. Dois de seus maiores hits foram feitos dessa forma, “You Belong With Me” (2008) e “We Are Never Ever Getting Back Together” (2012). O primeiro é uma música pop forte com batida country; banjos são proeminentes em meio a ondas de guitarras, e Swift ainda soa como uma sulista. (Escute ela cantar “typical Tuesday night.”) “We Are Never Ever Getting Back Together,” por outro lado, é um pop-chiclete complete, onde Taylor canta – e de forma engraçada, fala – com um sotaque californiano, limpo de todos os traços de sua cidade natal. Adeus falas fanhas; olá tons mais baixos.

Ainda assim as ligações de Taylor a Nashville são fortes, cruciais para sua música e para o que pode ser chamado de A Marca Taylor Swift. O rádio tem grande força no mundo country, e Taylor se tornou a preferida das radios country à moda antiga: por cumprimentar e tratar muito bem executivos, diretores de programação e radialistas.

“A radio Country é muito mais uma família do que qualquer outro grupo de pessoas que eu já conheci,” Taylor disse. “Eles dizem, ‘Olha, nós nos conhecemos há anos. Nós te apoiamos e você os apoiou. É assim que funciona.’ ”

Swift fez atos mais marcantes para o mundo country. Em Outubro, a cantora compareceu à cerimônia de gala e corte de laço do Taylor Swift Education Center no Country Music Hall of Fame and Museum, onde ela pessoalmente doou 4 milhões de dólares. “Eu amo ser parte da comunidade de música country.” Ela me disse.

Esses sentimentos são, para dizer o mínimo, recíprocos. Taylor é a queridinha de Nashville; ela não para de ser elogiada e de receber menções honrosas. Esse outono, a Nashville Songwriters Association International a nomeou a Compositora/Artista do ano pela sexta vez consecutive, um recorde. Ela foi indicada ao 21 Country Music Association Awards, e ganhou nove. Durante a cerimônia do CMA desse ano, se reuniram no palco oito das maiores estrelas do country—McGraw e Hill, George Strait, Brad Paisley, Keith Urban, e os três componetes do Rascal Flatts—e presentearam Taylor com o Pinnacle Award, um prêmio especial que só foi antes dado para Garth Brooks. Brooks o recebeu quando tinha 43 anos; Swift completa 24 anos no próximo mês.

O caso amoroso Swift-Nashville funciona para os dois lados. Ela é a primeira estrela country famosa no mundo todo, sendo embaixadora não apenas para os países que normalmente são atraídos pela cultura estadunidense, mas também em países como Irlanda, Brasil e Taiwan. Ela mostra modernidade, sofisticação e juventude a um gênero que é tradicionalmente conhecido pelos valores opostos. A elite country pode não ser louca pela música pop, mas adora ter uma popstar no seu meio, e está disposta a seguir Taylor onde quer que ela vá, mandando músicas como “We Are Never Ever Getting Back Together” para o nº1 nos charts Country. Nashville nem hesitou quando confrontada com “I Knew You Were Trouble,” certamente a única música com dubstep que teve a oportunidade de tocar nas rádios country.

Para Swift, Nashville oferece muito em retorno. O público country é o mais confiável e leal do mundo da música; numa década de declínio da indústria musical, as vendas da música country são notavelmente superiores às dos demais gêneros. Nashville se tornou o lugar perfeito para ser a base de operações para a conquista da cultura pop por Taylor Swift. Se você pedir para Taylor reduzir seus impulsos musicais, ela dá uma resposta que tem a virtude de ser verdadeira e politicamente clichê. “Eu amo country e amo pop”, ela me disse “Eu amo os dois.”

Mas a relação de Taylor com o country não é apenas para seguir com sua carreira. Nashville é um cidade musical e Taylor é em primeiro lugar uma compositora, impregnada com os valores artísticos e contadores de história do mundo da música. Isso era evidente desde o início, no primeiro CD de Taylor, onde os ouvintes ficavam encantados em ouvir uma adolescente magrela – que em suas primeiras fotos publicitárias parecia ter sido estranhamente colocada em um vestido de debutante – cantando músicas compostas por ela própria que mostravam completo domínio de sua forma. Suas músicas tinham versos que grudam na cabeça e eram seguidos por refrões mais grudentos ainda, e o tipo de letras inteligentes e reviravoltas pelos quais os artistas country são famosos. Sua primeira música nº1, “Our Song,” que ela escreveu pra um concurso de talentos do primeiro ano de seu ensino médio, saía dos autofalantes e atraía seu ouvido desde a primeira nota. A letra era como uma fita infinita de Mobius: um conto romântico adolescente, que tem uma reviravolta e um bom verso final, para Taylor, a compositora: “I grabbed a pen / And an old napkin / And I wrote down our song.” A cada álbum, ela refina seus habilidades. Analise um trecho de seu outro hit, “Mine” (2010): “You made a rebel of a careless man’s careful daughter.” É de uma habilidade incrível de composição: um pequeno milagre de concisão narrativa, um obra completa traduzida em dez palavras e duas notas.

Swift me disse que poderia se imaginar parando de cantar e sendo apenas uma escritora. “Quando eu tiver 40 anos e ninguém mais quiser me ver em um vestido brilhante, eu vou ser tipo ‘Legal, eu vou para o estúdio escrever músicas para as crianças.’ Parece um bom plano para aposentadoria.”

Talvez. Mas as composições de Taylor podem ser repletas de manias e sentimentos pessoais que se relacionem a todos os que começarem a ouvi-las. Os pais de Taylor a deram esse nome depois de James Taylor, e ela tem uma alma folk dos anos 70; ela faz suas confissões e expõe suas memórias. No Red, Swift deu seu grande salto para o mais alto pop, co-escrevendo três músicas com o magos suecos, os hitmakers Max Martin e Johan “Shellback” Schuster, que são responsáveis por dezenas de grandes hits pop dos últimos 15 anos. Você pode perceber os toques de Martin e Shellback nas músicas “We Are Never Ever Getting Back Together,” “I Knew You Were ¬Trouble,” e “22.” Ainda assim as músicas são inegavelmente da Taylor; diferente de outras músicas de Martin, você não pode imaginá-las sendo gravadas por Katy Perry ou Pink, ou qualquer outro artista. Veja a letra de “22”: “We’re happy, free, confused, and lonely at the same time / It’s miserable and magical.” É classicamente uma letra da Taylor: forte, mas precisa, pessoal e consciente – tudo em uma música só, uma perfeita descrição da vida pessoal de uma mulher jovem que você deve escutar na rádio.

“Eu acho que se permitir ter emoções cruas e reais em público é algo que eu nunca vou temer em fazer”, ela disse. “Espero que esse seja o caso, se eu conseguir permanecer uma ser humana real. Eu me sinto bem sendo honesta com meus fãs sobre o fato de que é normal não estar tudo bem todo o tempo. Eu amo minha vida, Eu amo minha carreira e meus amigos – mas as coisas não estão bem todo o tempo. Então eu não canto sobre as coisas estarem ótimas sempre.”

Ela nunca escreveu. A segunda canção que Swift escreveu, quando ela tinha 12 anos, era um lamento sobre o colegial chamada “The Outside”. (A canção estava no CD Taylor Swift). Swift deixou a escola Hendersonville High por um motive quando ela tinha 16 anos, mas as canções dela quase nunca saíram do quintal, ela ainda fala sobre as pessoas, as manias e a hierarquia social. Em “22”, Swift canta sobre fugir de uma festa lotada de “crianças legais”, em “We Are Never Ever Getting Back Together,” ela fala sobre um ex-namorado que tocava “músicas indies bem mais legais que as minhas”. Uma explicação para a tamanha popularidade de Swift talvez seja sua insistência em ser a garota impopular, 36.7 seguidores no Twitter discordam. Outras divas demonstram uma vulnerabilidade, posando em clipes como se fossem super-heroínas. Swift oferece uma imagem diferente. Para dar um exemplo: “You Belong With Me”, na vida Swift é, sem dúvida, a líder das cheerleaders, loira, alta, confiante, talentosa, e, é claro, famosa mundialmente. Mas em suas canções ela mostra uma outra personalidade: solitária, azarada.

Swift é melhor conhecida por, é claro, escrever canções de amor, de amores perdidos, e, especialmente, vingativas canções de amor. Um trecho na dedicatória de seu primeiro CD deixa isso claro: “Para todos os garotos que acharam que seriam legais e quebraram meu coração, adivinhem? Aqui estão 14 canções escritas sobre vocês. HÁ”. Naquela época, os meninos em questão eram ex-colegas de classe de Swift, mas seguiu disso para namorar músicos e estrelas do cinema. Nos dias de hoje, descobrir sobre qual celebridade Swift canta é um dos jogos prediletos da mídia.

Como várias pessoas famosas, Swift reclama dos comentários dos tabloides. Na verdade, ela faz muito para encorajá-los a fazerem isso. Ao aceitar o prêmio de Best Female Video por “I Knew You Were Trouble” em Agosto, Swift disse: “Eu quero agradecer a pessoa que me inspirou para esta canção, que sabe bem quem ele é”, a fala causou uma avalanche de tweets sobre Harry Styles do One Direction, suposto alvo da canção.

Em certos momentos, você não pode evitar de concluir que você está vendo uma sagaz mulher de negócios trabalhando: Não dói para Swift continuar com os moinhos de boatos zunindo. Mas o nervo vingativo de Swift também trouxe censura– e muita. Ela foi designada como uma “beija-e-conta” em série, como uma intitulada criança rica, uma menina malvada com complexo de vítima. Swift pode ser estridente. Quando o cantor Joe Jonas terminou com ela e começou a namorar a atriz Camilla Belle, a resposta de Swift teria sido “Better Than Revange” (2010), uma música que passa o mesmo tempo envergonhando a menina e o cara (“Ela é uma atriz/ Ela é melhor conhecida / Pelas coisas que faz/ No colchão”). “Dear John”, que teria sido sobre o caso de Swift com John Mayer, tem uma melodia deleitável, mas a auto-justiça de Swift, sua insistência imatura em sua própria imaturidade –“Você não acha que eu era muito nova/ Pra ser mexida com?” — coalham a bebida.

Swift já ouviu as criticas, mas ela não liga. “Tem uma versão para cada celebridade lá fora,” ela disse. “Eu sei que uma das minhas versões é: ‘Oh, Taylor está com o coração partido. Oh, Taylor se apaixonou e o cara quebrou o coração dela. Ela está sempre triste, e solitária’.

“Quer dizer, eles podem falar o que eles quiserem. Esses são sentimentos que toda pessoa passa por. Eu acho que não tem problema estar bravo com alguém que te machucou. Isso não é sobre, tipo, o esplendor de tentar fingir que nada lhe afeta. Eu sou uma compositora. Tudo me afeta.”

“Eu sou uma compositora,” certamente, é uma resposta apta. A tradição de compor músicas se estica desde os trovadores medievais e antigos depenadores de lira; é uma constante da música americana pelo menos desde que o primeiro homem do blues apontou uma música para uma mulher que havia o mal-tratado. Bob Dylan é um contador incorrigível, às vezes malicioso; por décadas, críticos do rock vem falando de sua admiração pela citação de Elvis Costello: “As únicas motivações para mim ao escrever todas essas músicas de vingança são vingança e culpa”. O novo álbum de Drake, Nothing Was the Same, é, como de praxe, um catálogo de suas “vadias” e chamadas sexuais, nas quais ele vai tão longe a ponto de citar o nome de uma de suas ex-namoradas civis, “Courtney de Hooters na Peachtree” –um movimento muito mais assustador do que as menções astutas dos ex-namorados de Swift. É difícil não detectar um padrão machista no policiamento das confissões de Swift, especialmente se você considerar a misoginia rotineira nas músicas de roqueiros, rappers e cantores indie. Taylor Swift é uma jovem mulher que namora com caras, se apaixona, se desapaixona, e escreve algumas músicas sobre isso. Deveríamos nós invejar Swift como sua musa?

Você poderia chamar Swift um bardo de sua geração: Ela aproveita da composição musical tradicional com um super compartilhamento social do novo milênio. Não existe dúvida alguma na arte das melhores atualizações de status de Swift. A obra-prima de Red é “All Too Well”, co-escrita pela compositora Liz Rose, uma colaboradora frequente. Se a internet pode ser confiada, “All Too Well” é sobre Jake Gyllenhaal, cujo romance com Swift chegou nos tabloides no fim de 2010. É uma balada que aumenta, como uma onda lentamente crescente, sobre uma linha de baixo similar ao do U2 em “With or Without You”. Têm as recriminações usuais, que chegam em dísticos estalantes e firmes: “Você me liga novamente só para me quebrar como uma promessa / Tão casualmente cruel em nome de ser honesto.” Mas “All Too Well” também é uma montagem de boas memórias, vividamente desenhadas: A música tem alguns “cantando no carro, se perdendo ao norte” e dançando na cozinha sob a “luz do refrigerador”. Aqui está Swift, vendo seu namorado reagir enquanto ela folheia as páginas de fotos da infância na casa da mãe dele: “Álbum de fotos no balcão, suas bochechas estavam ficando vermelhas / Você costumava ser uma criancinha com óculos em uma cama de solteiro.” É necessário habilidades letristas especiais para fazer uma música trocista que também tem uma tenra validação.

“Eu ouvi do cara que o Red é basicamente sobre,” Swift. disse. “Ele falou tipo, ‘Eu acabei de ouvir o CD, e isso foi uma experiência muito agridoce para mim. Foi como passar por um álbum de fotos.’ Isso foi legal. Mais legal do que, tipo, os discursos e os e-mails malucos que eu recebi desse outro cara. É um jeito muito mais maduro de olhar para o amor que foi ótimo até que se tornou terrível, e ambas as pessoas se magoaram disso– mas que uma dessas pessoas por acaso é uma compositora.” Ela revirou os olhos. “Então o que você vai fazer? Você não me procurou na Wikipédia antes de me ligar?”

Ultimamente, Swift está pensando muito em seu próximo CD. Enquanto está na Red tour, ela está compondo novas músicas e acumulando ideias: bloquinhos com canções e várias gravações de voz em seu iPhone.

Swift encerrará o ano cantando na Austrália e Nova Zelândia, e depois tocará em Londres e Berlim em Fevereiro. Mas ela planeja passar boa parte de 2014 compondo e gravando seu novo CD, um pensamento que ela acha ser animador e assustador.

“Eu me preocupo com tudo,” disse Swift. Ela estava sentada na sala de jantar, na ponta de uma longa mesa de madeira. “Alguns dias eu acordo pensando, ‘Okay, tem sido tudo bom’. Durante a tarde eu posso estar com outro humor e achar que tudo é possível, e mal posso esperar para fazer um tipo de música que nunca fiz antes. Já pela noite, eu posso estar com medo de tudo novamente. E depois, eu vou compor uma música antes de dormir.”

Swift espera colaborar com novos escritores e produtores. Mas ela planejou começar, ela disse, voltando ao estúdio com Max Martin e Shellback. “Eu quero ir ao estúdio com o Max e o Johan primeiro, para poder definir qual será a base do CD”. “Eu tenho várias coisas para puxar do meu emocional, mas devo usá-las de uma perspectiva diferente de em RED. Eu não posso falar as mesmas coisas novamente, entende? Assim, eu acho importante não me permitir fazer isso”.

“Ao mesmo tempo, eu vejo um erro que os artistas cometem em seus quartos ou quintos CDs, eles pensam que inovação é mais importante do que composição. A coisa que mais me decepciona, como uma ouvinte, é quando estou ouvindo uma canção e eu percebo o que eles tentaram fazer. Por exemplo, tem uma batida dançante que não faz sentido, há um rap que não deveria estar lá, há uma mudança que tipo, é a coisa mais legal nos últimos seis meses, mas não tem nada a ver com a sensação, não tem nada a ver com a emoção, não tem nada a ver com a letra. Eu não quero colocar essas coisas em minhas canções, só porque talvez elas sejam mais populares assim, ou nas rádios rítmicas, ou em baladas. Eu não quero uma compilação de músicas. Eu só preciso que elas sejam canções.”

Já ao falar do tema dessas canções: é uma conclusão pronta. “Eu somente escrevo sobre aquele amor louco,” disse Swift. “Se eu vou em dois encontros com um cara e nós não nos damos bem, eu não vou escrever sobre isso. Não teve uma importância maior emocionalmente. Há várias coisas que acontecem diariamente que não valem a pena transformar em um verso ou um refrão.” Swift é definitivamente no caminho certo: uma canção popular é, em uma grande escala, a arte de transformar um grande amor em uma canção. Mas o romantismo de Swift tem trazido um desdém de algumas pessoas. E um post chamado “Taylor Swift é o pesadelo do feminismo” do site Jezebel, Dodai Stewart define a cantora como retrógrada, uma hipócrita encantada com um romance. “Para Taylor, 5 anos significa apaixonar-se por um menino e sonhar em casar com ele. Meus 15 anos foram mais: flerte com aquele, beije aquele, fume um cigarro, fique bêbada, minta para os seus pais, leia um pouco de Anaïs Nin….a imagem de Swift sendo boazinha e pura encaixa perfeitamente no que o patriarquismo sonha: uma virgem que ama ser pura, e celebra mulheres que sabem de seu lugar como flores delicadas.”

Swift é praticamente vitoriana se comparada a estrelas como Beyoncé, Gaga, e Rihanna, para não falar de outra filha de Nashville que está recentemente na mídia. Miley Cyrus. Essas mulheres representam um pop sexualmente agressivo, exagerando das batidas e pequenos figurinos para falar sobre poder e determinação. As canções de Swift não são totalmente puras: o sexo está lá no meio da batida e sentimento da música, e segue lá, discretamente, nas letras. Mas ela é modesta, além de outras coisas, essa é uma ótima estratégia de marketing. Swift passou de jovem estrela para uma estrela madura, trazendo junto seus fãs mais velhos e, ao mesmo tempo, mantendo fielmente seus fãs da próxima geração e seus pais.

Mesmo assim, seria Taylor Swift realmente um pesadelo para o feminismo? Você pode pensar o contrário. Seus figurinos delicados e passos de dança, e o fato que ela subiu ao palco usando apenas lingerie, ou menos que isso, talvez a faça ser mais inteligente do que outras cantoras. Mas ela também é bem menos feminista do que aquele velho conceito, o Male Gaze. Na verdade, assistir Swift ao vivo é revelador: é em um palco como em Bridgestone que sua singularidade, a estranheza de seu padrão – e sim, seu feminismo- ficam em foco. Eu vou a shows em arenas há três décadas, eu nunca vivenciei algo mais barulhento do que a plateia de um show da Swift. E também não, já que estamos no assunto, uma maioria feminina, e até mesmo alguns críticos de Nova Iorque e uns caras estranhos de Oklahoma. Mesmo em um show de Justin Bieber, ou em um seminário de estudos da mulher, você não vai encontrar essa quantidade de mulheres para a quantidade de homens, e também não encontrará um público de idade tão diferenciado, de bebês, adolescentes e jovens, com suas mães, colegiais, avós, ou trabalhadores como os que sentaram atrás de mim, passando de tempo em tempo um copo de bebida. Para passar a barreira de um show da Taylor Swift e entrar nele, é entrar em um local feminino. Swift tem o poder de transformar uma arena de hockey em um local dela.

Ela sabe fazer um show. No passado, a voz de Swift era um pouco mais trêmula – quem consegue esquecer aquela falta de harmonia no dueto com Stevie Nicks no Grammy de 2012, mas nos dias de hoje, ela está afinada. Ela canta com confiança, lindamente, talvez, até com um pouco de masculinidade. O show é inteiramente coreografado, ela segue todas as marcações. Mas a parte mais fascinante acontece entre as canções, quando Swift fala com o público. Seus discursos são em sua maioria sobre suas músicas. Ela é um tipo mais excêntrico no palco, mais como uma tutora de artes do que uma estrela do rock.

“Eu acho que para mim, a pergunta que mais me fazem é: Como você escreve uma canção? Tipo, por onde você começa? Eu só imagino estar colocando uma mensagem em uma garrafa e a jogando no mar”. “Eu me lembro de ser bem nova e, a coisa que eu mais compunha sobre era o fato de eu não me encaixar na escola. Compor tornou-se uma mecanismo comum para mim logo cedo”.

“Eu acho que foi a Joni Mitchell que disse, ‘canções são o que você pensa enquanto está voltando para casa’. Sabe, aquele pensamento depois que tudo acontece.”

No Bridgestone, a maior gritaria aconteceu quando Swift estava sentada em um piano, no meio da introdução de “All Too Well”. “Eu tenho certeza,” ela disse, enquanto olhava para a plateia, “eu nós temos várias pessoas aqui que compõem”. Chamem Swift de patriarca, mas a mensagem dela durante seus shows é outra: que um grande poder é liberado quando uma mulher tem um violão, um caderno e cria arte.

Em seu apartamento, eu peço para Swift explicar a conexão com seus fãs. “Há mais o elemento da amizade, do que qualquer coisa,” ela disse. “Talvez seja uma relação de irmãs. Ou um “Hey, nós temos a mesma idade”, a maioria tinha 16 anos quando meu primeiro CD foi lançado, e todas crescemos juntas.” “A plateia responde de maneira diferente diante do efeito diferente que cada artista tem. Eu notei isso ao trazer diferentes convidados ao palco. O público grita muito por vários motivos. Tem um grito para um menino bonito. E tem aquele grito, ‘eu me identifico com esta canção, essa letra é a minha’. Eu creio que este seja o grito que eu ouço nos meus shows”.

Fonte
Tradução & Adaptação: Aline Candeo, Ana Carolina Weber, Érika Barros, Isis Mendes e Livia Corrêa – Equipe TSBR





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