“Eu só preciso fazer um álbum melhor. Eu estou fazendo um álbum melhor”. Essa foi uma das falas ditas por Taylor Swift, com uma impressionante calma, em uma das cenas mais memoráveis ​​de Miss Americana, seu documentário da Netflix. Isso aconteceu depois da cantora descobrir que seu álbum de 2017, reputation, não estava concorrendo nas principais categorias do Grammy de 2018.

Seu outro lançamento, Lover, não conquistou as ambições de Swift no quesito prêmios: em 2019, sua única indicação importante para o Grammy foi em “Música do Ano”, com a faixa-título do álbum. Mas agora, com folklore, que bateu recordes e foi lançado de surpresa (e surpreendentemente) no meio de uma pandemia, ela pode ter feito um álbum “melhor” aos olhos da bancada. O único álbum de Swift a passar as primeiras seis semanas no primeiro lugar da Billboard 200, o folklore leva suas composições a um novo patamar, trocando o brilho do pop tocado em estádios pela produção sutil e com toques indie-rock, graças, em partes, a um colaborador inusitado : Aaron Dessner, do The National.

Dessner, de 44 anos, faz música há mais de duas décadas, colaborando com várias pessoas, desde amigos próximos, como Justin Vernon do Bon Iver – com quem ele co-fundou a banda Big Red Machine e, mais recentemente, com a gravadora independente 37d03d, uma parceria com o Secretly Group. Com nove co-compositores e 11 pessoas na produção (como Jack Antonoff), o folklore é o projeto mais conhecido de Dessner e pode muito bem lhe render a indicação de produtor do ano. (Ele já ganhou um Grammy, de “Melhor Álbum de Música Alternativa”, com o The National na edição de 2018).

“Jack e eu pensamos que esse seria um álbum que por mais que amássemos, não tínhamos expectativas comerciais”, diz Dessner. “Então, o fato de ser um sucesso (estranho) – é claro que seria incrível vencer ou ser indicado. Mas não está na minha lista de coisas que sinto que preciso realizar na vida. Eu realmente não poderia estar mais orgulhoso do folklore. E também penso tipo, ‘Como isso aconteceu?'”

Você disse que as melhores experiências musicais que teve, vieram de momentos de espontaneidade. Como isso se aplica ao folklore?

É exatamente isso. Eu sinto que não seria capaz de ficar cara a cara com Taylor da maneira que fiz, se não tivesse feito tudo tudo o que eu já fiz na vida. Para mim, fazer músicas com amigos em algum porão há 20 anos atrás ou produzir discos para artistas totalmente desconhecidos, é tão importante quanto quando você acaba, por algum golpe estranho da vida, em uma colaboração maluca com alguém tão talentosa. Eu realmente já passei por tantas experiências musicais distintas que quando a Taylor apareceu, havia fogos de artifício, musicalmente, entre nós. E tínhamos a ética de trabalho certa para fazer o folklore acontecer.

Depois que a Taylor entrou em contato com você, como você se preparou para trabalhar com ela?

Bem, eu definitivamente escutei todos os discos dela – eu faço isso de vez em quando, apenas escuto certas coisas – e posso dizer que ela é uma sábia. Ela é uma artista, mas é tão talentosa como se fosse uma escritora. Ela me disse de cara: “Não tente ser outra pessoa além de você”, porque ela estava realmente gravitando em torno da emoção na música. Ela não queria que eu tentasse ser Max Martin ou Jack Antonoff. Eu não fiquei obcecado por “Shake It Off” ou algo assim. Eu tinha muitas músicas que estava escrevendo quando ela se aproximou de mim e acabei enviando uma pasta com elas, porque Taylor pediu. Horas depois, [ela enviou de volta] “Cardigan”. Foi uma veia incomum que atingimos.


Houve algum material seu que você ainda não quis oferecer?

Com certeza. Foi mais no sentido de algumas músicas serem muito especificamente uma coisa ou outra. As coisas com o The Big Red Machine já estão bem avançadas- e para falar a verdade, a Taylor tem sido maravilhosa (em dar feedbacks). Eu tenho compartilhado tudo com ela e ela tem sido de grande ajuda.

Isso significa que de alguma maneira vamos escutar ela em alguma faixa do Big Red Machine?

[rindo] Não sei exatamente, então não posso dizer nem que sim nem que não.

De que maneira uma popstar, lançando um álbum que soa como indie-folk, permite a outros artistas que não se sintam tão confinados em um gênero musical?

Taylor abriu muitas portas para os artistas não sentirem a pressão de terem “um hit”. Fazer o álbum que ela fez, enquanto ia contra o que está programado como ‘os maiores níveis de música pop’ – Ela foi e fez um álbum anti-pop. E ter um dos maiores, se não o maior, lançamento de sucesso comercial do ano, isso joga fora todos os manuais de conduta. Espero que isso dê a outros artistas, especialmente os menos conhecidos e independentes, uma chance no mainstream. Talvez as rádios percebam que a música não tenha que soar tão forçada como tem soado. Ninguém estava tentando criar algo para ser um hit. Obviamente a Taylor tem o privilégio de já ter uma audiência muito grande e dedicada, mas eu acredito que o álbum esteja impactando um público além da sua fanbase.

A música já está migrando nessa direção com artistas como Billie Eilish. Por que essa abordagem atraiu Taylor?

Eu acho que para que as pessoas pudessem ouvir o que ela é capaz de fazer. Aquela música “peace” — quando ela a escreveu, era apenas um baixo harmonizado e uma batida pulsante. Ela escreveu essa música incrível de amor para essa melodia que é basicamente apenas um take vocal. Eu realmente senti que estava exposto a uma artista verdadeiramente boa naquele momento, apenas por poder vê-la esculpir esse material bruto, por assim dizer. Billie Eilish é um ótimo exemplo: Existem pessoas que estão desafiando os limites do que é ou não música pop e mainstream. Por ter feito parte disso, e realmente ver acontecer, quase me senti tipo “Isso realmente vai ser lançado? Será que alguém vai aparecer e dizer que somos ridículos?”

Houve alguma preocupação de que a reação dos fãs e da mídia pudesse ofuscar o trabalho em si?

Eu tive alguns momentos de dúvidas em mim, com certeza, mas acho que parte do brilhantismo e da bondade da Taylor é fazer com que todos ao seu redor se sintam confiantes, e foi assim comigo. Ela dizia várias vezes: “Não há uma hierarquia. Isso é tão bom e especial quanto tudo que eu já fiz antes, se não melhor, então não se preocupe”. Ela vem lidando com tantos holofotes durante sua vida, até demais provavelmente, então ela sabe melhor do que ninguém como manter o espírito, ela estava liderando nesse sentido. Nós estávamos no telefone quando o álbum foi lançado e foi uma experiência muito especial… Estávamos no telefone enquanto pessoas do mundo inteiro estavam ouvindo e as críticas iam surgindo e a verdade é que ele se saiu tão bem que eu nunca nem pensei sobre isso de novo. Poderia ter sido o contrário.

Você e Swift fizeram ‘folklore’ sem nunca estarem na mesma sala. Como você vê a pandemia mudando a indústria da música?

Eu acredito que a forma que tivemos que abraçar a colaboração remota e nos abrir para isso foi bastante poderosa. Tudo está pausado e cada um está ouvindo de uma maneira diferente. Eu gosto de acreditar que há uma chance de mudanças acontecerem.

Matéria publicada pela Billboard e traduzida pela Equipe TSBR.





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