Por um tempo, Taylor Swift parecia isenta do estado de sinalização do pop. Mas em abril, o primeiro single de seu novo álbum, Lover, falhou em tirar Old Town Road do topo da Billboard 100, apesar de ter feito um lançamento direcionado e extravagante. Foi um lembrete de que o pop puro está perdendo sua firmeza na cultura americana, mesmo que Swift permaneça com uma incrível força no mercado. Com Lover lançado, ela teve a oportunidade de provar isso.  O álbum a mostra fazendo o que ela faz de melhor- as músicas revelam alguns detalhes pessoais sobre sua relação com o ator Joe Alwyn e há algumas referências da batalha de sua mãe com o câncer em “Soon You’ll Get Better”, com Dixie Chicks. Mas também parece uma declaração com um propósito de uma madura e singular música, um mais confortável e flexível álbum do que o Reputation, que mostra Swift tentando ser uma pessoa sombria, o que nunca convenceu completamente. A coesão, leveza e escolhas sonoras de Lover tecem juntas vários dos melhores impulsos no pop recente, de um jeito que parece um roteiro para a sobrevivência do gênero caso alguém queira seguir o exemplo de Swift.

Aqui, ela está adaptando-se para uma paisagem entusiasmante do novo pop. A maior parte de sua música foi estabelecida com ela sendo uma artista pop de boa fé, de “I Knew You Were Trouble” para o Reputation, produzido por Max Martin, que pegou as estruturas  já existentes de suas músicas e as aumentou com o bombardeio em cima do nome dele. Martin não está em lugar algum do Lover, o que a empurra produtivamente para fora de sua zona de conforto.Agora que ela assinou com a Republic Records, ela está mergulhada em seu poço de talento de maneiras interessantes. Louis Bell e Frank Dukes se tornaram lindamente presentes na intersecção do pop e glitchy, sonolento R&B, incluindo seu trabalho com Post Malone, outro artista da Republic. Suas contribuições para o álbum fazem com que Swift experimente. Em “It’s Nice to Have a Friend”, há um pouco de síncope que levanta suas delicadas melodias. Na abertura do álbum, “I Forgot That You Existed”, há uma confusa percussão e um vocal acrobata com auto-tune que dá forma para seu desempenho sutil.

Há também Jack Antonoff, um frequente colaborador de Swift, que traz o impulso dele em direção a uma mistura de zumbidos e variedades, que funciona muito bem junto com sua escrita própria, repetições e brincadeiras com a entoação. As 11 músicas que eles trabalharam juntos firmam o álbum e mostram Swift abraçando algumas das mais divertidas metáforas das músicas dançantes dos anos 90, como a pouco agitada faixa “False God”, que casa com um eletrônico e deslizante saxofone. Antonoff tem uma luz não muito usual ali. Na faixa título do álbum, suas contribuições estão apenas nas bordas- em algumas cordas, numa sonora e balançada linha de baixo, em alguns efeitos vocais- dando para Swift uma das mais lindas e atemporais músicas . É a primeira vez que Swift estaria totalmente em casa num casamento, para mais do que estranhas e nostálgicas razões.

Ela é uma das melhores letristas pop que nossa era já produziu e os álbuns abrangem emblemas e rimas internas divertidas que provam isso. Ela eleva um pop comum sentimental na ponte de “I Forgot That You Existed”: “Me mande uma mensagem clara/ Me ensine algumas lições difíceis/ Eu apenas esqueci o que elas são/ É tudo um borrão”. Capturar sentimentos francos numa linguagem simplista é sempre arriscado e o único momento que o álbum realmente tropeça é na mais óbvia ode para Alwyn, “London Boy”, que tem uma infeliz marca de Mark Anthony Spears, um compositor e produtor também conhecido como Soundwave, que trouxe uma seriedade e profundidade para o trabalho de Kendrick Lamar (enquanto isso, críticos de música da America estão felizes de ouvir que o muito difamado “Hey, kids, spelling is fun!” refrão de ME! não faz parte da versão do álbum).

Como um mergulho do início ao fim no mundo de Swift, Lover é o seu melhor empenho desde Red, o álbum que fez a transição de um fenômeno teen para uma superstar crescida. “Old Town Road” não está mais no topo dos charts, mas continua um clima difícil para o pop, e Lover provavelmente não aparecerá nos 10 maiores hits assim como seus esmagadores antecessores. Mas Swift continua forjando um caminho forte para si mesma e o álbum pode até ser uma tese de como o pop deveria ser. “Eu quero ser definida pelas coisas que eu amo/Não pelas coisas que eu odeio”, ela diz no final da última faixa, “Daylight”. “Não as coisas que eu tenho medo/ as coisas que me assombram no meio da noite/ Eu apenas penso que você é o que você ama”. Numa época que há tantos sentimentos terríveis, é legal ter uma figura cultural que diga isso, que signifique e continue esperando que você concorde com ela.

Resenha publicada pela Vanity Fair e traduzida pela equipe TSBR.





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