Na semana do Grammy desse ano, Taylor Swift recebeu um repórter do famoso jornal britânico The Telegraph para uma entrevista exclusiva onde falou sobre suas preocupações, vida amorosa, a suposta briga com Katy Perry e mais. Leia abaixo:
Taylor Swift não é apenas a maior pop star do planeta, mas também a mais preocupada. Agora ela está se preocupando com essa entrevista – seu primeiro grande bate-papo do ano. Ela acabou de chegar de uma reunião sobre a produção da sua nova turnê mundial, preocupada com a setlist e em como colocar o piano na parte certa do palco na hora certa. Antes disso, ela acordou, foi imediatamente tomada por uma ansiedade sobre algo que disse na noite passada (mesmo que fosse apenas por ter dito a palavra ‘interjeição’ quando quis dizer ‘injeção’). “Eu me preocupo com tudo o tempo todo”, ela diz com um sorriso. “Nós poderíamos fazer uma entrevista inteira sobre quantas coisas me preocuparam desde o café da manhã. ‘As Neuroses da Taylor Swift’ seria provavelmente o título do artigo.”
A maioria das pop stars do tamanho de Swift pagam outras pessoas pra se preocuparem com essas coisas. E pela agitação do Time Swift em sua casa em Beverly Hills, usada para as reuniões de produção, indicam que não tem escassez de gente cuidando dela, porém ela continua no controle de todos os aspectos de sua carreira.
Mas então a única coisa que ela não precisa se preocupar é em como essa carreira está indo. Era a semana do Grammy quando nos encontramos, e mesmo que Swift fosse comparecer sem fazer uma performance, ela iria continuar a ser o centro das atenções.
Por vários motivos. Ela é a única artista da história a vender mais de um milhão de cópias na semana de lançamento por 3 álbuns – Speak Now em 2010, Red em 2012 e o 1989, lançado em outubro, que se tornou a primeira maior semana de vendas nos EUA desde 2002 e alcançou o primeiro lugar no mundo, incluindo o Reino Unido, onde foi o álbum mais vendido de uma artista internacional no ano passado. Seu primeiro single, Shake it Off, foi número um em 64 países. Ela é a primeira artista desde os Beatles a passar seis semanas ou mais em primeiro lugar nos EUA com três álbuns consecutivos (até o momento dessa matéria, 1989 está em sua 11ª semana no topo).
Seu peso cultural – 52,8 milhões de seguidores no Twitter, 22,1 milhões no Instagram e 74,4 milhões de likes no Facebook – significa que ela pode quebrar barreiras com um único tweet, e regularmente compartilha essa atenção com novos artistas que ela gosta. A remoção de seu catálogo do Spotify resultou em uma justificação do seu modelo de negócio por parte de Daniel Ek, CEO da empresa de streaming musical. “Eu não achei que seria uma notícia internacional ou afetar a oferta pública”, ela afirma. “Se eu tenho uma opinião sobre algo, eu ajo de acordo – e eu acredito que a música tenha valor”.
Ela pondera sobre se será a última pessoa da história a vender tantos discos. “Existem tantas teorias sobre a indústria musical”, ela diz. “Pelos últimos dois álbuns eu vendi um milhão de cópias em uma semana, e eu sabia que a pessoas estariam esperando que eu ultrapassasse esse número e então a indústria musical recebe um diagnóstico de que esteja morrendo ou morta. Isso é muita pressão a se por em uma artista e em um álbum.”
Ela acha que os artistas no futuro irão vender cds assim de novo? “É possível”, ela diz. “Todos nós temos que nos esforçar e fazermos álbuns que sejam bons, por completo, se vender álbuns ainda é importante. Pra mim é, mas muitos artistas já desistiram disso. Tenho amigos que pensam que isso não seja mais possível, o que eu sinto que seja uma maneira muito derrotista de se olhar pra vida.”
E o derrotismo não é o jeito Swift. Sua atitude “eu posso” contagiante fica evidente do momento em que ela me recebe brilhantemente na porta, usando um vestido elegante, com seu cabelo penteado para trás. Apesar de saber sua altura (1,80m), eu a achei mais alta do que esperava e mais magra, também. Swift pediu um café, se desculpando pela falta de chá (‘Você é britânico! Eu deveria saber!’).
Solteira depois de uma série de relacionamentos de alto escalão com homens como Harry Styles, Jake Gyllenhaal e Taylor Lautner, ela recrutou um ‘pelotão’ de amigas próximas, e passa o pouco tempo livre que tem cozinhando com a modelo Karlie Kloss, passeando por Nova York com a atriz e escritora de Girls, Lena Dunham, ou como seus posts recentes do Instagram indicam, vendo baleias no Havaí com as meninas da banda indie Haim. “O legal das minhas amigas agora é que nenhuma delas precisa de mim pra nada mais além de amizade”, ela diz. “Eu amo o fato de que elas sejam tão apaixonadas pelos seus trabalhos, quaisquer que sejam eles. Muitas celebridades tem um determinado grupo de amigos em que sua prioridade são eles mesmos, e eles se sentem confortáveis come essa dinâmica. Eu não me sinto confortável com essa dinâmica.”
O museu do Grammy em Los Angeles tem um andar inteiro dedicado a sua história. Lá, há filmagens dela cantando ‘Twinkle, Twinkle, Little Star’ quando criança, cantando o hino nacional num evento esportivo quando pré-adolescente e improvisando uma música sobre o trânsito para uma rádio country quando adolescente revelam que ela, sem dúvidas, sempre foi talentosa, se não um prodígio. “Tenho muita sorte de ter tido 10 anos de prática antes de chegarmos a esse ponto”, ela diz. “Eu subi muitos degraus de escada, ao invés de pegar um elevador. [Hoje em dia] um artista é apenas jogado por um tiro de canhão na estratosfera.”
Antes do lançamento do 1989, Swift se mudou pra Nova York. Ela cortou sua marca registrada, seu cabelo loiro e abraçou o feminismo, mesmo que não, segundo ela, seja um tipo de estratégia – ‘ser uma feminista é parte da minha vida’. Ela começou a beber mais, gradualmente se distanciando da imagem pura que definiu seus anos de adolescente, mesmo que ela reforce, “Meu objetivo não é ser sexy, meu objetivo não é deixar as pessoas excitadas”. E ela fez uma tentativa determinada de provocar uma ‘mudança na narrativa’ que a retratavam como uma espécie de namoradeira em série (a ideia que sua música Blank Space alfineta deliciosamente, por escrever da perspectiva desse personagem). “Eu tinha uma reputação de ter um monte de músicas falando mal de namorados”, ela diz se referindo a algumas tipo I Knew You Were Trouble e Should’ve Said No. “… o que era uma maneira bem sexista de falar sobre músicas de decepções amorosas. Trivializar alguém que teve o coração partido é realmente cruel. Mas as pessoas tem que simplificar as coisas“, ela diz. “Todo mundo tem vidas ocupadas, eles não tem tempo de formar uma opinião complexa sobre mim e minha música. Eu estou em um lugar diferente na minha vida, onde o amor não é realmente uma prioridade. Eu não namoro ninguém em anos, por isso há menos falatório sobre essa coisa de namoradeira em série. Fico realmente animada quando em uma premiação ninguém faz uma piadinha estranha sobre minha vida amorosa.”
Uma noite dessas ela foi fotografada saindo com o cantor irlandês Andrew Hozier-Byrne e outros amigos, e ela ficou preocupada sobre o que os sites de fofoca fossem falar no dia seguinte. “Eu fiquei tão preocupada que as pessoas fossem dizer que eu estava namorando ele”, ela diz. “Comecei a pensar, ‘Não posso deixar isso arruinar minha amizade com homens’. Eu não deixei isso arruinar minha amizade com Ed Sheeran – eles sempre diziam que nós estávamos namorando e nós nunca namoramos. Mas algumas vezes fiquei com medo.”
Houve um tempo em que Swift se recusava a usar a internet por medo do que pudesse ver (‘É muito difícil saber que as pessoas tem uma impressão errada de você e você não poder fazer nada pra corrigir isso’), mas agora ela passa a maior parte do tempo online, interagindo com os Swifties, seus fãs. ”Não é de uma jeito tipo, ter gente te adorando e bajulando”, ela diz.“Meus fãs fazem graça de mim – é realmente legal. Eles tem todos esses gifs de mim fazendo de mim mesma uma idiota ou tropeçando ou caindo no palco. Eles trazem humor de volta pra mim. Eu fico meio séria demais às vezes – você provavelmente sabe como é – e eles me trazem de volta a ‘OK, eu não estou fazendo nada tão difícil. Só preciso me acalmar’.”
Baseado no que ela aprende por ‘vigiar’ seus perfis nas redes sociais, Swift faz playlist pós-coração partido para fãs, pagou suas dívidas estudantis e enviou presentes de Natal e Dia dos Namorados, acompanhado de cartinhas. Você diria que ela tem alguém que faz isso pra ela, mas ela insiste que ela mesma faz (“Eu não as levo pro FedEx [correio], mas eu faço o pacote e encaixoto as coisas – Eu tenho muito plástico bolha na minha casa!”).
“Eu os amo”, ela diz sobre os fãs. “Eles são legais e inteligentes e hilários e focados nas coisas certas. Quero fazer o máximo com relevância cultural ou sucesso ou o que quer que você queira chamar, porque não vai durar. Eu tenho que ser boa quanto pessoa o quanto eu puder, enquanto meu nome importa pra eles. Porque isso nem sempre vai ser importante pras crianças que tem 15 anos e estão passando por dificuldades com quem eles querem ser ou porque seus amigos foram maus com eles na escola aquele dia. Essa é uma perturbação real. Eu tenho que fazer tudo que eu puder para fazer seus dias mais felizes enquanto eu ainda posso. [Enviar presentes] é divertido pra mim. Se eu passo uma semana sem enviar algo, começo a me sentir triste. Estou começando a conhecê-los pessoa por pessoa. Quando escolho alguém pra enviar um presente, já estive acompanhando suas redes sociais pelos últimos 6 meses e descobri o que eles gostam ou o que eles estão passando. Eles gostam de fotografia? Eu os envio uma câmera Polaroid dos anos 80. Eles gostam de coisas vintage? Eu vou até um antiquário e compro pra eles um brinco dos anos 20. Eles malham muito? Eu os envio itens de academia. Quando você realmente os conhece, você percebe que o que está fazendo é especial e sagrado e importa.”
É impossível imaginar outra popstar gastar tempo fazendo tudo isso. Será que ela consegue ser tão legal o tempo todo? “Não, porque isso é irritante também”, ela diz, rindo. “E não é real se alguém parece nunca ter nenhum problema com alguém. Eu tenho meus amigos, eu tenho meus inimigos. Eu tenho dias ruins quando não quero ir a um ensaio fotográfico, mas não vou chegar quatro horas atrasada, estarei lá no horário. Não sou legal o tempo todo, mas tento não cuidadosamente não ser rude com pessoas que não merecem.”
“Quando estou com meus amigos, não falamos coisas maravilhosas sobre todo mundo,” ela diz, sorrindo. “Nós não sentamos e [adota uma voz e postura meiga do filme “Mulheres Perfeitas”], ‘Você sabe quem é realmente especial e maravilhosa?’ Não é disso que nós falamos – somos amigas normais.”
Mas de quem elas poderiam falar dessa forma, Swift não está preparada para compartilhar. Os sites de fofoca que tem uma fascinação por sua vida amorosa podem estar temporariamente frustrados, mas parece que esse interesse pode ter sido substituído por uma aparente contenda com Katy Perry, a suposta inspiração de uma música no 1989, Bad Blood. “Eu não vou dar nada pra escreverem sobre isso”, ela diz. “Eu não ando pelas ruas com caras, não saio de boates caindo de bêbada. Mas eu nunca vou falar sobre ela em minha entrevista. Não vai acontecer.”
Ao contrário, Swift se concentra em tentar, em suas palavras, ‘criar uma bela vida’. Vida essa que parece não ter espaço pra nada mais significante no momento. Ela gosta de ‘tocar sua vida pra frente’ quando faz decisões. Mas pergunte a ela como essa vida parece se você avançar uns cinco anos e ela parece menos certa. “Eu terei 30 anos.. Provavelmente ainda estarei solteira, vamos ser sinceros. Ninguém vai querer se comprometer com isso e tudo que vem junto. Tipo, ‘Oi, prazer te conhecer, quer namorar? Ama o flash das câmeras? Espero que sim!’. Eu não sei o que acontecerá se alguma vez eu estiver contente em uma relação – não faço ideia de como vai funcionar”, ela continua ainda sorrindo. “Nem se isso é possível com a vida que tenho.”
“Em cinco anos ela estará com tanto medo de tudo, ela nem sai de casa”, diz rindo e fazendo piada de si mesma. “Ela estará rodeada de gatos. Tantos gatos que eles irão se dividir em exércitos e ela vagueia ao redor do sofá que ninguém vai sentar por ela ter medo de receber as pessoas…”
Swift não está nem certa de se ela irá fazer outro álbum até 2020 chegar. “Não irei lançar um novo álbum até que eu tenha feito algo que seja melhor que esse e isso vai ser difícil”, ela diz. E como sua música pode se desenvolver caso ela encontre o amor? “Se isso acontecer, acho que eu poderia encontrar complexidade na felicidade”, ela diz. “Nunca acho que nada seja simples. Só porque você está feliz em um relacionamento não significa que não existam momentos de confusão ou frustração ou solidão ou tristeza. Espero que se eu chegar a encontrar uma relação significante, eu seja capaz de ainda encontrar inspiração com os altos e baixos de cada dia.”
Por enquanto, sua vida está traçada por tempo indeterminado. Assim que começarmos a sair, ela continuará com sua agenda pelo resto do dia: assistir os vídeos das reações dos fãs ao receberem seus últimos presentes, ir a academia, ir a uma prova de vestido, mais reuniões, então uma festa pré-Grammy.
“Eu costumava achar importante encontrar um namorado”, ela diz delicadamente se despedindo. “Mas não sinto mais isso agora. Só quero me divertir e ter o máximo de aventuras possíveis.” E pela primeira vez, você suspeita que ela realmente não precise se preocupar.
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